segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

MAIS UM NOVO ANO!....

Pr. José Barbosa de Sena Neto



Estamos iniciando mais um Novo Ano e crescem as nossas esperanças! Mas, antes de mais anda, é o momento de esquecermos “das coisas que trás ficam, e avançando para as que estão diante” de nós – parafraseando o apóstolo Paulo (Fp 3.13).

É hora de pensarmos em que tipo de Deus temos crido, qual a Sua dimensão em nossas vidas, pois esta análise fará com que nós possamos enfrentar mais um ano com seus altos e baixos, como todos os seus acidentes ‘geográficos’, pois nós somos filhos de um Deus Todo-Poderoso, daquele de quem é a prata e o ouro e, como Seus filhos, devemos avençar confiando do Senhor El-Shadday, pois “para Deus nada é impossível” ( Lc 1.37), e tenhamos confiança que “as coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus” ( Lc 18.27).

Muitos de nós adentramos o Novo Ano como Abraão ao sair de Ur dos caldeus “sem saber para aonde ia” ( Hb. 11.8). Mas Abraão conhecia Aquele para quem o futuro é tão claro como o Sol ao meio dia. Eis a diferença!. Será que nós conhecemos o Senhor Deus assim como Abraão O conhecia? Abraão tinha algo melhor que um mapa ou bússola. Ele possuía um guia cuja sabedoria não falha, cujo poder não é igualado e cujo amor nunca esgota!

Ninguém poderá, realmente, enfrentar com tranqüilidade as dificuldades da vida que se nos apresentam diante de nós, dia após dia, se não tivermos uma fé inabalável num Deus Todo-Poderoso, sempre presente, constantemente pertinho de nós!

A apreensões que estamos nós vivendo hoje, agora, à semelhança de algumas pessoas que vivem sem fé e sem segurança, é que ainda não experimentaram vivenciar um Deus suficientemente grande, para que sejam mais que vencedoras em suas necessidades, carências e dificuldades.

Muitos de nós temos em nossa mente raquítica a imagem de Deus como a de um juiz ou de um policial celeste, distante, apático, distraído, sempre lá em cima. A maioria das pessoas acreditam em Deus, mas é como um patrão ausente, desinteressado, distante, e essa distância que acreditamos existir nos faz com que pensemos erroneamente que Deus pouco ou quase nada nos conhece, que não tem conhecimento de nossas agruras e problemas, que não se importa conosco, com nossas lutas, e muitas das vezes, diante deste quadro nosso, de profundo desânimo espiritual, fazemos dEle pouco caso, não depositamos nossa confiança em um Deus Todo-Poderoso, que conosco está “o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras” ( II Cr. 32.8). Para muitos, Deus tem sido um conjunto desse condicionamento e não um Deus cheio de amor, de bondade e de misericórdia! Ah, Senhor, como somos esquisitos!...

Poucos sentem-se coerentemente bem acerca de si mesmos. Vezes há que temos passado por épocas de inseguranças e de dúvidas, épocas em que temos falta de auto-estima. A ansiedade é conhecida de todos. Já tivemos períodos de desânimo, de desapontamentos e sentimentos de depressão. Já tivemos lembranças tristes que assombram nossas noites insones e temos tido sonhos não realizados que nos magoam.

Quem ainda não sentiu a solidão que pouco tem que ver com a ausência de pessoas ao nosso redor? Precisamos de amor, pregamos o amor, mas persistimos em fazer coisas não amáveis a outrem, mesmo àqueles que pertencem a nossa mesma Fé e Ordem, mas que não vamos muito bem com a sua maneira peculiar de ser...

Ouvimos as notícias na televisão ou lemos nos jornais diários e as revistas semanais, e nos decepcionamos com os políticos nos quais tanto confiamos, assim como ficamos chocados com religiosos de péssimos comportamento moral, e assim ficamos decepcionados, chocados e ruborizados, porque não temos a mesma sensibilidade de percepção do Senhor Jesus que “a todos conhecia” e “bem sabia o que havia no homem” (João 2.24-25). E nos decepcionamos assim, desta forma, porque pouco ou quase nada temos lido e meditado na Bíblia, a Palavra de Deus, a qual nos adverte, em várias passagens, que estamos adentrando o final dos últimos dias!

Passamos por tudo isso porque aceitamos ou convivemos, por nossa livre recreação, com um deus que fabricamos em nossas mentes, um deus insignificante, um deus que não nos fala, e temos preferido muito mais ouvirmos a ‘voz do homem’ que a voz do Senhor, a voz do Deus Todo-Poderoso, inserida em Sua inerrante Palavra – a Bíblia Sagrada.

O que nós precisamos, é de um novo Deus, do Deus das Sagradas Escrituras, do Deus de Abraão, do Deus de Isaque, do Deus de Jacó, confiança em um Deus “em quem não há mudança nem sombra de variação” ( Tg. 1.17).

Mas pouco adianta saber que o Senhor é um Deus Todo-Poderoso, enquanto não O conhecermos pessoalmente! Através dos anos da história, o povo hebreu conheceu Yahweh e, contudo, não confiou nEle nem O amou de todo o coração! Ainda lutaram com o fracasso, com o temor e a frustração. É por isso que o Deus Todo-Poderoso teve de entrar na História e habitar entre nós: Jesus Cristo, o Emanuel, o Deus conosco! ( Mt. 1.23). Por isso Ele disse: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (João 8.58).

Jesus Cristo não é outro senão o próprio Yahweh, o Verbo que “estava com Deus”, “e o Verbo era Deus” (João 1.1), a expressão eterna e definitiva de Deus. Ele, como a expressão máximo do amor de Deus para conosco, vem a você e a mim, nos substitui na Cruz, por amor, a fim de nos resgatar dos nossos pecados. É deste Deus que precisamos, o qual “nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Col. 1.13). Precisamos deste Jesus Cristo, que “é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8), o mesmo que disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” ( João 10.10). Feliz Ano Novo!

A IGREJA DE ROMA CONTINUA SEMPRE A MESMA: DESPREZANDO SEUS MINISTROS...

Pr. José Barbosa de Sena Neto




No ano passado no último dia 31 de dezembro meu telefone não tocou de manhã bem cedo! Senti a falta da ligação telefônica de um amigo muito querido, o qual desde quando nos conhecemos, jamais havia deixado de telefonar para a minha casa, às 6hs da manhã, naquela data, para cumprimentar-me pela passagem de meu aniversário natalício! Naquele último dia do ano, meu coração ficou apertado! Uma tristeza imensa caiu sobre mim, pois o meu amigo querido, de longas datas, não me telefonou naquele dia! Outros também não me telefonaram! Aliás, nunca recebi uma ligação telefônica de outras pessoas, fora do meu circulo familiar, no dia de meu aniversário... Só meus familiares assim o faz, com muito carinho!

A Bíblia diz que “o homem que tem muitos amigos pode vir à ruína...” (Pv 18.24 a). Sou de poucos amigos. Na solidão e no isolamento provocado por meus pares, prefiro ficar recolhido à minha insignificância, trabalhando na Obra que o Senhor Deus me confiou, no sertão do meu estado, na cidade do Crato, distante de Fortaleza, cerca de 538 km, na região do Cariri, vizinha a conhecida cidade de Juazeiro do Norte, a do “padim padi ciço”, na mais total dependência dEle, ao lado dos meus queridos familiares. A Bíblia também diz que “há um amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24b). É deste amigo querido que não me telefonou desde o ano passado no dia do meu aniversário, como habitualmente assim o fazia, que dele quero falar, com muito carinho e recordação!...

Pedro Paulo Cavalcanti de Menezes nasceu em Fortaleza, no dia 07 de novembro de 1945, o segundo filho de Romeu de Castro Menezes e de D. Maria Cavalcanti de Menezes, carinhosamente chamada de Dª Jandira. Ainda criança mostrou talento pela música, popular e sacra, tocando tamborim no conjunto do pai, católico fervoroso.

Naquele período de sua infância, surgiu o desejo de ser padre. Foi um alvoroço dentro de casa, mormente para o Sr Romeu, pois perderia o componente de seu conjunto. Mas, com o passar do tempo, aceitou de bom grado a decisão do filho músico. Aos 11 anos de idade, em 1956, Pedrinho fez um passeio no Seminário dos Padres Sacramentinos, oportunidade que lhe despertou mais ainda o seu interesse pelo seminário, cujo objetivo era o de vir a ser um padre.

No ano seguinte, Pedrinho passou uns dezesseis dias com aqueles padres, em retiro. Naquele tempo seus pais residiam em Sobral, zona Norte do Ceará, tendo como vizinho um clube social. O diretor do Seminário dos Padres Sacramentinos, em seu arrogo de ignorância, dizia que não podia entrar na casa do pai do garoto Pedro Paulo, e nem poderia deixá-lo entrar na Ordem para cursar no seminário, porque havia ao lado de sua casa um clube mundano. O diretor tornou-se cada vez mais inflexível, e dizia a boca pequena, que aquela residência não era digna por causa do clube junto àquela residência, culminando, em razão da desavença, a não entrada do Pedrinho, naquele seminário. Começou aí a sua primeira rejeição pelos líderes da “santa madre”...

Mas Pedrinho não se deixou abater, em fevereiro de 1958 entra para o Seminário dos Padres Lazaristas, lá ficando até dezembro de 1964, pois não quis fazer o noviciado, e no ano seguinte entrou para o Seminário Arquidiocesano de Fortaleza, mais conhecido como “Seminário da Prainha”. Mas aquela instituição fechou suas portas em 1966. Pedrinho naquele tempo já residia na cidade de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza. Em razão desses impasses, Pedrinho foi para o Seminário Seráfico de Messajana, dos Frades Menores Capuchinhos, como seminarista externo, sem pertencer àquela Ordem. Eu, já frade capuchinho, morando naquela Casa, foi lá que o conheci e fizemos uma grande amizade!

Durante dois anos, fez o curso de teologia naquele seminário. Em 1969, também como aluno externo, participou do curso de teologia no ITEP – Instituto Teológico-Pastoral, sucessor do “Seminário da Prainha”, para formação dos atuais presbíteros (padres), mas também aberto a religiosos, religiosas e leigos. Terminado o seu curso em 1974, Pedro Paulo estagiou na Catedral de Quixadá, cujo então pároco era o Pe. José Dourado, de quem se tornou muito amigo, sendo este feito seu tutor. Fez também estágio em São Luis do Curu-CE.

Ordenei-me padre primeiro que ele, no dia 11 de dezembro de 1971. Pedrinho demorou muito tempo para ser ordenado, pois pelo fato de gostar de musica, seus superiores achavam que ele não tinha vocação. Aquele meu amigo foi convidado a residir em Quixadá, pelo bispo seu ordenante e, em 28 de setembro de 1975, foi ordenado por Dom Joaquim Rufino do Rêgo, seu amigo, primeiro bispo da nova diocese de Quixadá, ficando ali servindo como vigário-auxiliar daquela diocese. Até que no início de 1978, foi nomeado pároco da paróquia da cidade de Madalena-CE, ali ficando até o dia 07 de fevereiro de 1993. Em todas estas datas, me fiz presente, para alegrar o coração do meu amigo!

Quando Dom Rufino Rêgo foi transferido para a diocese de Parnaíba-PI, e tomou posse Dom Adélio José Tomasin, no dia 26 de março de 1988, e a partir daí, começou o seu ‘martírio’, a falta de amor e a falta de reconhecimento por parte do seu novo bispo, em relação ao seu trabalho realizado. Pedrinho sempre foi muito dinâmico, quer na área religiosa, quer na área da educação, vindo a lecionar nos principais colégios daquela cidade, nascendo daí um contato permanente com os adolescentes, desenvolvendo um trabalho que envolveria grande parcela de crianças, adolescentes e jovens, surgindo grupos que atuavam junto às comunidades carentes da periferia. Isto incomodou ao bispo, pois Pedrinho era simpatizante da assim-chamada “Teologia da Libertação”.

Na cidade de Madalena-CE, trabalhou tanto na parte espiritual quanto na social. Foi a principal personalidade na emancipação daquele município. Tornou-se um grande baluarte na educação dos jovens madalenenses, tendo conseguido trazer o ensino médio com o 2º grau pedagógico, para aquele pequeno município, através do Colégio Luzardo Viana, de Caucaia-CE, integrante da CNEC, onde foi diretor por muitos anos.

Em 1989, conjuntamente com seu irmão, também padre e meu amigo, Pe. Francisco Antônio Cavalcanti de Menezes, (o Pe. Tela de quem eu tanto falo em meu testemunho), iniciaram uma carreira artística, com o lançamento do primeiro disco, dos vários que ambos gravaram, sempre trazendo músicas alusivas à fé católica, claro!

Padre Pedro Paulo, o Pedrinho, sofria desde criança de escoliose, com importante curvatura em sua coluna, e isso lhe trouxe uma série de complicações, até mesmo complicações sérias no coração, tendo que usar aparelhos especiais. Como a saúde não mais lhe permitia exercer seu sacerdócio com toda a garra, dado os seus esforços físicos necessários a seus atendimentos comunitários, seu médico lhe aconselhou diminuir o ritmo de seu trabalho.

Seu bispo diocesano, membro da assim-chamada “Ordem dos Pobres Servos da Divina Providência” que de “pobres” nada tem, com sede na Itália, não gostou e não quis compreender o estado de saúde do Pedrinho, e o retira, abruptamente, de suas funções paróquias, mesmo contra a vontade do povo daquela cidade. Seus paroquianos e uma expressiva parte da população da cidade de Madalena fazem uma campanha em favor da permanência do Pedrinho naquela cidade e paróquia, fretam vários ônibus e vêm até Quixadá, para interceder pela não saída de seu pároco. Mas, o bispo, imaleável e altamente insensível, não atendeu ouvidos aos rogos populares! E retirou Pedro Paulo de suas funções de pároco! Apenas, depois de muitos rogos das autoridades municipais, permitiu que Pedrinho ficasse residindo em outra casinha da paróquia. Pedrinho continuou, durante algum tempo, como diretor da CNEC de Madalena e nunca falou às festividades religiosas daquela paróquia. Ele era muito querido daquela população!
Quando comecei meu processo de leitura das Sagradas Escrituras, com minhas próprias lentes, investigando o verdadeiro Cristianismo bíblico, fui visitá-lo em Madalena. Ali conversamos, abri-lhe meu coração e disse que não mais poderia continuar exercendo o sacerdócio. Ele me abraçou, demoradamente, e disse que eu tomasse a decisão que eu mais achasse conveniente e que eu teria o seu apoio irrestrito e total. Fiquei surpreso com aquela atitude do meu grande amigo! Choramos juntos, abraçados!

Pedrinho, não demorou muito residindo naquela casinha em Madalena. Foi despejado de forma desumana pelo seu bispo. Um caminhão parou em frente a casa onde residia e sua mudança foi feita, à sua revelia. E povão veio olhar, demonstrando visível revolta. Pedrinho pediu a população que veio em seu favor, muita calma, tranqüilidade e resignação. O povo acatou as palavras daquele amigo que iria embora, contra a vontade popular. E ele veio morar na casa de seus pais, em Caucaia-CE, região da Grande Fortaleza, onde já ali morava seu irmão e também padre, o Padre Tula, além de outros familiares.

Quando deixei definitivamente das fileiras do Romanismo, ele foi o único padre que ficou do meu lado! Ele me visitou em minha casa inúmeras vezes, mesmo contra as normas canônica: um padre em exercício sacerdotal, não pode visitar um ‘padre’ tido como renegado! Mas o meu amigo não queria saber disso, vinha visitar-me, almoçar e conversar comigo!

Naquelas oportunidades falei-lhe do plano redentor, do grande amor de Deus em Cristo Jesus! Em uma das vezes ele chorou demoradamente abraçado comigo e com sua cabeça reclinada em meu ombro, o qual ficou muitas vezes umedecido pelas suas lágrimas, disse: - “Barbosa, você está certo, meu amigo e irmão camarada! Ore por mim! Eu não tenho mais chance, não tenho mais como começar minha vida toda de novo! Você sabe disso! Que Deus tenha piedade de mim!”. Concluía em lágrimas, o meu amigo Padre Pedrinho! Nada mais eu poderia fazer...
No dia 14 de abril de 2007, ao anoitecer, Pedrinho ao dirigir-se no carro de seu irmão, um fusquinha já muito velhinho, para ajudá-lo na Paróquia de Capuan, distrito de Caucaia, foi violentamente abalroado, pela imperícia de um jovem motorista irresponsável, completamente embriagado, que atravessou a pista no contra fluxo, fraturando-lhe o esterno, osso ímpar na parte superior do tórax e lesionou o seu pulmão.

No dia 17 eu o visitei no hospital no qual estava internado e vi meu amigo pela última vez! Li para ele a Palavra de Deus, e mais uma vez lhe fiz um convite todo especial e comovente, para que ele entregasse sua vida a Jesus, e O confessasse como seu Salvador pessoal e Senhor absoluta de sua vida! Nunca havia visto o Pedrinho chorar tanto ao longo da nossa amizade! Seus olhos se manifestaram em lágrimas e soluçou, e em silêncio ele maneou a cabeça, em sinal afirmativo! Eu lhe disse: - “fale, Pedrinho, abra a sua boca e fale, confesse Jesus como seu único e suficiente Salvador e Senhor absoluto de sua”. Li para ele Romanos 10.9 e ele, com voz fraquinha, disse: - “Eu o aceito”! Eu orei e ele foi repetindo, devagarzinho, a minha oração em seu favor! Com muita dificuldade, dada a emoção vivida naquele momento, ainda consegui orar por ele! Ao sair daquele hospital, entreguei os resultados nas mãos do Senhor Deus, Todo-Poderoso! É Ele “quem efetua em vós (nós) tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp. 2.13). É Ele quem sabe de todas as coisas! Ele é soberano!

No dia 18 de abril, quarta-feira, perto do meio dia, o telefone da minha casa tocou! Era o Pe. Tula, seu irmão: - “Pastor Barbosa, o Pedrinho acaba de falecer”. E choramos ao telefone! Meu coração sentiu uma dor doída mais que forte! Meu peito ficou apertado! Minha voz não saia! E eu chorei cada vez mais, abundantemente!

Nenhum padre da sua diocese de Quixadá, região do Sertão Central do Ceará, compareceu ao seu humilde velório e sepultamento! Nem tampouco o seu então bispo, o qual nem mesmo se deu ao trabalho de fazer uma ligação telefônica para consolar a família! Mas ele fora avisado! A diocese não colaborou em nada com os gastos dos funerais, pois a família do padre extinto é muito pobre. E padre ‘desempregado’ vive na mais perfeita pobreza franciscana, não tem mais INSS, nem plano de saúde, nem plano funerário! Nada! E o Pedrinho não conseguiu se aposentar... A família teve dificuldades com os gastos do sepultamento e seus amigos mais íntimos, colaboraram neste momento de dor. Faltaram os ‘cuidados’ da “santa madre” para com o seu ministro doente, já envelhecido, vítima de acidente! Faltou amor da “santa madre”! Esta é a ‘igreja’ que auto se considera a “única e verdadeira”! Por esta razão, mais uma vez, no dia 31 de dezembro, dia do meu aniversário, o meu telefone não tocará mais uma vez, às 6 horas da manhã, como todos os anos anteriores assim ele fazia!... Ficou apenas a saudade profunda do meu coração!...

FICO IMPRESSIONADO, MAS SEMPRE É BOM RELEMBRAR!...



* Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br

Estamos iniciando mais um ano novo, cheio de novas esperanças. Descortinam-se novos horizontes e novas surpresas. Não sou tão ‘antigo’ assim, mas fiquei deveras assustado com o número de dias da minha existência marcado no último dia do ano ‘velho’: 22.630 dias! Fiquei impressionado por ter chegado à marca destes dias! Já vivi o bastante para não ficar impressionado, mas as coisas não são bem assim! Gosto de relembrar as coisas boas de um passado recente e fico impressionado de como nos últimos tempos está havendo uma inversão de valores, mas embalo uma esperança de que, por causa de Cristo e do Evangelho, o mundo pode vir a ser um pouquinho melhor. Sonhar não é pecado!...


Sim, há muitas coisas que gosto de relembrar das coisas que me impressionam e muito. Por exemplo: gosto de relembrar do tempo em que nós, eu e você, éramos chamados de “crentes”. Quando alguém nos perguntava se éramos “crentes”, havia uma resposta entusiasmada: “Sim, pela graça e misericórdia de Deus!” Hoje está tudo diferente! Os “crentes” de hoje estão evitando serem chamados de “crentes”. A ordem do dia é ser “cristão” ou quando muito, “evangélicos”, dá mais status! Outrora este nominativo qualificativo indicava aquele homem ou aquela mulher que pertencia aos grupos chamados ‘luteranos’, ‘presbiterianos’, ‘metodistas’, ‘batistas’, ‘congregacionais’ ou pentecostais históricos. Sim, os pentecostais são salvos sim, tradicionais sim e há um lugar lá no céu preparado parta eles, sim! Os ‘crentes’ amavam e consideravam a Bíblia Sagrada, como Palavra de Deus, e dificilmente saíam de casa para os seus cultos sem levar a sua Bíblia ostensivamente em suas mãos. Os ‘crentes’ do passado, tinham um ardor missionário incrível! Respiravam missões! Mas, hoje, as coisas mudaram e muito! Nas campanhas de missões estaduais, nacionais ou mundiais de outrora, os ‘crentes’ de nossas igrejas locais faziam de tudo para que aqueles alvos fossem alcançados e aquela igreja repassava integralmente toda a oferta levantada!, Hoje, as coisas mudaram e muito! O pastor ‘controla’ tudo com a sua diretoria, e em muitos casos o valor repassado é aquém daquele levantado, e o que foi retirado é para suprir ‘outras necessidades’ da igreja local! Quem duvidar disso é só conferir!...

O adjetivo qualificativo “crente” hoje foi trocado por ‘evangélico’ englobando todos aqueles, no âmbito do Cristianismo, que não são adeptos do Catolicismo Romano e, neste bloco, se enfeixam os protestantes reformados, considerados como históricos, os protestantes conservadores mas mais moderados, os pentecostais históricos, os neopentecostais ou pseudos pentecostais, as novas igrejas emergentes também não muito preocupadas com sua identidade, mais um espaço aberto para todos os gostos e matizes, para o prazer e deleite dos flutuantes freqüentadores. Vale tudo! Tudo é igual! Não há diferenças! Ali ninguém conhece ninguém, os pastores, bispos ou ‘apóstolos’, já não conhecem o seu rebanho, pois isto é perda de tempo, pois terminado os seus shows se aquartelam em seus gabinetes climatizados, a chave. O resultado é medido pelo volume de envelopes recheados que foram depositados no gazofilácio, ponto alto de seus ‘cultos’. Os participantes ou meros freqüentadores entram e saem como chegaram: calados e sem aquele antigo cumprimentar e sem aquele abraço tão gosto dos ‘velhos tempos’, não sendo mais cada um cumprimentado pelo pastor postado à porta do templo! O termo ‘evangélico’ hoje é tão vago, mas tão vago e tão indefinido quanto à “vida cristã” vivenciada pelos assim-chamados “cristãos” de hoje. Misericórdia! Impressionante! Ninguém mais distingue ninguém, como nos ‘velhos tempos’, um homem ou uma mulher de Deus, de longe!... Perdemos o nosso referencial!...
Por outro lado, fico impressionado ao ver o povo chamado pelo nome de povo de Deus, se permitir ser ‘massa de manobra’ dos espertalhões do púlpito. Impressiona-me e muito, ver o povo de Deus ser enganado debaixo da plena luz do Sol, vivendo a mercê de ‘profecias’ ou ‘profetadas’ que não se cumprem, levados por ‘visões’ ou ‘visagens’ mentirosas de ‘profetas’ descompromissados com as coisas sérias de Deus, que não refletem a verdade bíblica, cujos seus líderes fazendo descer goela abaixo do povo, manifestações exóticas em ‘shows’ ou ‘espetáculos de fé’ que não têm base em nenhum ensinamento da Palavra de Deus. Apenas pessoas ávidas para descobrir o futuro, para se darem bem na vida e nada mais!... Não se busca mais um lugar reservado mais no Céu!... Pra quê? Isso é coisa de ‘crente’ ultrapassado, fanático... dizem!


Mas também gosto de relembrar do tempo que já vai longe, quando não havia nenhuma conveniência de ser “crente”. Muito pelo contrário, naquele tempo era, socialmente falando, muito constrangedor, porque implicava em uma mudança de vida radical que incomodava o mundo ao seu redor! Eu me lembro muito bem do que significava ser convertido, ter passado pela experiência real do novo nascimento!... Os “crentes” testemunhavam daquilo que o Senhor Deus havia feito em suas vidas, diariamente, e em suas palavras havia autoridade! E os ‘incrédulos’ se convertiam pelo testemunho ouvido e visto, por saberem que aquelas pessoas haviam “estado com Jesus” (Atos 4.13). Que maravilha! Eram bons tempos aqueles em que ser “crente” não significava ficar rico da noite pro dia ou “se dar bem” nas ‘fogueiras santas’ da vida! Hoje, só se recebe dádivas do Senhor, se se sacrificar, e a vítima a ser imolada no altar é sempre o dinheiro, e quanto mais dinheiro melhor, é dar o tudo que tiver ao alcance das mãos para engordar as contas bancários de líderes inescrupulosos! E pasmem, acreditamos nisso!

Os ‘crentes’ dos ‘velhos tempos’, amavam mais as coisas do Senhor e ficavam conjecturando como deveria ser a sua vida, lá na glória e pregavam e esperavam com maior ardor a volta gloriosa de Jesus! Os “crentes” daqueles tempos idos - naquele tempo eu era padre, mas eu ‘ouvia falar’ – os ‘crentes’ tinham os olhos voltados para o céu, oravam mais, gostavam mais de vigílias, buscavam “as cousas lá do alto” (Colossenses 3.1), aguardavam com ansiedade o arrebatamento da Igreja, e falavam isso uns para os outros, diariamente e se extasiavam com as promessas do Senhor, e se alegravam de irem fazer parte do arrebatamento da Igreja e se emocionavam às lágrimas com as bênçãos que iriam receber por ocasião das “bodas do Cordeiro” (Ap. 19.7-9). Bons tempos aqueles!...


Impressiono-me ao ver as pessoas sendo manipuladas, condicionadas mentalmente, não fazendo a menor diferença para elas, se o que seu líder religioso diz tem sustentação bíblica revelada na Palavra de Deus. Tudo agora é crer na fé! A ‘onda’ agora é fé na fé! Os tempos mudam!... O que vale agora é o que se sente, o pragmatismo louco e desenfreado é reinante e não interessa o que está mais escrito na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, o livro da ‘capa preta’! É, estamos passando por uma crise muito séria! Falta-nos identidade! Por isso, vivemos hoje um tempo de mega templos cheios de pessoas vazias, sem vivência cristalina do verdadeiro Evangelho redentor, pessoas desnorteadas, sem nem uma certeza de salvação, apenas ali estão acotoveladas em busca das “bênçãos do Senhor”, mas sem nenhum compromisso bem mais sério com o Senhor das bênçãos e, se não tiverem uma transformação de vida real, pelo milagre do “nascer de novo” (João 3.3), para ser “gerado para uma viva esperança” (I Pedro 1.3), dando demonstração de que é “nova criatura” (II Coríntios 5.17), tendo uma convicção que o seu nome está escrito “no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13.8) e para sempre, estarão caminhando recreativamente para o inferno!...(Romanos 2.8; Lucas. 11.28; João 15. 4-5).


Hoje, há uma desenfreada carreira para o abandono das grandes confissões e credos do passado que resgataram o brilho da interpretação real das Sagradas Escrituras. Não se interpreta mais as Sagradas Escrituras como no passado, e a grande maioria dos ‘evangélicos’ ou ‘crentes’ correm atrás ávidos da primeira novidade interpretativa que encontram ali na primeira esquina, se alimentam e engordam com a teologia relacional, com a famigerada teologia da prosperidade, que é a coqueluche do momento. O ‘negócio’ agora é prosperar a qualquer preço! E os pregadores televisivos outrora contra a este tipo de ‘evangelho’, descobriram os “a galinha dos ovos de ouro’, tão propício para o engordar dos seus empreendimentos pessoais e agora propagam tais descobertas fantásticas sem ficarem ‘avermelhados’ e sem nenhum constrangimento, através de seus programas diários e até mesmo semanais, enaltecendo os ídolos da tal ‘teologia’...

Com a razão está o Dr. Augustus Nicodemus Lopes, ministro presbiteriano e atual chanceler da Universidade Presbiteriana Machenzie, quando afirma que “da mesma forma que em Corinto... grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica”. Os ‘crentes’ de hoje, ainda não conseguiram se desvencilhar do Catolicismo Romano. E ele pontifica: “Todas as tendências que identifico entre os evangélicos como herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, manifestas em todos os sistemas e não somente no catolicismo”. E ele diz mais: “Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava, queimando-a na fogueira.”.

Hoje, como os tempos mudaram, os titulares das mega igrejas, precisam ser ‘apóstolos’ ou no mínimo ‘bispos’, e os apelos não são mais para que se aceite Jesus como Salvador e Senhor de nossas vidas, mas para irmos a Igreja tal, pois é lá o local da bênção, é lá o local da mediação, pois “no Catolicismo”, continua Nicodemus, “a igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. É através dos sacerdotes católicos que essas graças é concedida, pois são eles que, com suas palavras, transformam na missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecado; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão. Em alguns casos, o padre é visto como o “outro Cristo”, um canal de mediação entre o rebanho e Deus. Essa noção de mediação humana passou para o evangélicos com poucas alterações. Até nas igrejas históricas os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa que a deles, considerando-o o mediador entre eles e os favores divinos. Esse ranço católico vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo Fulano”, “a oração de poder da irmã Sicrana, que é profetisa”, e por aí afora vai...

O apego ao misticismo supersticioso no meio evangélico é coisa de fazer inveja aos romeiros do “padim padi ciço” da Juazeiro do Norte, sul do Ceará, na região do Cariri. E o Dr. Nicodemus Lopes nos esclarece mais: “O catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma nacional, enaltecendo milagres de santos, posse de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, unção e santificação de objetos, água benta, entre muitos outros. Hoje, há um crescimento espantoso entre setores evangélicos do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupas de entes queridos, oração no monte e no vale, óleos de oliveira de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão, cajado de Moisés... A imaginação dos líderes e a credulidade do povo são ilimitadas”. E ele diz mais: “Um amigo meu contou ter presenciado práticas estranhas como venda de pedaços do salmo 23 para preparação de um chá que curar vícios, gente que dorme com uma Bíblia debaixo do travesseiro com a alegação de garantir bons sonhos e páginas ungidas por um ‘apóstolo’ que são vendidas para serem colocadas nas paredes das casas dos crentes, entre outras coisas.” E o teólogo diz que tais manifestações populares só podem ser explicadas pelo “gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos”. A gente rir para não chorar! Seria trágico se não fosse cômico demais!

Também não posso deixar de recordar que nos bons tempos éramos chamados de “bíblias”, pois tal sacrossanto apelido nos identificava com os ensinos da Palavra de Deus. Hoje os “cristãos” vão às ‘reuniões’ sem as suas Bíblias. A tecnologia chegou aos templos, e hoje o data-show tomou conta do pedaço, onde são projetados os poucos versículos lidos, quando lidos, então pra que levar mais Bíblias?! Torna-se muito incômodo! Para que levá-las se elas já não são mais lidas e acompanhadas pelos participantes, porque o espaço maior é para o espetáculo do ‘louvorzão’, onde canta-se durante uma hora e meia ou mais numa agitação da ‘galera’ e tudo isso copiado dos grandes shows televisivos e o espaço reservado para a ministração da Palavra é de apenas uns poucos minutos? Aliás, os ‘cristãos’ de hoje nem mesmo sabem procurar em suas Bíblias livro, capítulo e versículos, quando as têm... Culto doméstico, o que é isso? Ele existe para quê? Qual a finalidade? Quando e onde ele é realizado? – perguntam. “Cantor Cristão” o que é isso? Este ‘cantou’ gravou algum CD que está nas paradas de sucesso gospel? Lembro-me que naqueles bons tempos os “crentes” do passado eram rigorosos com a sua conduta pessoal, ética, moral e espiritual. Naquele tempo, os “crentes” compravam e pagavam o que adquiriam com o suor do seu rosto, e não davam ‘calotes’ em ninguém no comércio com cheques sem fundos e nem viviam metidos até o fio dos seus cabelos em escândalos até de conhecimento nacional.

Mas também não posso deixar de me impressionar ao ver homens e mulheres se autonomeando de ‘apóstolos’ e tantas outras baboseiras, que nada mais são do que fruto da vaidade humana e do desejo de se tornarem, a cada dia, mais deus do que homem e mulher. Olhando na minha velha Bíblica, sou informado que no Novo Testamento, um dos requisitos para o apostolado é ser testemunha da ressurreição de Jesus (Atos 1.21-22). E o mais interessante, é que a minha velha Bíblia me revela que todos os apóstolos viram o Cristo ressuscitado, inclusive o apóstolo Paulo (I Coríntios 15.5-8). Estes homens não tiveram visão, sonho, ou revelação. Eles viram de fato o Cristo ressuscitado de maneira pessoal, inclusive Paulo no caminho para Damasco (I Coríntios 9.1). A história da Igreja Cristã sempre pontificou que Paulo foi o último dos apóstolos. E o Dr. Nicodemus Lopes vem mais uma vez nos ajudar: “O termo ‘apóstolo’ significa basicamente ‘enviado’ e há quem, além dos Dozes e Paulo, tenha recebido esse título na Bíblia, como Silas e Barnabé (Atos 14.14; II Coríntios 8.23). Porém, os modernos autodenominados ‘apóstolos’ se entendem como na mesma categoria dos Doze e Paulo. Contudo, os Doze e Paulo estão numa categoria à parte, não tendo nomeado sucessores. Quem sempre se achou sucessor dos apóstolos foi o papa. É somente o ranço católico na alma evangélica que permite que tais autodenominados ‘apóstolos’ tenham sucesso em nosso meio”. E o teólogo finaliza as suas afirmações sobre este fenômeno, dizendo: “Quando vejo o apego de grandes massas ditas evangélicas à práticas medievais católicas – de objetos ungidos e consagrados para o culto a Deus, busca de bispos e apóstolos, recurso a práticas supersticiosas -, pergunto-me se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma católica”. Assino em baixo! Leiam o livro “O que estão fazendo com a Igreja”, de autoria do Dr. Augustus Nicodemus Lopes, e surpresas virão à sua mente e ao seu coração!

Tais líderes não vendem mais ‘indulgências plenárias’, mas vendem ‘um bom lugar na terra’, com direito a carro novo, do ano, de preferência, vida próspera, saúde em troca de ‘sacrifícios’ isto é, uma boa soma de dinheiro, onde os integrantes da ‘massa de manobra’ doam tudo o que têm, para as ‘fogueiras santas’, que só servem para engordar a conta bancária dos líderes mais espertos, especificidade dos velhacos, como se isso, por si só, fossem sintomas da bênção real do Deus Todo-Poderoso. Repito: e acreditamos nisso!


Ah, mas eu também me impressiono pela pobreza dos púlpitos! Como poderemos ter uma geração cristã madura e santa, com tanta pregação rasa e sem base bíblica ou dentro de um contexto distorcido? Como se ter uma igreja sólida e espiritualmente preparada para responder com mansidão e temor a qualquer que lhes pedir “a razão da esperança” (I Pedro 3.15), se no altar, onde fica o púlpito, mais parece um circo? E que dizer dos ‘pastores’ de hoje, muitos deles aquartelados em suas ‘catedrais de fundo de quintais’, autênticos vaníloquos em sua verborragia, vomitando ódio e perseguindo e maltratando e vilipendiando a seus pares, às vezes da mesma Fé e Ordem? O Senhor Jesus nos deixou uma ordem que “amássemos uns aos outros”, mas resolvemos a nosso bel-prazer, por nossa livre recreação nada cristã, retirar o acento agudo do verbo e passamos a proclamar do alto de nossa ‘majestade’ que “amassemos uns aos outros”, numa demonstração de autoritarismo farisaico e de cristalina falta do verdadeiro amor cristão! Tudo isso me deixa muito impressionado, mas que venha mais um Ano Novo com novas chances e novas perspectivas, para que o Nome do Senhor seja, de fato, verdadeiramente exaltado.

Sinceramente, eu estou impressionado com tudo isso que está parecendo ser manifestações de apostasia. E aqui pra nós, me fala a verdade, meu irmão: você não está também impressionado? O que me diz disso tudo? Com você a palavra...

domingo, 13 de julho de 2008

Entrevista com o Pr. Barbosa Neto - ex-padre

1 – Por que a decisão de se tornar Padre?

Pastor Barbosa Neto - A primeira impressão que se tem, é que a família exerce uma forte decisão na vida do jovem católico para que ele se dedique ao sacerdócio católico romano. Não é bem assim, necessariamente! No meu caso, meu pai queria que eu fosse militar, imaginem! Quando eu disse para o meu pai que não queria ser militar, mas sim um padre - e um padre de uma ordem religiosa, mais precisamente um religioso franciscano - meu pai quis ‘morrer’. Escolhi ser um religioso e religioso franciscano, e dentre as diversas ‘ordens franciscanas’, fui escolher a “Ordem dos Frades Menores Capuchinhos”, uma das mais severas! Foi uma escolha de minha parte, determinada. Ninguém conseguiu tirar isso de minha cabeça! Mas, através da ajuda e do apoio dos amigos do meu pai, consegui ‘domá-lo’ até que ele aceitou mais ou menos bem a idéia de ver seu filho adentrando às fileiras de uma das ordens religiosas mais severas dentre as inúmeras outras ordens religiosas existentes no Catolicismo Romano, destruindo assim, completamente, todos os planos que meu pai havia pensado para comigo. Não nada foi fácil, isso lhes garanto!

2 – O senhor era convicto do que queria? Ou existia um aperto de dúvidas no peito?...

Pr. Barbosa Neto - Acho que boa parte desta pergunta já foi respondida na resposta acima... Se eu não estivesse convicto e determinado sobre o que eu queria para a minha vida, teria enfrentado meu pai, homem rude e egresso do sertão cearense, de mãos calosas, a ponto de ‘destruir’ de sua mente todos os seus planos para comigo?! Nem pensar!... O que vocês acham?! Muitos dos que me lêem neste momento, por desconhecer nuances do Catolicismo Romano e de suas “ordens religiosas”, não conseguem penetrar nas nuances das dificuldades por que passei para galgar meus objetivos. Claro que eu tinha uma convicção inabalável! Não é a primeira vez que eu sou perguntado sobre isso, até de maneira introspectiva, embutida, a pergunta me feita. Muitos me perguntam, aleatoriamente, sem nenhum conhecimento de causa, se eu nutria alguma espécie dúvidas, se eu sabia ou tinha consciência de que estava mergulhado no erro, etc. Jamais em momento nem um, senti este tipo de comportamento! Acreditem-me. Eu sempre fui uma pessoa altamente determinada. Eu sempre soube o que eu queria da e para a minha vida! Para mim, provido que estava de uma convicção inabalável, os ‘crentes’ é que estavam errados, por isso eu sempre os persegui de maneia implacável, cruel, sem pestanejar, de maneira incontornável. Agia com mão de ferro, haja o que houvesse, acontecesse o que acontecesse e doesse em quem doesse... Não queria nem tomar nenhum conhecimento... Eu era crudelíssimo para com todos os ‘crentes’, independente da sua particular denominação... Não se esqueçam, jamais, que eu era capuchoinho, cuja ‘espiritualidade’ daquela Ordem era e é ainda, combater, frontalmente, o povo de Deus!... E eu era muito fiel à minha Ordem! Acreditem, piamente!...

3 – Quando foi que começou a perceber que toda a sua vida e crença precisavam ser revistas?

Pr. Barbosa Neto - Você não vai acreditar! Eu era padre de linha ‘progressista’, um incrédulo dos incrédulos!... E meu último bispo, para neutralizar a minha ação entre os demais padres daquela diocese, além do meu trabalho normal exercido em minha paróquia, para o qual eu estava devidamente nomeado com metas claras e objetivas, fui por aquele bispo diocesano, designado também para exercer o cargo de capelão de uma das centenas e centenas comunidades do assim-chamado “movimento de renovação carismática católica”. Eu quis ‘morrer’ quando eu soube disso! Fiquei bravo, irado, à solapa, isto é, às escondidas. Padre não tem vontade própria, ele faz e exerce a vontade soberana do seu bispo e ponto final. Não há democracia no Catolicismo Romano... De repente me vi celebrando no meio de uns ‘alienados’, que queriam ir pro céu, que cantavam e dançavam e glorificavam, à maneira dos pentecostais clássicos, e eu me senti muito mal ali naquele meio... Errei até mesmo a liturgia em uma de minhas missas!... Acreditem-me!... Mas foi lá, em um dos movimentos mais heréticos que hoje se encontro encravado no seio da assim-chamada “Igreja Católica Romana’, que o Senhor Deus começou a falar profundamente ao meu coração! Ele é Soberano, e Ele age da maneira, aonde e onde Ele assim quer! Digo ser um movimento herético, pois a Bíblia Sagrada me autoriza a assim e assim dizer, pois não encontro base de sustentação bíblica para que venha a acreditar que Jesus batize com o Espírito Santo pessoas envolvidas com “associação aos demônios”, conforme I Coríntios 10. 19-20. Podem ser ‘batizados’ por um ‘outro espírito’, mas não pelo Espírito Santo do Senhor! Se alguém presenciar algum católico carismático dizendo-se falar em ‘línguas estranhas’, pode repreender, com autoridade, pois é demônio sem sombra de quaisquer dúvidas!... Cai no chão, na hora!... Esse negócio do “cai-cai”, que muitos se ‘encantam’ por aí afora, não é poder de Deus coisa nenhuma, é manifestação maligna, mesmo!...

4 – Enquanto Padre, o que o senhor achava dos protestantes?

Pr. Barbosa Neto - Eu não ‘achava’ nada, eu tinha certeza absoluta: eram heréticos e repugnantes aos meus olhos!... Por isso minha tremenda dificuldade para ter ao menos aproximação de relação amistosa com os ‘crentes’, quaisquer que fossem as suas igrejas ou denominações... Eu os odiava tão, na minha ignorância, na minha incredulidade!...

5 – Nos debates entre protestantes e católicos é freqüente tocar no assunto “idolatria”. Quando o Sr era padre, como respondia ou se comportava diante do assunto?

Pr. Barbosa Neto - O padre convicto de seus pontos de vistas teológicos e doutrinários, jamais aceita e se conscientiza de que está praticando idolatria, acreditem-me. Idolatria é lá com a umbanda, quimbanda, ou com as assim-chamadas ‘religiões de mistérios’. Por isso eu ficava bravo, queria esganar com minhas próprias mãos, todo e qualquer pescoço de ‘crente’ que aparecesse na minha frente!... Eu tinha um temperamento exageradamente forte e abusivo...


6 – E hoje, o que tem a dizer sobre “idolatria”?

Pr. Barbosa Neto - Se há uma das coisas que mais aborrecem ao Deus Todo-Poderoso é a idolatria! Não tenham a menor sombra de dúvidas! O Senhor dos exércitos não pactua com isso!... Ele perdoa TODOS os nossos pecados, mas ojeriza a idolatria! Ele chega a esquecer TODOS os nossos pecados (Jeremias 31.34b; Hebreus 8.12b), mas Ele diz: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura”. (Isaías 42.8). E Ele diz mais: “Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam” (Salmo 115.8). Mais ainda: “Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20.5). Ele é categórico: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mateus 4.10). E Ele é enfático: “O meu povo consulta o seu pedaço de madeira, e a sua vara lhe dá resposta; porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus” (Oséias 4.12). Em Jeremias 10.3-5 o Senhor Deus diz que as imagens de escultura são apenas madeira cortada da floresta, obra da mão de um artista com o cinzel. Eles as enfeitam com prata e ouro. Com pregos e martelos a firmam, para que não vacilem. Elas são como um espantalho em um campo de pepinos. Elas não podem falar; devem ser carregadas, porque não podem caminhar! Não tenhais medo delas, porque não podem fazer o mal e nem o bem tampouco! Chega ou querem mais?! Mas a pior de todas as doutrinas da assim-chamada ‘Igreja Católica Romana’ - já que ela de ‘apostólica’ não tem - é a assim-chamada “santa missa”, a qual não é um culto, mas um sacrifício real, incruento, isto é, sem derramamento de sangue... E o autor da carta aos Hebreus é enfático: “...sem derramamento de sangue, não há remissão” Hebreus 9.22b). Remissão de quê? De pecados! A ‘missa’ faz parte do processo de salvação da assim-chamada ‘Igreja Católica Romana’. Ela é proclamada e ensinada como fonte de poder nela contida para apagar e purificar os pecados... Isto é uma tremenda heresia! Mas novamente o autor da carta aos Hebreus destrói esta assertiva: “Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”. (Hebreus 10.11-12). E por que Jesus assentou à destra de Deus? Porque Ele concluiu a obra expiatória, “para sempre” e satisfez a justiça divina, Ele cancelou o “escrito de dívida” que tínhamos para com Deus, e “removeu-o inteiramente, encravando-o na Cruz”! (Colossenses 2.14. Querem mais? O padre católico romano diz e afirma e ensina que Jesus morre no altar, toda vez que ele assoma o altar. Mas Paulo diz afirma o contrário, derrubando conclusivamente esta tese herética: “...havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele” (Romanos 6.9). E ponto final! Louvado e engrandecido seja o Nome do Senhor! Aleluia!

7 – Criticamos muito à religiosidade, mas, o senhor acha que o povo protestante está caindo em acomodação espiritual?

Pr. Barbosa Neto - Agora você tocou em cheio sobre um ponto muito crucial, meu caro jovem!... Deixe-me parabenizá-lo antes de respondê-lo! Afinal de contas, você irá publicar esta entrevista onde? Deixarão você publicá-la, mesmo?! É bom que você saiba de uma vez por todas que eu não tenho ‘papas na língua’, eu falo com a autoridade profética que o meu Senhor me concede!... Acima de tudo, hoje eu sou crente em Jesus, lavado e purificado pelo Seu precioso sangue e tenho a mais cristalina convicção que o meu nome já está registrado no Livro da Vida do Cordeiro e para sempre, mas tem muita ‘gente boa’ que não crê assim!... E você sabe disso muito bem! Hoje o ‘evangelho’ que se prega por aí afora, é uma pouca vergonha, uma forma agravante ao bom nome do Evangelho! E saiba: sou uma atalaia do meu Deus, haja o que houver, aconteça o que acontecer, doa a quem doer!... Sou comprometido apenas e tão somente com o meu Deus Todo-Poderoso. O povo de Deus está passando uma crise vergonhosa muito grande de falta de identidade, esta é que é a grande verdade que precisa ser dita com letras garrafais! Não se prega mais sobre e contra o pecado, não se prega mais sobre inferno e céu, contra e sobre a idolatria reinante cada vez mais neste país, por isso nossa pátria tão cheia de tantos problemas morais e existenciais! Prega-se hoje um ‘cristianismo antropocêntrico’ – isto é, centrado no homem – no lugar de um verdadeiro cristianismo cristocêntrico – isto é, centrado em Jesus, totalmente. Hoje está na moda, na crista da onde, pregar-se um “evangelho barato”, uma “graça barata”, prega-se por aí afora um cristianismo sem cruz, um “cristianismo de clientela”, e por isso ridicularizam os que falam da Cruz de Cristo! O ‘evangelho’ de muitos ‘pregoeiros medalhões’ é um ‘evangelho’ impotente, mascarado, que não transforma vidas, e apresentam um deus não bíblico que não mais arranca vidas preciosas do império das trevas, pois são ‘pregoeiros’ de um ‘evangelho’ de pura comercialização das coisas sagradas! Hoje o que mais temos nos quatro cantos deste país, são ‘igrejas’ que já mais pregam sobre o ‘novo nascimento’, razão pela qual, há tantas ‘igrejas’ cheias de pessoas inteiramente vazias de Deus, sem nem uma experiência pessoal e profunda com o Senhor Jesus da Cruz, as quais estão caminhando de forma recreativa para o inferno, pois o Senhor Deus não teve outro plano para “tirar o pecado do mundo” senão pelo sangue do “cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13.8). Hoje só se prega as famigeradas “bênçãos do Senhor” – eu não sou contra as bênçãos do Senhor, não; anote ai com letras garrafais, faça-me o favor! – eu creio piamente nas bênçãos que o Senhor Deus quer derramar sobre todo o Seu povo, eu prego sobre isso, anote aí, que eu creio em milagres, a minha vida é um exemplo de que há milagres operados pelo meu Deus e Senhor, mas muita ‘gente boa’, vive enganada e se queixando de ‘crente’, mas não são verdadeiramente salvas, não passaram pela transformação de vida através do milagre que o novo nascimento realiza, pela instrumentalidade do Espírito Santo. E por assim estarem, não demonstram nenhuma mudança radical em suas vidas e, por causa disso, não têm nem um compromisso com o Senhor das bênçãos! Anote isso aí, meu filho! Não deixe de publicar isso, doa a quem doer!...

8 – Pelo que entendi, vivemos então um ‘cristianismo’ mais empresarial do que libertador?

Pr. Barbosa Neto - Não tenha a menor sombra de dúvidas! E salve-se quem puder!... Agora a ‘onda’ é a do ‘oba-oba! É a ‘troca’ de valores com o ‘deus empresário’... É a lei do ‘quem dá mais’ e ‘toma lá e dá cá’... Hoje existem ‘pregoeiros expert , muito bem pagos a preço de ouro, para descobrirem em que as pessoas crêem, para, a partir dessa crença mística, realizarem um trabalho pedagógico exaustivo de aproximação, apresentando a um universo de carentes e desamparados e desassistidos, uma nova modalidade de um protestantismo sincrético. E o famigerado neopentecostalismo encontrou a mesa posta para apresentar os seus ‘produtos’. A demanda sobre determinados bens simbólicos, no campo religioso riquíssimo, é visível a olho nu. Daí o emprego de tanta eficácia mágica, consumida pela grande maioria do povo brasileiro, místico de nascença: “água abençoada”, “óleo ungido”, “manto sagrado”, “mesa branca energizada”, “óleo de Israel”, “rosa ungida”, “areia do deserto do Sinal”, “fogueiras santas” e tantas outras baboseiras, que ‘fiéis’ crêem que tais objetos e rituais têm a capacidade de proteger a casa, o indivíduo e as relações sociais de todos aqueles males atribuídos e personalizados na figura de satanás. E estes ‘pregoeiros’ do neopentecostalismo trabalham com a idéia de que esses rituais e procedimentos estão contidos numa continuidade com o mundo mágico das religiões afro-brasileiras e do catolicismo popular. Um prato cheio para todos os gostos e matizes! E isso dá muito dinheiro! Diante deste quadro ostensivamente visível aos nossos olhos, enfraquece-se a rígida separação entre “fé cristã” e “paganismo”, implicando em uma “hinduinização”, “maometanização” ou “budinização” do cristianismo. Um falso ‘cristianismo’. E a moda, a ‘onda’ agora nos círculos neopentecostais é a “umbandinização” de sua visão de mundo e de discurso. E todos os seus ‘pregoeiros’ em suas ‘sessões de descarregos’, paramentados devidamente como os ‘pais-de-santo’ do pentecostalismo moderno, usando o mesmo linguajar dos umbandistas. A bem da verdade, no meio hoje de quase todas as denominações tidas como ‘tradicionais’, há ranços de ‘neopentecostalismo’, pois há pouco tempo, seus ‘medalhões’ descobriram a ‘pólvora’, isto é, que ali naquela filosofia de eficácia mágica, estão diante de um quadro de pluralismo religioso, cuja estratégia é localizar nichos de pessoas insatisfeitas, provocando nelas estímulos diferenciados a fim de atraí-las para novas ‘experiências religiosas’. O neopentecostalismo que aí está, surgiu no mundo por volta dos anos 70, período em que também começou a famigerada “teologia da prosperidade” a qual invadiu 90% dos arraiais do cristianismo bíblico, um veio de ouro para os ‘espertalhões dos púlpitos’ que levam divisas arrecadadas às montanhas, sem um mínimo de ética e de postura cristã, para os assim-chamados ‘paraísos fiscais’ – sua ‘pátria celestial’!! O Senhor Jesus precisa voltar logo para buscar o que ainda resta da Sua Igreja!

9 – Um dos argumentos mais usados e ensinados aos fiéis da ICAR, é que “Cristo deixou apenas uma Igreja na Terra fundada por Pedro”... O senhor também defendia a todo o custo a “igreja” na idéia de templo construído de pedra? E hoje, como Pastor? Qual o verdadeiro significado de “Igreja de Cristo”?

Pr. Barbosa Neto - E não poderia ser diferente, por isso eu era padre, nunca se esqueçam jamais disso! A assim-chamada “Igreja Católica Romana” sempre creu ser ela mesma “o sacramento das salvação, o sinal e o instrumento da comunhão com Deus e dos homens”. Isto é dogma de fé. Há um tripé no sustentáculo da fé católico-romana: a Sagrada Escritura, a Tradição Cristã (conforme é interpretada pela Igreja de Roma) e o assim-chamado ‘Magistério da Igreja’ (Católica). Diz o Novo Catecismo da Igreja Católica Romana, assinado pelo falecido Papa João Paulo II, em 11 de outubro de 1992: “Daí resulta que a Igreja (Católica), à qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da Revelação (Bíblia Sagrada), não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado SOMENTE da Sagrada Escritura. Por isso, ambas (Sagrada Escritura e Tradição) devem ser aceitas e veneradas com IGUAL sentimento de piedade e reverência” # 82. (apoiado na Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina “Dei Verbum” # 9 - de 18 de novembro de 1965). E diz mais: “O patrimônio sagrado da fé (‘depositum fidei’) contido na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos apóstolos à totalidade da Igreja(Católica). E sobre o ‘Magistério’ assim se expressa: “ O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiada unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma” – o papa. Isto é uma heresia! O cristianismo bíblico só tem como única fonte de sustentação: a Bíblia Sagrada como única regra de fé e de prática. A assim-chamada “Igreja Católica Romana” sempre pregou, desde a sua existência, a partir do ano 1052 d.C, que ela “é a única Igreja de Cristo que no Símbolo (dos apóstolos) confessamos uma, santa, católica e apostólica”. Aqueles que tiveram conhecimento do documento “Dominus Iesus” (Senhor Jesus), elaborado e assinado pelo então todo-poderoso Cardeal Joseph Ratzinger, (atual Papa Bento XVI), e então prefeito da “Congregazione per La Dottrina della Fede” (Congregação para a Doutrina da Fé – ex-Santo Ofício, da ‘Santa Inquisição’), cujo documento fala abertamente “sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja”, o qual recebeu a ratificação do decrépito e já falecido Papa João Paulo II em 16 de junho e foi oficializado pela tal Congregação no dia 06 de agosto de 2000, fala por si mesmo do que Roma pensa sobre a Igreja e além disso, revela a farsa do ecumenismo!O documento é explicito: “Existe portanto uma única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica (Romana), governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele”. Diante destes documentos, que sejam tiradas as conclusões que se fazem necessárias, para o bom senso... Sou crente em Jesus, e, no século, sou Batista, alicerçado nos fundamentos da fé cristã, com muita convicção. E, como tal, entendo ser a Igreja de Cristo, uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé, pois é neste sentido que a palavra Igreja é empregada no maior número de vezes nos livros do Novo Testamento. Também podemos definir a Igreja como uma sociedade civil auto-governativa, de natureza religiosa, constituída de acordo com as leis do país, sem fins lucrativos, composta de um número ilimitado de pessoas sem distinção de sexo, raça, idade ou condição social, convertida a Jesus Cristo e batizada conforme as doutrinas e práticas do Novo Testamento, que tem como finalidades: reunir-se para prestar culto a Deus, estudar a Bíblia Sagrada, proclamar o Evangelho, promover a obra missionária no mundo inteiro, praticar a beneficência e administrar os seus próprios negócios. Como povo chamado Batista, cremos ser a Bíblia Sagrada a nossa única regra de fé e prática, plena liberdade de consciência e livre acesso de cada ser humano à Verdade revelada nas Escrituras, ao sacerdócio universal dos salvos, ao batismo exclusivamente por imersão total, de pessoas que aceitam pessoalmente e voluntariamente a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, no significado memorial e simbólico dos elementos da Ceia do Senhor, adotamos a forma de governo democrático-congregacional, sendo cada igreja local altamente soberana e auto-reprodutiva, dando origem a outras igrejas locais sem qualquer interferência externa de comunhão ou convenção ou associação, e adotamos a separação entre Igreja e Estado, e adotamos a inexistência de uma sucessão histórica, quer pessoal (sucessão apostólica), quer doutrinária (antipedobatismo) na identificação da sua autenticidade como Igreja Cristã, caracterizada apenas pela sua fidelidade às doutrinas inseridas no Novo Testamento. A Igreja é um fenômeno sobrenatural. A Igreja transcende à sua própria história! Todos os agrupamentos humanos são formados seguindo leis da dinâmica social. A Igreja, porém, não é uma iniciativa do ser humano para atender às suas necessidades naturais. Ela é um evento sobrenatural: na sua origem: “Edificarei a minha Igreja”, disse Jesus em Mateus 16.16; na sua mensagem: “O poder de Deus” (Romanos 1.16); no efeito da sua mensagem, a regeneração: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” João 3.5); no seu destino eterno: “e reinarão para todo o sempre” (Apocalipse 22.5). “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” em Mateus 16.16 significa que a Igreja é transcendente, imortal, e porque todos os que dela fazem parte têm a vida eterna! Isto é o fenômeno da Igreja de Cristo!

10 – O senhor vê com bons olhos as subdivisões por denominações no protestantismo?

Pr. Barbosa Neto - A Igreja está encarnada no humano, portanto sujeita a falhas, as mais crassas que possamos imaginar, não nos esqueçamos disso, jamais! Com freqüência as pessoas vêem cada vez mais se multiplicando e imaginam que cada uma representa uma fé ou religião diferente. Não é bem assim! Há diversas denominações cristãs, sim, mas todas as igrejas autênticas defendem as mesmas verdades essenciais referentes a Jesus Cristo. Não é nossa intenção arbitrar entre as muitas denominações cristãs ou apresentar nossos próprios veredictos sobre a validade das diferenças entre os cristãos. Quando uma denominação defende os pontos fundamentais e essenciais da fé bíblica referente a Deus, a Jesus Cristo, seu nascimento virginal, sua divindade e humanidade, suficiência das Sagradas Escrituras, pecado, salvação, volta de Jesus, então esse grupo é considerado genuinamente cristão. Questões periféricas (como tipo de culto, estilo de música, usos e costumes, doutrinas que não são essenciais – como batismo com o Espírito Santo e a contemporaneidade dos dons espirituais – isso não determinam o cristianismo de alguém ou de uma igreja, este é o meu ponto particular de crer. Anote aí, faça-me o favor! Há lugar para a diversidade dentro da unidade da Igreja, que é chamada de o Corpo de Cristo. A suposição de que toda fé finalmente conduz a Deus não é certa e nem verdadeira, fujamos de tal comunhão, e tomemos firme posição sobre as reivindicações exclusivas e válidas de Jesus Cristo como o Senhor absoluto e o único caminho para a salvação e paz com Deus.

11 - Pastor, como se deu essa conversão? Conte-nos um pouco de seu testemunho...

Pr. Barbosa Neto - Meu Deus, será que consigo colocar São Paulo dentro de Fortaleza, minha cidade natal?!... Eu escrevi sobre isso, em um modesto livrinho – “Confissões Surpreendentes de um ex-Padre” – de 156 páginas, o qual já está na terceira edição ampliada, e você me pede para falar da minha vida, embora de forma resumida, neste curto espaço que nos é concedido? Mas, já que você assim me pede e, tão amorosamente, com certeza tal depoimento irá satisfazer a muitos queridos irmãos e irmãs, assim como irá ajudar a muitos católicos romanos que, com certeza, irão também nos ler... Então, tenham mais um pouco de paciência comigo!...

Sou ex-padre católico romano, tendo ingressado na assim-chamada “Ordem Missionária dos Frades Menores Capuchinhos-OFMCap” aos 13 anos de idade, em fevereiro 1959, recebendo o onomástico de “Frei Zacarias Maria de Fortaleza-OFMCap” e fui ordenado sacerdote católico romano no dia 11 de dezembro de 1971, permanecendo naquela ‘
ordem religiosa’ até julho de 1976, quando pelo processo canônico de ‘secularização’ ingressei no clero diocesano católico romano, tendo permanecido na assim-chamada “Igreja Católica Romana’ até 29 de dezembro de 1992. Foram 22 anos consecutivos de exercício sacerdotal romano, além dos 11 anos de estudos em seminários menor e maior, mais um ano de noviciado. Aceitei o Senhor Jesus como meu único e suficiente Salvador e Senhor absoluto de minha vida, de maneira dramática e atípica, no dia 17 de setembro de 1992, ficando no aguardo de minha liberação canônica até a data acima mencionada. Fui trabalhar em vários lugares e, capuchinho, é e sempre foi um perseguidor nato e implacável do “povo de Deus”, e eu não podia fugir à regra!... Isso tudo fazia parte da ‘espiritualidade’ da Ordem a qual eu pertencia!... E eu jamais esquecia que era membro dela, infelizmente!... Sinto-me, hoje, profundamente envergonhado!... Misericórdia, meu Senhor!...

Era um perseguidor implacável do povo de Deus no interior do Ceará, meu Estado natal, ao qual retornei quando da morte de meu pai, ocorrida no dia 15 de novembro de 1985, dia das últimas eleições que ocorreram naquela data. Depois de 15 dias, após o sepultamento, retornei a Santo André-SP, e em poucos meses, pressionado pela família da parte de meu pai, vim definitivamente para Fortaleza, pensando que poderia cuidar pessoalmente de minha mãe, que ficara viúva. Mas ledo engano!...

O padre sabe que tem mãe, sabe que tem pai (mesmo quando vivos), mas não tem mais NEM UMA ligação afetiva com os seus pais!... Fora eu ensinado a
‘matar’ meus pais dentro de mim!... Acreditem-me!... Quando entrei naquela Ordem – lembro-me como se fosse hoje! – mo início de fevereiro de 1959, com 13 anos de idade (!), ao me despedir do meu Pai, o qual se retorceu todo, para não me demonstrar o quanto ele estava ali sofrendo pela dor da separação do filho ou quando eu abracei a minha Mãe, ah minha Mãe (!), ela se derramou toda em lágrimas e eu ainda a ‘ouço’ dizer: “Meu filho, meu filho, por que, por que... vou morrer de saudades!..”. Quero esquecer este fato, mas não consigo!... Está ainda bem forte na minha mente!...

Quando adentrei e ultrapassei os umbrais daquele velho casarão do Seminário Seráfico de Messejana – como era e ainda é conhecido o “Seminário Nossa Senhora do Brasil”, da ‘Ordem dos Frades Menores Capuchinhos’ – meu coração ficou apertadinho, apertadinho!... Só eu sei o que eu passei naquele momento!... Mas a vontade de ser padre era maior ainda, e valia a pena pagar um preço tão alto assim! Eu assim e assim pensava e passei a agir com determinação e firmeza...

Na primeira semana, foi uma beleza! Os novatos ou calouros receberam as ‘
boas vindas’ dos veteranos, com muitas brincadeiras, muito futebol, uma maravilha!... Mas – sempre tem um mas, ô conjunção coordenativa adversativa terrivelmente marcante! – passada aquela semana, a vida normal teria de vir à tona, e caímos todos na realidade!... Silêncio absoluto!... No primeiro momento, houve a ‘vestimenta’ e a ‘morte’ dos novos fradinhos!... Uma coisa macabra, diabólica, satânica, acreditem-me...

Há uma como ‘
morte’ dos fradinhos para o mundo!... Ali, diante do Capítulo (reunião secreta dos frades, ninguém estranho ali participa daquele ato litúrgico) sem a participação de ‘estranhos’ à Ordem, capitaneados pelo todo-poderoso padre-superior, os novos fradinhos são colocados no chão, dispostos e todos deitados, cobertos cada um por um pano preto, simbolizando um esquife, e são entoadas antífonas fúnebres, pois ali estão aqueles meninos que irão ‘morrer’ para o mundo!... Só que faz parte ‘desse mundo’, os seus pais – mãe e pai – seus irmãos, (se os tiver), os seus avós, os seus tios, os seus primos, os seus parentes e os seus anteriores amigos!... E quem ‘morre’, não tem mais necessidade de ‘alegria’ e nem de ‘tristeza’... ‘Morto’ não ‘sorrir’ e nem se ‘entristece’ com as “coisas deste mundo”... ‘Morto’ não sorri e nem chora!... ‘Morto’ não anda por aí afora ‘sorrindo’ e nem ‘chorando’, morto é morto e ponto final!... E tudo isso nos é ensinado e passamos por esta ‘lavagem cerebral’, durante TODO o longo período de seminário, acompanhado cada um de per si pelo padre ‘orientador espiritual’, e ficamos isolados completamente de nossos pais e familiares e amigos!... Eu suportei TUDO ISSO para ser padre!...Eu queria ser padre! A vontade e a decisão, foram minhas!... Não houve nenhuma interferência de minha família, e eu havia escolhido a pior e a mais severa das “ordens franciscanas”, a dos Capuchinhos... E ali me ensinaram a ser determinado, frio, apático!... Meus olhos ficaram ‘secos’ e meus lábios pararam de ‘sorrir’ um sorriso verdadeiro!... Fiquei sem saber o que era ‘emoção’... Acreditem-me!...

E quem ‘
morre’, não precisa mais de nome... Pra que nome em ‘morto’?!... Perdi o meu nome de berço!... Agora, iríamos ‘nascer de novo’ para Deus e, acima de tudo, para a Igreja, para sermos servo da Igreja, a “santa madre”!... Ser fiel a ‘ela’, lhe ser obediente cegamente , sem discutir ordens!...Ali não se discute os porquês!... E quem ‘nasce de novo’, precisa de um nome!...Um novo nome!... E me foi colocado o onomástico de “Frei Zacarias Maria de Fortaleza, OFMCap”. Zacarias: onomástico; Maria: por causa das ‘nossas senhoras’, e de Fortaleza: por ter nascido nesta cidade. Ou simplesmente o “ Frei Zaca”, como intimamente os colegas me chamavam... Isso foi muito forte na minha mente e no meu coração!...Ficaram marcas indeléveis em mim até hoje!... Passei oito (8) anos consecutivos, sem ver ou falar com os meus pais, e morando na mesma cidade!... Esta era e é a Regra...

Quando fui transferido para outro convento-escola (seminário maior), me foi dada a permissão de visitar meus pais e conviver com eles durante apenas 15 dias!... Eu não sabia mais o que eu estava fazendo ali naquela ‘
casa’ que não era mais ‘minha’, também... Ali, todos eram como ‘estranhos’, para mim!... Fui para Parnaíba-PI, para o seminário maior – Filosofia (3)e Teologia (4) e após o segundo ano de Filosofia, pára-se de estudar para um ano de noviciado, no convento da Serra de Guaramiranga-CE, onde ali não é permitido falar normalmente com ninguém (colegas), silêncio absoluto, uma vida inteiramente contemplativa, de muitos sacrifícios, para ‘provar’, ‘testar’ a nossa vocação... Muitos não suportam, e vão embora, retornam para casa... Eu suportei...

Como já foi frisado acima, fui ordenado padre-capuchinho no dia 11 de dezembro de 1971, em Santo André-SP. Se os meus pais viessem participar, tudo bem; se não viessem, não teria a menor importância para mim!... Isso me foi ensinado, assim!... Oito dias após, vim a Fortaleza, celebrar a minha “
primeira missa” para meus familiares. Mas não pude ficar com meus pais apenas um ou dois dias, pois no dia seguinte àquela celebração festiva, retornei a Santo André-SP, imediatamente... A ordem e a determinação é essa, e ordem não se discute e não se pode questionar nem em sonho!... O padre capuchinho ‘não tem’ mais família... Sua família é a Igreja!... A ‘santa madre’ Igreja!... Ela sim, é a nossa mãe!...

Após ordenado, fui ‘emprestado’ à Diocese de Bauru-SP, onde trabalhei por cinco anos consecutivos, como pároco de uma paróquia, e tudo, tudo que eu ganhava, o meu salário, teria que ser entregue até o último centavo ao meu Superior!... Para que frade capuchinho com dinheiro no bolso? Não fez ele juramentos e votos solenes e perpétuos, prostrado ao chão completamente e beijando o pé direito do seu Superior? Votos de “
obediência, POBREZA e... castidade”?!... (Bem, ‘castidade’, é outro ‘departamento’!... Agora não dá ou não há espaço para ‘explicar’, pois precisarei ‘escrever’ um como outro livro para colocar tudo às claras, deixar que tudo venha à tona!... Agora não dá, entendem?!... Mas isso não é ‘tão’ importante no meio do clero católico romano, por causa da força do tal do ‘sacramento da Ordem’, o qual é superior ao homem... O padre é simplesmente proibido de casar-se por força de decreto canônico, mas casar-se, porém a “santa madre” não interfere na vida privada padre, pela força do tal sacramento... Se suas atividades particulares não chegarem ao conhecimento dos seus paroquianos, tudo está em perfeita paz e harmonia!... Com a bênção do seu bispo, claro!... Pois “onde está o bispo, aí está a Igreja”! Ele é a Igreja!...

Cinco anos após ter sido ordenado e já trabalhando em paróquia, fui orientado pelos meus novos amigos e companheiros do clero diocesano romano, a solicitar minha ‘
secularização’, para ser bem mais ‘livre’... E dei entrada ao processo canônico de secularização, para vir a fazer parte do assim-chamado ‘clero diocesano’... Deixei a Ordem, mas jamais pensei em deixar a Igreja, a qual era a minha vida!... No primeiro dia que passaram a me chamar de “Padre Barbosa” – acreditem-me! – eu demorei alguns segundos para entender que o meu nome mesmo era “Padre José BARBOSA de Sena NETO”. Eu havia perdido a minha identidade, eu havia até mesmo me ‘esquecido’ do meu próprio nome!... Acreditem-me!...

Quando meu pai faleceu – e eu havia falado com ele horas antes, no dia 14 de novembro, por telefone - vim a Fortaleza para o seu sepultamento. Cheguei de madrugada, Lembro-me como se fosse hoje!... Ao chegar de madrugada, encontrei meu pai ali, sendo ‘
velado’ em câmara ardente, em casa, na sua casa, na sala principal!... Entrei em silêncio, devo ter cumprimentado a uma ou a duas pessoas, no máximo, as quais estavam ali na minha frente, aleatoriamente, mas sem abraços, sem nada (eu era um ‘estranho’ para a minha família! Aliás, eles é que eram ‘estranhos’ para mim!...). Mesmo de madrugada, a casa estava cheia!.... E todos se acotovelaram, uns por cima dos outros, para ver o padre-filho chegar!... Aproximei-me da urna devidamente ornamentada, segundo às minhas ordens (havia dado ordens para comprarem para mim a melhor urna que existisse na cidade, que depois eu acertaria...), olhei para o meu pai, sereno, como se estivesse dormindo, passei a minha mão direita nos seus cabelos totalmente brancos, no seu rosto, e senti que havia sido feita a barba e me inclinei e beijei o rosto frio de meu pai e o abracei, demoradamente!!!... Mas, nem uma lágrima!... Meus olhos estavam secos!... Só o meu coração ‘chorava’ e se emocionava!... Abracei minha mãe, beijei-a, mas sem nem uma lágrima!... (“morto” não chora!...). A minha família em peso, murmurou!... Com justa razão!... Não é para menos!... - “COMO um filho, o único filho do casal, não chora diante do pai morto?!”... – diziam isso a boca pequena uns aos outros ao pé do ouvindo!...

Fui eu que celebrei a ‘
missa de corpo presente’ de meu pai, lhe ‘encomendei’ o corpo, e, ao terminar a cerimônia fúnebre, me despedi dele, não mais como padre, mas agora como filho, seu filho, seu único filho e falei coisas marcantes que eu vivenciei com ele, na minha infância, beijei-o e depois abracei-o demoradamente pela última vez, mas nem uma lágrima rolou do meu rosto abaixo!... Todos ali, naquele momento, se emocionaram e choraram, copiosamente... Menos eu!...Nem uma lágrima!...

Anos após, a mesma coisa aconteceu quando a minha mãe faleceu!... Celebrei sua ‘missa de corpo presente’, ‘
encomendei’ o seu corpo, me despedi dela, contando e relembrando fatos marcantes ocorrido nas nossas vidas, quando criança e todos choraram!... Menos eu!... De mim, nem uma lágrima!... Só o meu coração ‘chorava’!... No silêncio da minha dor!... Foi ‘isso’ que essa ‘igreja’ me ensinou!... ‘Isso’, apenas ‘isso!...

Eu era um homem altamente insensível... Pasmem, eu já estava no processo de leitura e investigação verdadeira sobre o plano da salvação, lendo e ‘
comendo’ as Sagradas Escrituras, todos os dias. Anteriormente, já havia feito o ‘meu’ curso de bacharel em teologia, eu já não era ‘tão inocente assim’, mas fui covarde em não dizer nada para a minha mãe acerca do plano redentor realizado na Cruz do Calvário “uma vez para sempre”, que Jesus já havia realizado em nosso lugar!... Os juramentos que o padre faz, aos pés de seus superiores, são muitos fortes e diabólicos!...

Hoje, eu estou procurando servir integralmente ao meu Senhor, na mais absoluta dependência dEle, tempo integral, sustentado por levantamento de sustento por promessa de fé, colocando a minha vida ou o que ainda resta dela, a Seu inteiro dispor, exatamente na cidade do Crato, no bairro Independência, tentando plantar uma futura Igreja local, exatamente no bairro onde eu fui pároco pelo espaço de três anos e meio, perseguindo de maneira implacável ao humilde povo de Deus, na fanática e idólatra Região do Cariri!... Crato é uma cidade universitária, com 135 mil habitantes, segundo o último censo, estando a 538 km distantes de Fortaleza, extremo sul do Estado do Ceará.

Quantos ali perderam o seu emprego, o seu ganha-pão pelo simples ‘
crime’ de serem ‘crentes em Jesus’!... Imaginem o que eu tenho passado, atualmente, na cidade do Crato, vizinha a cidade conhecidíssima de Juazeiro do Norte, a do “meo padim padi ciço”, conforme assim chamam o lendário Padre Cícero Romão Batista, os fanáticos ‘romeiros nordestinos’... Os últimos anos que passei no exercício sacerdotal romano, foram exercidos na cidade de Quixadá – Região do Sertão Central - terra berço da finada escritora Raquel de Queiroz. Ali, a guerra contra os ‘crentes’, foi simplesmente terrível, crudelíssima, implacável!... Eu tinha horror a ‘pentecostal’, pois para mim todos eles eram a figura personificado do Diabo, pois eles, “por falta do que melhor fazer” – eu pensava! – vinham pregar na praça da minha paróquia (sede da diocese, imaginem!), nas tardes dos sábados, os ‘assembleianos’ e o seu pastor, um baixinho muito abusado e determinado - e os baixinhos são sempre muito ‘abusados’ demais!...

E como eu e mais alguns padres, tínhamos o ‘
abençoado’ costume de nas tardes de sábado, após a ‘missa dos feirantes’, às 13 horas, depois de casar ou batizar a seus filhos, de irmos, solenemente, tomar ‘umas-e-outras’, santamente, após a ‘santa missa’, suado, eu trocava de roupa, e na companhia de outros colegas de cidadezinhas próximas, que já se encontravam na casa paroquial me aguardando, saíamos daquela casa às pressas, e atravessávamos a praça da matriz e do outro lado de lá estava uma lanchonete, na qual já havia reservada de forma cativa de uma mesa – a “mesa dos padres”- estava assim escrito! - e enquanto íamos conversando e conversando e conversando, íamos esvaziando algumas garrafas geladíssimas (!), e do outro lado da praça, por volta das 16 horas, chegavam os ‘pentecas’, solenemente acompanhados de seu pastor, um baixinho muito do abusado!... Não sei por que todo baixinho é abusado!... Mistério!...

E os meus queridos pregadores ‘
assembleianos’ são um tanto quanto atípicos, convenhamos!... Prega um, depois outro e mais outro e, no final, prega solenemente o seu pastor!...É o ápice!... E aquele homem baixinho, no final da sua fala, com dedo em riste, em direção a todos nós, dizia: “Jesus em breve vem... Ele está às portas... Mas – novamente a conjunção adversativa! - ficarão de fora os cães (apontando o dedo em riste pra todos nós!!!), os feiticeiros... os idólatras... os bêbados... e todo aquele que ama e pratica a mentira...”. Ah, eu ficava simplesmente irado!...Enlouquecido!... Queria por que queria ir até ao baixinho abusado, esganá-lo com minhas próprias mãos!... Mas a turma do “deixa disso” me segurava!... À noite, a ‘missa da juventude’ era uma ‘festa’... Soleníssima! Uma apoteose!.... Também, poderá!... Todos nós estávamos – digamos - ligeiramente no ‘clima’ da festa, todos ‘altamente’ refrescados pelo conteúdo das geladinhas!...Misericórdia! E o paroquiano ‘vê’ isso, mas não consegue ‘enxerga’!... Até ajuda e acha bonito!... Pasmem!...

Eu era maldoso, cruel, temperamento muito, mas muito forte!... Em razão disso, resolvi ‘esvaziar’ a igreja do pastor ‘baixinho abusado’, (foi ele quem escreveu o prefácio de meu livrinho “Confissões Surpreendentes de um ex-Padre” de apenas 156 páginas, já na terceira edição ampliada). Saí durante quase 22 dias, visitando todos os comerciantes existentes, meus paroquianos, estabelecidos naquela cidade, exigindo que fossem mandados embora, aquele homem, ou aquela senhora, ou aquela moça ou aquele rapaz ‘
crente’ que estivesse trabalhando naquele estabelecimento comercial porque era ‘pecado mortal’ ter um herege trabalhando ali e Deus não iria abençoar aquele estabelecimento comercial, afirmava, e, se não fossem mandados embora, o comerciante não poderia participar da “mesa da eucaristia”!... E isso é muito sério em cabeça de católico engajado em paróquia!... É um “deus-nos-acuda”!... E ‘fiel’ é aquele que simplesmente obedece, sem discutir... Por isso ele é chamado de FIEL...

Muita gente perdeu o seu emprego!... E muitos tiveram que sair da cidade para vir para a capital ou ir para uma outra cidade maior!... Numa cidade onde a seca impera!... Imagine!... Façam uma pálida idéia!... Mas o que mais me chamou a devida atenção foi o fato ocorrido com um capataz de uma fazenda, cuja ‘
cabeça’ eu dei ‘ordens’ para ser ‘degolada’, sem dó e nem piedade, para ser mandado embora, ele e toda a sua família – na época, com esposa grávida de oito meses, uma criança de colo e duas pequeninas no chão – só pelo fato de todos serem ‘crentes!... Eles foram me procurar na casa paroquial para “agradecer o mal que o senhor pensa que nos fez”... Coloquei-os pra fora de minha casa, aos empurrões, crianças caindo ao chão, uma loucura diabólica, eu perdi a cabeça naquele dia!... Os detalhes eu não vou contar agora para não ‘perder a graça’ do DVD que qualquer irmão ou irmã poderá solicitar, para ter conhecimento dos detalhes! O que o Senhor Jesus santamente ‘aprontou’ comigo, depois de muitos e muitos anos após este fato ocorrido, após a minha conversão, na casa daquela família, ficou marcado e indelével, para sempre, no meu coração!... Para sempre!... Esta é a beleza do Evangelho!... Isto é que é Deus!

Mas – sempre há esta abençoada conjunção coordenativa adversativa! – no dia que eu entreguei a minha vida totalmente ao meu Senhor Jesus, ah, Ele me devolveu a alegria das lágrimas!... Eu chorei, não o choro convulsionado dos desesperados, mas o choro suave, quente, abundante dos que sabem se derramar de alegria extasiante, perante o seu amado Senhor!...Hoje tenho a mais absoluta certeza que o Senhor Deus, em Cristo Jesus, já perdoou todos os meus pecados, lavando-os com o Seu sangue na Cruz e escreveu o meu nome no Livro da Vida do Cordeiro, para sempre! Louvado e engrandecido seja o Nome do Senhor! Para sempre!

12 – Pastor, gostaria que o senhor dissesse algo para os nossos amigos leitores que não conhecem Jesus Cristo de verdade ainda, e que também mandasse um recado para nossos irmãos em Cristo.

Pr. Barbosa Neto - Que leiam as Sagradas Escrituras, dissociados do assim-chamado “magistério da igreja” (Católica) , tirando as ‘viseiras’ romanistas e deixando que o Espírito Santo fale aos seus corações. Pois a Escritura assim diz: “ E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” e “se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” – diz-nos o Senhor Jesus (João 8.32,36). Aos nossos irmãos em Cristo, lavados e já purificados pelo Sangue precioso de Jesus, tendo o seu nome escrito no “livro da vida do Cordeiro”, que permaneçam firmes no Senhor, aguardando a Sua volta gloriosa, para vir buscar e levar a Sua Igreja.

13 – Como podemos entrar em contato com o senhor, para comprar seu livro, DVD... E convidá-lo para ministrar a palavra em nossas igrejas?

Pr. Barbosa Neto - É muito simples. Precisam saber que antes de eu ser tradicional e membro de uma Igreja local, sou membro do Corpo de Cristo. Isto é de fundamental importância. Peçam informações aonde e onde tenho realizado conferências evangelísticas e de desafio missionário, se valeu a pena ou não, se a aquela igreja anfitriã foi ou não abençoada e enriquecida e se o Nome do Senhor Jesus foi ou não glorificado. Após isto, entrem em contato comigo, através do seguinte endereço: Pr. José Barbosa de Sena Neto – Rua Carolino de Aquino, 38 – Bairro de Fátima – Fones: (085) 3253.5038 ou 3226.3391 – 60.050-140 – FORTALEZA - CE. Quem desejar meu livrinho – “Confissões Surpreendentes de um ex-Padre” - R$ 23,00 – ou meu DVD do mesmo título – R$ 20,00 – ou um DVD sobre “Revelações sobre o Catolicismo Romano” - R$ 15,00 – ou o meu CD (meu testemunho em áudio ao vivo) do mesmo titulo – R$ 5,00 – é só depositar o respectivo valor em qualquer agência ou caixa eletrônica do Bradesco – agência 2194-6 e C/C 12.168-1 (em nome de Ítala Rosa Barbosa de Sena, minha esposa, titular 1) e enviar o respectivo cupom de depósito para o endereço acima, com seu nome bem legível e endereço completo com CEP, para que não haja embaraço nos correios e aguardar que em poucos dias aquilo que foi solicitado chegar às suas mãos. As taxas de correios já estão incluídas. Qualquer uma de nossas igrejas genuinamente evangélicas, espalhadas por este Brasil imenso que desejar a minha presença para uma série de conferências evangelísticas ou missionárias é só entrar em contato. Eu não ‘cobro’, nunca ‘cobrei’ e jamais ‘cobrarei’ coisa nenhuma! Vivo e sobrevivo na mais total dependência de Deus, sendo sustentado por levantamento de sustento por promessa de fé. Recebo ofertas de amor e de sacrifícios, pois eu e minha família ainda não estamos glorificados, precisamos nos alimentar e pagar as nossas contas para a nossa mínima sobrevivência. Nada mais que justo. Solicitamos, apenas, as passagens de ida e volta, de avião, que podem ser em vôos noturnos que são bem mais em conta e hospedagem na casa pastoral e que divulguem o evento e os meus materiais, pois a venda deles também provem o meu sustento e o de minha família, esposa e de três filhos. Nada mais que isso. Apenas isso. Mas que marquem o evento com antecedência. Estou ao inteiro dispor para todo o Brasil, capitais e interior.

14 – Onde o senhor encontra-se trabalhando?

Pr. Barbosa Neto – Encontro-me trabalhando na cidade do Crato, extremo sul do Estado do Ceará, na vasta Região do Cariri, vizinha a cidade de Juazeiro do Norte, onde fui pároco por três anos e meio, plantando uma igreja batista local, no populoso bairro Independência. Crato é uma cidade universitária, com uma população em torno de mais de 135 mil habitantes, conforme o resultado do último censo. Orem em nosso favor e ajudem-nos com suas ofertas de amor missionário e nos ajudem também a manter o nosso programa radiofônico no ar – “UMA HORA COM DEUS” – levado ao ar às segundas-feiras, das 8 às 9 hs da manhã, na Rádio Araripe do Crato, AM, lançado em outubro de 2007, o qual já está muito bem ouvido em toda a vasta região do Cariri, pela força da penetração que ainda o rádio exerce no sertão nordestino. Quem desejar assim fazê-lo, poderá realizar qualquer depósito na conta Bradesco acima já mencionada. De já o nosso muito obrigado, em o Nome de Jesus! Saibam todos que serão muito abençoados, abundantemente! Não tenham a menor sombra de dúvidas! E quem assim o fizer, generosamente, receberá o meu CD autografado, é só nos comunicar o seu depósito, através do endereço também acima mencionado.

15 – Foi um prazer enorme falar com o senhor, e que Deus o abençoe sempre! A paz do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Pr Barbosa Neto - O prazer foi todo meu! Fiquem todos na Paz do Senhor! O Senhor Deus os abençoe, rica e abundantemente! Esta é a minha sincera oração!