sábado, 26 de janeiro de 2008

A IGREJA DE ROMA NÃO SABE AMAR: DESPREZA SEUS MINISTROS...

Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br



No último dia 31 de dezembro do ano passado, meu telefone não tocou de manhã bem cedo! Senti a falta da ligação telefônica de um amigo muito querido, o qual desde quando nos conhecemos, jamais havia deixado de telefonar para a minha casa, às 6hs da manhã, para cumprimentar-me pela passagem de meu aniversário natalício! Nesse último dia do ano, meu coração ficou apertado! Uma tristeza imensa caiu sobre mim, pois o meu amigo querido, de longas datas, não me telefonou naquele dia! Outros também não me telefonaram. Aliás, nunca recebi uma ligação telefônica de outras pessoas, fora do meu circulo familiar, no dia de meu aniversário, mormente de algum colega de ministério, exatamente naquele dia... Só meus familiares assim o fazem, com muito carinho!

A Bíblia diz que “o homem que tem muitos amigos pode vir à ruína...” (Pv 18.24 a). Sou de poucos amigos. Na solidão e no isolamento provocado por meus pares, prefiro ficar recolhido à minha insignificância, trabalhando na Obra que o Senhor Deus me confiou, no sertão do meu estado, na mais total dependência dEle, ao lado dos meus queridos familiares. A Bíblia também diz que “há um amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24b). É deste amigo querido que não me telefonou no dia do meu aniversário, como habitualmente assim o fazia, que dele quero falar, com muito carinho e recordação!...

Pedro Paulo Cavalcanti de Menezes nasceu em Fortaleza, no dia 07 de novembro de 1945, o segundo filho de Romeu de Castro Menezes e de D. Maria Cavalcanti de Menezes, carinhosamente chamada de Dª Jandira. Ainda criança mostrou talento pela música, popular e sacra, tocando tamborim no conjunto do pai, católico fervoroso.

Naquele período de sua infância, surgiu o desejo de ser padre. Foi um alvoroço dentro de casa, mormente para o Sr Romeu, pois perderia o componente de seu conjunto. Mas, com o passar do tempo, aceitou de bom grado a decisão do filho músico. Aos 11 anos de idade, em 1956, Pedrinho fez um passeio no Seminário dos Padres Sacramentinos, oportunidade que lhe despertou mais ainda o seu interesse pelo seminário, cujo objetivo era o de vir a ser um padre.

No ano seguinte, Pedrinho passou uns dezesseis dias com aqueles padres, em retiro. Naquele tempo seus pais residiam em Sobral, zona Norte do Ceará, tendo como vizinho um clube social. O diretor do Seminário dos Padres Sacramentino, em seu arrogo de ignorância, dizia que não podia entrar na casa do pai do garoto Pedro Paulo, e nem poderia deixá-lo entrar na Ordem para cursar no seminário, porque havia ao lado de sua casa um clube mundano. O diretor tornou-se cada vez mais inflexível e, a boca pequena, dizia que aquela residência não era digna por causa do clube junta àquela residência, culminando, em razão da desavença, a não entrada do menino Pedrinho, naquele seminário. Começou aí a sua primeira rejeição pelos líderes da “santa madre”...

Mas Pedrinho não se deixou abater, em fevereiro de 1958 entra para o Seminário dos Padres Lazaristas, lá ficando até dezembro de 1964, pois não quis fazer o noviciado, e no ano seguinte entrou para o Seminário Arquidiocesano de Fortaleza, mais conhecido como Seminário da Prainha. Mas aquela instituição fechou suas portas em 1966. Pedrinho naquele tempo já residia na cidade de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza. Em razão desses impasses, Pedrinho foi para o Seminário Seráfico de Messajana, dos Frades Menores Capuchinhos, como seminarista externo, sem pertencer àquela Ordem. Eu, já frade capuchinho, foi lá que o conheci e fizemos uma grande amizade! Durante dois anos, fez o curso de teologia naquele seminário.
Em 1969, também como aluno externo, participou do curso de teologia no ITEP – Instituto Teológico-Pastoral, sucessor do Seminário da Prainha, para formação dos atuais presbíteros (padres), mas também aberto a religiosos, religiosas e leigos. Terminado o seu curso em 1974. Pedro Paulo, estagiou na Catedral de Quixadá, cujo então pároco era o Pe. José Dourado, de quem se tornou muito amigo, sendo este seu tutor. Fez também estágio em São Luis do Curu-CE.

Ordenei-me padre primeiro que ele, no dia 11 de dezembro de 1971. Pedrinho demorou muito tempo para ser ordenado, pois pelo fato de gostar de musica, seus superiores achavam que ele não tinha vocação. Aquele meu amigo foi convidado a residir em Quixadá, pelo bispo ordenante e em 28 de setembro de 1975, foi ordenado por Dom Joaquim Rufino do Rêgo, seu amigo, o primeiro bispo da nova diocese de Quixadá, ficando ali servindo como vigário-auxiliar daquela diocese. Até que no início de 1978, foi nomeado pároco da paróquia da cidade de Madalena-CE, ali ficando até o dia 07 de fevereiro de 1993. Em todas estas datas, me fiz presente, para alegrar o coração do meu amigo!

Quando Dom Rufino foi transferido para a diocese de Parnaíba-PI, e tomou posse Dom Adélio José Tomasin, no dia 26 de março de 1988, a partir daí, começou o seu ‘martírio’, a falta de amor e a falta de reconhecimento por parte do seu novo bispo, em relação ao seu trabalho realizado. Pedrinho sempre foi dinâmico, quer na área religiosa, quer na área da educação, vindo a lecionar nos principais colégios daquela cidade, nascendo daí um contato permanente com os adolescentes, desenvolvendo um trabalho que envolveria grande parcela de crianças e jovens, surgindo grupos que atuavam junto às comunidades carentes da periferia. Insto incomodou ao bispo, pois Pedrinho era simpatizante da assim-chamada “Teologia da Libertação”.

Na cidade de Madalena-CE, trabalhou tanto na parte espiritual quanto na social. Foi a principal personalidade na emancipação daquele município. Foi um grande baluarte na educação dos jovens madalenenses, tendo conseguido trazer o ensino médio com o 2º grau pedagógico, para aquele pequeno município, através do Colégio Luzardo Viana, de Caucaia-CE, integrante da CNEC, onde foi diretor por muitos anos.

Em 1989, conjuntamente com seu irmão, também padre e meu amigo, Pe. Francisco Antônio Cavalcanti de Menezes, (o Pe. Tela de quem eu tanto falo em meu testemunho), iniciaram uma carreira artística, com o lançamento do primeiro disco, dos vários que ambos gravaram, sempre trazendo músicas alusivas à fé católica, claro!

Padre Pedro Paulo, o Pedrinho, sofria desde criança de escoliose, com importante curvatura em sua coluna, e isso lhe trouxe uma série de complicações, até mesmo complicações sérias no coração, tendo que usar aparelhos especiais. Como a saúde não mais lhe permitia exercer seu sacerdócio com toda a garra, dado os seus esforços físicos necessários a seus atendimentos comunitários, seu médico lhe aconselhou diminuir o ritmo de seu trabalho.

Seu diocesano, membro da assim-chamada “Ordem dos Pobres Servos da Divina Providência” que de “pobres” nada têm, com sede na Itália, não gostou e não quis compreender o estado de saúde do Pedrinho, e o retira, abruptamente, de suas funções paróquias, mesmo contra a vontade do povo daquela cidade. Seus paroquianos e uma expressiva parte da população da cidade de Madalena fazem uma campanha em favor da permanência do Pedrinho naquela cidade e paróquia, fretam vários ônibus e vem até Quixadá, para interceder pela não saída de seu pároco. Mas, bispo, imaleável e altamente insensível, não atendeu ouvidos aos rogos populares! E retirou Pedro de suas funções de pároco! Apenas, depois de muitos rogos das autoridades municipais, permitiu que Pedrinho ficasse residindo em outra casinha da paróquia. Pedrinho continuou, durante algum tempo, como diretor da CNEC de Madalena e nunca falou às festividades religiosas daquela paróquia. Ele era muito querido daquela população!

Quando comecei meu processo de leitura das Sagradas Escrituras, com minhas próprias lentes, investigando o verdadeiro Cristianismo bíblico, fui visitá-lo em Madalena. Ali conversamos, abri-lhe meu coração e disse que não mais poderia exercer o sacerdócio. Ele me abraçou, demoradamente, e disse que eu tomasse a decisão que eu mais achasse conveniente e que eu teria o seu apoio irrestrito e total. Fiquei surpreso com aquela atitude do meu grande amigo! Choramos juntos!

Pedrinho, não demorou muito residindo naquela casinha em Madalena. Foi despejado de forma desumana pelo seu bispo. Um caminhão parou em frente à casa onde residia e sua mudança foi feita, à sua revelia. E povão veio olhar, demonstrando revolta. Pedrinho pediu a população que veio em seu favor, muita calma, tranqüilidade e resignação. O povo acatou as palavras daquele amigo que iria embora, contra a vontade popular. E ele veio morar na casa de seus pais, em Caucaia-CE, onde já ali morava seu irmão e padre, além de outros familiares.

Quando deixei definitivamente das fileiras do Romanismo, ele foi o único padre que ficou do meu lado! Ele me visitou em minha casa inúmeras vezes, mesmo contra as normas canônica: um padre em exercício sacerdotal, não pode visitar um ‘padre’ tido como renegado! Mas o meu amigo não queria saber disso, vinha visitar-me, almoçar e conversar comigo!

Naquelas oportunidades falei-lhe do plano redentor, do grande amor de Deus em Cristo Jesus! Em uma das vezes ele chorou demoradamente abraçado comigo e com sua cabeça reclinada em meu ombro, o qual ficou muitas vezes umedecido pelas suas lágrimas:
- “Barbosa, você está certo, meu amigo e irmão camarada! Ore por mim! Eu não tenho mais chance, não tenho mais como começar minha vida toda de novo! Você sabe disso! Que Deus tenha piedade de mim!”. Concluiu em lágrimas, o meu amigo Pedrinho! Nada mais eu poderia fazer...

No dia 14 de abril do ano passado, ao anoitecer, Pedrinho ao dirigir-se no carro de seu irmão, um fusquinha já muito velhinho, para ajudá-lo na Paróquia de Capuan, distrito de Caucaia, foi violentamente abalroado, pela imperícia de um jovem motorista irresponsável, completamente embriagado, que atravessou a pista no contra fluxo, fraturando-lhe o esterno, osso ímpar na parte superior do tórax e lesionou o seu pulmão.

No dia 17 eu o visitei e vi meu amigo pela última vez! Li para ele a Palavra de Deus, e mais uma vez lhe fiz um convite todo especial e comovente, para que ele entregasse sua vida a Jesus, e O confessasse como seu Salvador pessoal e Senhor absoluta de sua vida! Nunca havia visto o Pedrinho chorar tanto ao longo da nossa amizade! Seus olhos se manifestaram em lágrimas e soluçou, e em silêncio ele maneou a cabeça, em sinal afirmativo! Eu lhe disse:
- “fale, Pedrinho, abra a sua boca e fale, confesse a Jesus”. Li para ele Romanos 10.9 e ele, com voz fraquinha, disse:
- “Eu o aceito”! Eu orei e ele foi repetindo, devagarzinho a minha oração em seu favor! Com muita dificuldade, dada a emoção vivida naquele momento, ainda consegui orar por ele! Ao sair daquele hospital, entreguei os resultados nas mãos do Senhor Deus, Todo-Poderoso! É Ele “quem efetua em vós (nós) tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp. 2.13). É Ele quem sabe de todas as coisas! Ele é soberano!

No dia 18 de abril, quarta-feira, perto do meio dia, o telefone da minha casa tocou! Era o Pe. Tula, seu irmão:
- “Pastor Barbosa, o Pedrinho acaba de falecer”. Meu coração sentiu uma dor doída mais que forte! Meu peito ficou apertado! Minha voz não sai! E eu chorei abundantemente!

Nenhum padre da sua diocese de Quixadá compareceu ao seu humilde velório e sepultamento! Nem tampouco o seu então bispo, o qual nem mesmo se deu ao trabalho de fazer uma ligação telefônica para consolar a família! Mas ele fora avisado! A diocese não colaborou em nada com os gastos dos funerais, pois a família é muito pobre. E padre ‘desempregado’ vive na mais perfeita calamidade e 'pobreza franciscana', pois a diocese não lhe envia um centavo, nem um copo de leite, não tem mais INSS, nem plano de saúde, nem plano funerário! Nada! E o Pedrinho não conseguiu se aposentar... A família teve dificuldades com os gastos do sepultamento e seus amigos mais íntimos, colaboraram neste momento de dor. Faltaram os ‘cuidados’ da “santa madre” para com o seu ministro doente, já envelhecido, vítima de acidente. Faltou amor da “santa madre”! Esta é a ‘igreja’ que auto se considera a “única e verdadeira”! Por esta razão, no último dia do ano passado, por ocasião do meu aniversário, o meu telefone não tocou como todos os anos assim fazia!... O meu amigo Pe. Pedro Paulo, o Pedrinho, já não estava mais aqui conosco!...

* pastor batista, foi sacerdote católico romano por 22 consecutivos, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre", já em terceira edição ampliada, conferencista, palestrante de seminário para caais e noivos, missionário na cidade do Crato-CE.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Livro e DVDs e CDs do ex-Padre Barbosa Neto

Livro: "Confissões Surpreendentes de Um ex-Padre" 156 págs, em 3ª edição - R$ 25,00
DVD - "Confissões de um ex-Padre" - R$ 15,00
DVD - "Revelações Sobre o Catolicismo Romano" - R$ 15,00
CD - gravado ao vivo - "Confissões de um ex-Padre" - R$ 5,00



Endereço para pedidos:

Pr. José Barbosa de Sena Neto
Rua Carolino de Aquino, 38 – Fátima
60. 050-140 - FORTALEZA- CE.

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Agência: 2194-6 Conta corrente 12.168-1 -

Em nome de Ítala Rosa Barbosa de Sena (esposa) e enviar o cupom do depósito para o endereço acima, com seu nome e endereço e CEP corretos.
O Senhor Deus há de recompensar a todos com as mais ricas e copiosas bênçãos celestiais! (Fp 4.19).



POR QUE DEUS FALOU?

Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br


Muita gente estudiosa está procurando descortinar o futuro com a finalidade de prevenir-se contra possíveis catástrofes que possam vir sobre a humanidade.

Que acontecerá daqui a dez anos? Como viverá a humanidade quando estiver o dobro de população que tem hoje? Se há preocupação com a situação do mundo, em seus aspectos físicos, social e político, é natural que os crentes também se preocupem com a situação da fé no futuro, mediante a grande transformação pela qual o mundo certamente há de passar.

Como será a nossa fé dentro de poucas décadas? E a Igreja, como estará? De que modo Deus será cultuado? A Bíblia Sagrada, como será entendida? Pretendemos com a ajuda do Senhor Deus, escrever uma série de artigos focalizando este assunto tão palpitante e oportuno para os nossos dias.

Mas, por que Deus falou, “nestes últimos dias”, conforme Hebreus 1.2? Por que razão Deus se preocupa tanto com os homens a ponto de manter-Se em contato com eles? O texto acima diz que Deus, outrora, falou de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas e que, por fim, “falou pelo Filho”. Não vamos aqui passar em revista os textos em que Deus falou, porque seria passar por toda a Bíblia Sagrada. Deus fala através de cada página das Sagradas Escrituras.

Mas, por que Deus falou? Esta pergunta enfeixa uma infinidade de interrogações: - Por que Deus falou a Adão e Eva? Por que falou a Abraão, a José, a Moisés, aos profetas? Deus não faz coisa alguma sem atender a um propósito dentro dos Seus planos eternos. Se falou, é porque houve um motivo intrínseco à Sua natureza e atinente aos Seus eternos planos. Faz-se necessário dizer que a verdade teológica de um Deus que fala ao Seu povo não encontra paralelo em nenhuma religião pagã. Os profetas de Baal falavam ao seu ídolo, mas dele não saía nenhuma resposta (I Reis 18.20-40). Porém, o Deus que Israel conheceu e anunciou ao mundo não só ouve o que Lhe é dito, como dá resposta inteligível às preces de Seus filhos (Salmo 116.1).

Ainda mais: Deus não falou apenas através da natureza, tão rica de mensagens de poder, bondade e zelo, mas dirigiu palavra clara aos pais, pelos profetas, e, no tempo certo, essa Palavra assumiu forma de vida humana, na pessoa de Jesus Cristo, o Verbo de Deus – a Palavra encarnada! Mas a pergunta perdura: por que tudo isso? Vejamos:

I – Deus falou porque foi do Seu agrado. Quando Jesus foi batizado, uma voz do céu se fez ouvir: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lucas 3.22). Deus dizia com isto que Ele se agradava de ter no mundo o Seu Filho, como expressão máxima da Sua revelação aos homens. Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança porque desejava ter amigos com quem pudesse conversar. De fato, não foi o homem quem primeiro buscou a Deus, mas foi este quem veio ao seu encontro! A expressão “veio a mim a palavra do Senhor” é comum no Antigo Testamento, como prova de Deus falou por iniciativa própria. Até a morte de Jesus na Cruz do Calvário, a Palavra máxima do amor de Deus, foi algo do agrado dEle, como diz o profeta Isaías: “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” Isaías 53.10).

II - Deus falou para tronar-Se conhecido. Deus não seria conhecido dos homens se Ele tivesse permanecido em silêncio. Paulo diz na carta aos Romanos, que “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.20). De fato, Deus se manifestou em primeiro lugar pelas coisas criadas. Desse modo, deu-Se a conhecer ao homem que pôs como cabeça da criação, mas, infelizmente, os homens não entenderam bem esta mensagem. Então, fez-se necessária a mensagem falada aos pais, pelos profetas e, finalmente, por Jesus Cristo. E, para que ninguém tivesse dúvidas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras; “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1.14). Deus falou de modo inconfundível e a Bíblia é a expressão, em termos humanos, da Sua mensagem. Deus falando aos homens, num contexto puramente humano, é o que encontramos nas páginas das Escrituras Sagradas. Desta forma desvendou-se o mistério da Sua vontade e dos Seus santos e eternos propósitos (Efésios 1.9-11).

III – Deus falou para trazer-nos a salvação. Desde que o ser humano caiu da sua situação de santidade, com o pecado de nossos primeiros pais, Deus vem falando a nós, incessantemente, com o propósito de tornar efetiva a salvação. Falou a Abraão: “em ti serão benditas todas as famílias da terra” Gênesis 12.3). A Moisés prometeu que suscitaria um profeta maior que ele (Deuteronômio 18.15). Em Isaías disse: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (1.18). Em Jesus está o máximo do que Deus pôde revelar aos homens: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados...” (Hebreus 1.3). Deus falou-nos para que entendêssemos o Seu plano de salvação e fôssemos salvos! Glorifiquemos ao Senhor Deus por isso! Para sempre!
* pastor batista, ex-sacerdote católico romano, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre" já em terceira edição ampliada, conferencista, missionário na cidade do Crato-CE.






O SENHOR USA UMA IGREJA ASSIM...

* Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahho.com.br



Em artigo anterior, analisamos que a Igreja de Tessalônica era uma igreja operante, receptiva à Palavra de Deus e aos líderes do Senhor e muito paciente. Mas observamos, também, que a Igreja de Tessalônica era uma igreja exemplar (I Ts 1.7). Paulo declara claramente que aquela igreja se tornara “o modelo para TODOS os crentes...”. A cidade de Tessalônica estava situada em uma encruzilhada e era um importante centro. A igreja de lá era muito conhecida e o relatório de seu vibrante testemunho foi espelhado por todo o mundo romano. Outras igrejas foram moldadas por ela. A nossa igreja local tem sido assim?

O que vemos hoje por aí afora são Igrejas cheias de “propósitos” e superlotadas de pessoas vazias sem as marcas do “nascer de novo” sem o qual ninguém “pode ver” e nem “entrar no reino de Deus” (João 3.3, 5). São igrejas transbordantes de pessoas ansiosas pelas “bênçãos do Senhor”, mas que não querem nem um compromisso com o Senhor das bênçãos, igrejas transbordando de crentes mal-alimentados, subnutridos da Palavra, com semblante espiritual anêmico, nada operoso, nada abnegado! Determinadas igrejas são conhecidas principalmente por seu mundanismo e falta de dedicação total ao Senhor Jesus, o qual deveria ser Senhor absoluto de suas vidas. Que privilégio ser membro de uma igreja como a de Tessalônica!

Ela era, também, uma igreja missionária (I Ts 1.8). E Paulo é enfático: “... porque de vós repercutiu a Palavra do Senhor não somente na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus...”. Ali estava uma igreja local, cuja luz não se escondia debaixo do alqueire, mas brilhava constantemente para Cristo! A palavra traduzida por “repercutiu” significa o toque agudo e sonoro de uma trombeta e assim era o testemunho vivo daquela igreja!

Aquela igreja não influenciou sua responsabilidade apenas em casa. Ela compartilhava a sua “fé para com Deus” na sua própria região. Isso é essencial para o cumprimento da Grande Comissão em nossa geração. Muitas das nossas igrejas pensam que a evangelização deve estar centralizada principalmente em ‘grandes concentrações’, realizadas uma ou duas vezes por ano, em momentos especiais. Entretanto, o verdadeiro evangelismo praticado naquela igreja constava de um programa efetuado, dia após dia, semana após semana. Ela tinha por hábito a vivência constante de fazer repercutir a sua fé em Deus por toda a parte! Aqueles crentes sabiam evangelizar dia após dia! E nós, sabemos evangelizar como estilo de vida diário?

A igreja que não possui visão dos milhares e milhões que perecem em lugares distantes é uma igreja fria, sem entusiasmo, sem operosidade, sem abnegação, é muito pobre, embora algumas sejam ricas em bens materiais... Mês após mês, milhares de pessoas afluíam a cidade de Tessalônica e algumas delas iam sendo despertadas pelo evangelho, convertiam-se a Cristo Jesus e movimentavam-se por todo Império Romano, dando testemunho a respeito do Salvador.

Ela era, também, uma igreja separada. (I Ts 1.9-10). Paulo emprega uma palavra muito adequada para descrever o impacto do evangelho sobre esses crentes, afirmando que os tessalonicenses haviam se convertido: “.... deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”. Era separada do pecado, dos ídolos, da sua velha maneira de ser. Separada. Santa.

Conversão significa uma transformação completa e visível da vida e essa mudança sempre acompanha o novo nascimento! Outrora, vidas as piores possíveis, mas hoje, homens e mulheres de Deus! Este é o maior de todos os milagres! Ah, quanta falta nos faz ouvirmos sempre e sempre mensagens sobre o “ nascer de novo”!... É uma mensagem antiga, mas que se renova a cada dia! Os ‘modismos’ a tem afastado de nossos púlpitos. Quanta saudade elas nos faz!

Nesta época em que vivemos de tentativas superficiais de aproximação impregnadas de novos paradigmas às coisas espirituais, quando o marketing e a psicologia são confundidos com a proclamação do Evangelho da Graça, é preciso sempre lembrar que Jesus afirma que o novo nascimento é condição sine qua non para que tenhamos o nosso nome inscrito no Livro da Vida do Cordeiro, e que este novo nascimento consiste em “nascer do Espírito”, e que tal fato é infinitamente mais do que uma ‘decisão emocional’, um simples levantar de mão, embora esteja incluído o ato da vontade humana, e que o “nascer de novo” é obra inteiramente de Deus, e não o resultado de uma persuasão humana hábil e persistente. É uma transformação radical realizada pelo poder do Espírito Santo, e que resulta em uma vida completamente nova e diferente! O maior milagre que precisamos hoje é de vidas realmente transformadas radicalmente pelo poder do Espírito Santo!

Paulo menciona, então, a expectativa que se apoderou dos tessalonicenses, que os levara a esperar ansiosamente “dos céus o Seu Filho”. Conquanto a palavra “converterdes”, no verso 9, descreva uma ação que era feita uma vez por todas, as palavras “servirdes” e “aguardardes” nos versos 9 e 10 indicam uma ação presente e representam uma atitude constante e contínua. A cada dia aqueles crentes esperavam que Jesus voltasse! E nós, temos estado também, ansiosos pela volta de Jesus, para arrebatar a Sua Igreja? Temos pregado sobre a volta iminente de Jesus em nosso púlpitos?


Eis a descrição divina de uma igreja espiritual, ganhadora de almas, e que honrava ao Senhor Jesus. As características por ela apresentada, poderiam servir de prova para cada uma de nossas igrejas locais verificar até que ponto seu ministério e testemunho estão agradando ao Senhor. Pensemos seriamente sobre tudo isso, meus queridos irmão!...
* pastor batista, ex-sacerdote católico romano por 22 anos consecutivos, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre" já em terceira edição ampliada, conferencista, missionário na cidade do Crato-CE.

CRESCIMENTO DE IGREJA: método e estratégia bíblica.


* Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br



A cada dia que passa, mais e mais ouvimos vozes que nos dizem que precisamos de igrejas locais sempre cheias, vibrantes, onde o povo sinta-se envolvido por um clima novo, contagiante, que proporcione ‘empolgação’ e ‘atrativos’ pouco ou quase nada levado em consideração a superficialidade reinante, suplantando a maturidade espiritual ou até mesmo reduzindo o tempo reservado para a proclamação da Palavra de Deus, que deveria ser o ponto culminante do culto de louvor e adoração. Mas o que vemos hoje, não é bem assim... Hoje, o mais importante é a ‘casa cheia’! O já tão famigerado ‘louvorzão’ deve ser sempre acompanhado por um interminável ‘desfile’ de ‘cantores’ que se queixa de ‘evangélicos’, às vezes de procedência altamente duvidosa, sem vida espiritual nenhuma, os quais precisam de um destaque todo especial, sem o qual o povão não é atingido com mensagens superficiais pregadas sempre às pressas, em razão dos ‘crentes das nove horas’ que precisam ir embora naquela hora precisa, alguns para não perderem o célebre “Fantástico – o show da vida” e, se tudo não ocorrer ‘dentro dos conformes’, não serão os espectadores agraciados com as “bênçãos do Senhor”, na esperança que tudo isso sirva para atrair os incrédulos aos cultos levados a efeito pelas igrejas por aí afora. Os ‘modismos’ ditam regras para a igreja local crescer e, em assim não acontecendo, a igreja local se envereda pelas estradas de um crescimento anacrônico.

Na verdade, a igreja foi instituída para crescer. Mas isso só ocorre na “simplicidade e pureza devidas a Cristo” (II Cor. 11.3), a fim de que sejamos “testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At. 1.8) e, desta forma, “será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho de todas as nações” (Mt. 24.14). Se a igreja local assim se colocar no centro da vontade de Deus, o número final dos redimidos será grandioso, admirável, mais numeroso que “as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar” (Gên. 22.17), “de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap. 7.9).

Muitos livros já foram escritos sobre “crescimento de igrejas”, muitos até mesmo se tornaram best-seller e, como bússolas, os colocamos diante de nós, para que eles nos norteiem e nos indiquem o melhor e o mais perfeito método e estratégia que se encaixe dentro de nosso realidade local. E ficamos felizes e enriquecidos pelas descobertas conquistadas! Uma maravilha, não?!

De imediato, temos a tendência inicial de pensar em líderes, pregadores de massas, de preferência os mais bem-sucedidos, os quais foram levantados para fazer a obra do senhor avançar. Na verdade, cremos e oramos pelo trabalho missionário desses homens valorosos e deveríamos interceder sempre por eles para que Deus nos conceda cada vez mais homens dessa estirpe. No entanto, podemos estar colocando ênfase desmedida em tais pessoas e menosprezando o plano por excelência estampado em o Novo Testamento!

Além do mais, precisamos ter em mente que quando falamos sobre ‘crescimento de igreja’, não estamos analisando primeiramente a respeito da vida humana e dos interesses por coisas materiais, passageiras. Não. Confrontamos, isto sim, um adversário sobrenatural terrível e, por conseguinte, precisamos ter poder sobrenatural. Não podemos falar em ‘crescimento de igreja’ sem antes termos um entendimento prioritário daquilo que a igreja é, pois quando verdades fundamentais não ocupam a prioridade, os conceitos que tivermos sobre ‘crescimento de igreja’ seguirão em direção errada, tudo que fizermos em prol deste crescimento irá para o ‘ralo’... esta é que é a grande verdade!

Como crentes neo-testamentários, cremos e proclamamos que “a Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão pública de fé”, sendo “uma sociedade civil auto-governativa, de natureza religiosa, constituída de acordo com as leis do país, sem fins lucrativos, composta de um número ilimitado de pessoas sem distinção de sexo, raça, idade ou condição social, convertidas a Jesus Cristo e batizadas conforme as doutrinas e práticas do Novo Testamento, que tem como finalidades: reunir-se para prestar culto a Deus, estudar a Bíblia Sagrada, proclamar a obra missionária no mundo inteiro, praticar a beneficência e administrar os seus próprios negócios”. Corretíssimo. Mas o que vem a ser uma pessoa regenerada?

Uma pessoa regenerada é alguém que experimentou o infinito amor de Deus em Cristo Jesus, perdoando-a e concedendo-lhe uma nova vida. A isto chamamos de regeneração, a qual é uma mudança radical, operada exclusivamente pelo Espírito Santo, na alma humana e na própria pessoa, por intermédio do Evangelho, fazendo com que a disposição moral do homem se torne semelhante à de Deus, tornando-se esta nova criatura unida com Jesus Cristo, atingindo o poder de pensar, querer e sentir, mas a transformação primordial é a que se verifica nos meandros da personalidade. Na regeneração há a implantação da nova vida espiritual no homem, numa mudança radical instantânea da disposição dominante na alma. É o “nascer de novo” do qual falou Jesus a Nicodemos (João 3.3-8). Tiago nos diz, claramente, que Deus “nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”(1.18) e Paulo vem em amparo a esta tese, afirmando que a salvação do pecador é pela “benignidade de Deus, nosso Salvador” e pelo ‘seu amor para com os homens” e que “nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador” (Tt. 3.4-5).

A falta do milagre do novo nascimento – maior de todos os milagres – eis a razão por que hoje há tantas igrejas locais raquíticas, anêmicas, vegetando, composta de pessoas vazias, sem nem uma experiência profunda com o Senhor, pois sem o “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”, muitos estão caminhando de forma recreativa e festiva para o inferno! É duro alguém ouvir isto sem aquela voz mansa e suave no tom, mas esta é a cristalina expressão da verdade que encontramos por aí afora! Lamentável! Além do mais, em muitos locais só se ouve falar de líderes ‘evangélicos’ distribuindo rosas vermelhas aos seus ‘fiéis’, ordenando que as levem para casa e as coloquem em lugares alto, porque elas representam o próprio Cristo (misericórdia, Senhor!) e em assim fazendo conforme as instruções, elas irão captar todas as ‘energias demoníacas’ e ‘negativas’ do lar, ou descaradamente usam o símbolo da cruz sustentáculo de apoio para colocar garrafas de água e de óleo, fotografia de pessoas, roupas e outros objetos, para receberem a ‘determinação’ das orações e serem canais de bênçãos espetaculares ou de igual forma se ouve falar de ‘líderes espiritualistas’ que ornamentam mesa com lençóis brancos e, depois de determinado tempo de oração e jejum, proclamam que a mesma foi ‘energizada’ por ‘poderes espirituais’ e induzem os menos avisados a passar as mãos na tal mesa “energizada’, para receber o ‘descarrego’ de todos os males oriundos do poder dos demônios e, de igual modo, também se tem ouvido falar da distribuição de sal grosso à pessoas ingênuas e analfabetas biblicamente, para que passem pelo corpo, porque em assim fazendo, estarão ‘fechando o corpo’ contra as investidas dos demônios. A gente ri para relaxar, mas chora por dentro diante do fato de verificarmos multidões aceitando todo o tipo de tolices como se fossem “palavra de Deus”, onde o sincretismo religioso enche os olhos e o pragmatismo impera, encontrando estes líderes um verdadeiro “pasto à credulidade supersticiosa das classes ignorantes e manto ao ceticismo dissimulado”, assim como nos afirmou o célebre Ruy Barbosa, em seu “O Papa e o Concílio”.

Ser verdadeiramente crente em Jesus é ser arrancado “das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados” (At. 26.18). E Paulo diz que “embora andando em carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais e, sim, poderosas em deus para destruir fortalezas” (II Cor. 10.3-4).

O que alguns líderes desconhecem é que o Novo Testamento, o mais autêntico manual de técnicas para “crescimento de igreja”, estampa em suas páginas que este crescimento depende simplesmente de TODA a comunidade cristã local, lavada e remida pelo precioso sangue de Jesus! É bem verdade que na Igreja Primitiva havia pregadores brilhantes. E o que, então, fizeram os demais crentes? Ficaram de braços cruzados, ouvindo, meros espectadores, apenas capazes de levantar as mãos e balançarem-nas, assim como as folhas de uma palmeira ao vento e serem ‘fluentes’ em falar palavras incompreensíveis? Nada disso! Lucas nos diz em Atos 2.40-47 que TODOS os crentes de Jerusalém eram ativos, compartilhavam e adoravam ao Senhor! TODOS eram participantes e cooperadores! E isto se torna de grande relevância, pois naqueles dias “levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e TODOS, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (At. 8.1). Eles ficaram sem os seus líderes – pregadores brilhantes – mas “dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At. 8.4). Eram homens e mulheres comuns fazendo aquilo que estiveram fazendo antes: testemunhando, testificando com suas vidas, servindo a Cristo, falando sobre a Palavra de Deus! E qual o resultado disto? Leiam: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espírito Santo, CRESCIA EM NÚMERO”!!! (At. 9.31).

O modelo para “crescimento de igreja” apresentado em o Novo Testamento não é o Cristo agindo por intermédio de alguns poucos homens e mulheres e sim através de TODOS os membros da Igreja local. Deus não usa ‘métodos e estratégias’ por melhores e mais bem elaborados que possamos imaginar. Deus usa homens e mulheres consagrados e sempre dispostos a realizar a Sua obra! No término de sua Epístola aos Romanos, Paulo envia saudações a diversos homens e mulheres, seus “cooperadores em Cristo” que muito trabalharam no Senhor! (Rm 16.3-16).

É falso todo ensino que promete “crescimento de igreja”, se os crentes apenas e tão-somente utilizarem ‘métodos e estratégias’ humanos! A vida cristã inicia de maneira sobrenatural e somente há reprodução quando o Senhor Jesus opera de maneira idêntica, através de crentes – como eu e você – homens e mulheres que reconhecem precisar de constante necessidade de novas capacitações do Espírito Santo, pois foram justamente tais capacitações que caracterizaram a Igreja Primitiva. Ao invés de ficarmos escarafunchando a vida dos outros, sendo a ‘palmatória do mundo’ em nossos congressos fundamentalistas, devemos, sim, em alto e bom som, fazermos realçar que o mais poderoso testemunho das Igrejas locais contra o poder da depravação humana que impera em todos os quadrantes do mundo, é o resultado da vida nova que elas desfrutam em Cristo e quanto mais elas desfrutam dessa vida, sendo o “bom perfume de Cristo”(II Cor. 2.15), tanto mais a Igreja local causará impacto diante do mundo! Em Atos 4.13 Lucas nos mostra que os homens naqueles dias “ao verem a intrepidez” de “homens iletrados e incultos”, não tiveram nenhuma dúvida, reconheceram que haviam eles estado com Jesus”! Quanto mais o crente e o líder local procuram vivenciar Cristo em suas vidas, dia após dia, tanto maior será a sua utilidade na obra do Senhor! Aonde quer que os crentes fossem, levavam consigo a mensagem transformadora do Evangelho, transmitida por suas vidas e exemplo quanto pelos seus lábios - “porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34) - e desta forma todo crente era um missionário em cada minuto da sua vida, por isso “acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At. 2.47). Este é o método, esta é a estratégia!


* pastor batista, foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre", conferencista, missionário na cidade do Crato-CE.

COMO INTERPRETAR AS PROFECIAS.

* Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br


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A Bíblia não é um livro simples como parece aos menos avisados. Ela encerra os segredos de Deus que tantas vezes não encontram expressão em linguagem simples e só podem ser vislumbrados mediante os recursos de símbolos, tipos, analogias, etc., sem menosprezar a Gramática e a História.

Dizer o que vai acontecer no futuro é tão sobrenatural como fazer um paralítico andar ou um cego ver. Profetizar não é adivinhar nem calcular o que vai acontecer no futuro, nem ter a premonição (intuição) de que algo está para acontecer, mas é anunciar com clareza e autoridade o que Deus vai realizar antes que seja possível fazer qualquer provisão por meios puramente naturais. É dizer que algo vai acontecer porque Deus assim falou.

No sentido mais comum, a palavra profecia significa “predição do futuro”. Porém, na Bíblia Sagrada, ela não tem apenas este sentido. Profetizar, no sentido amplo é comunicar os mistérios de Deus aos homens. O apóstolo Pedro diz “que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação...” (II Pedro 1.20). Elucidação é o mesmo que interpretação, pois interpretar é, afinal, elucidar, lançar luz sobre o que queremos compreender. A interpretação de uma profecia jamais deve ser feita de modo isolado dos demais textos da Bíblia Sagrada.

A Hermenêutica, sendo a arte de interpretar, recomenda que, quando o sentido aparente de um texto não se harmoniza com o contexto geral da Bíblia, não deve ser ele tomado como verdadeiro. Esta expressão “particular interpretação” quer dizer, também, que não é privilégio de alguns a capacidade de interpretação. Todos aqueles que lêem as profecias com humildade, sem preconceitos, submissos à iluminação do Espírito Santo, tendo o devido conhecimento da verdade bíblica, no seu todo, podem entendê-las satisfatoriamente. Não é privilégio de pastores, mas de todos os que se preparam intelectual e espiritualmente para receber tal bênção. É uma bênção pela qual temos de pagar, além do preço da fé, um tributo de pesquisa, estudo e inteligência.

As profecias tiveram sempre um alvo: Jesus Cristo. Ele próprio disse aos Seus discípulos: que “importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. (Lucas 24.44). Mateus registra: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mateus 11.13). Como todos os movimentos políticos e sociais que envolveram o povo de Israel tiveram por fim preparar o mundo para a vinda de Jesus ao mundo, é certo que as profecias, mesmo aquelas que não se referiram diretamente a Ele, tiveram como alvo o Messias prometido. Para entender as profecias, temos que descobrir qual o seu ponto de contato com a esperança que Deus queria manter acesa no coração do seu povo.

As Escrituras Sagradas enfeixam ao mesmo tempo acontecimentos diversos. Para que nada ficasse isolado na Bíblia Sagrada, as profecias estão relacionadas com vários acontecimentos, ao mesmo tempo. Por exemplo: a profecias de Joel, sobre o derramamento do Espírito Santo (Joel 2.28-32). Esta profecia se cumpriu no dia de Pentecostes, como explicou o apóstolo Pedro (Atos 2.14-21). Porém, observem que se cumpriu apenas em parte, naquele dia. No que se refere ao sangue, fogo e vapor de fumo, escurecimento do Sol e transformação da lua em sangue, fatos estes que ainda não se deram, a profecia está relacionada com outras relativas a acontecimentos futuros. Há um outro derramamento do Espírito Santo prometido a Israel quando estiver, de novo, habitando seguro na sua Terra (Ezequiel 39.25-29), de cujo texto transcrevemos o último versículo: ”Já não esconderei deles o rosto, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Deus”.

Quando lemos em Mateus 24.3-44, à primeira vista, parece que todo o texto se refere a um só acontecimento. Porém, mais detidamente, podemos ver nele, no mínimo, quatro etapas diferentes, sem ordem cronológica. Do versículo 3 ao 14, o texto se refere a um período que abrange a tarefa da Igreja no mundo, antes do seu arrebatamento; do 15 ao 28 refere-se à destruição de Jerusalém, que se deu no ano 70 da nossa era e é grande em tribulação, sem precedentes, durante a qual os eleitos serão preservados (vv. 22,24; Apoc. 7.14). Do 29 ao 31 trata, ao mesmo tempo, da volta de Jesus e do arrebatamento dos Seus remidos. De 32 a 44 volta a falar de coisas que vão acontecer antes do arrebatamento, havendo, aqui e ali, referências à consumação dos séculos. Igualmente, no Apocalipse, as profecias visam a acontecimentos próximos e remotos, de uma só vez.

As profecias tiveram sempre um fim espiritual. Deus sempre desejou ver o seu povo olhando para o futuro com confiança e aguardando as suas promessas cheio de esperanças. As profecias mantêm os crentes em constante expectativa de bênçãos espirituais. Não há motivos para crer que Deus esteja interessado em revelar o futuro, senão quando objetiva dar ânimo aos Seus filhos, diante de situações desalentadoras.

Quando Israel foi levado para o cativeiro, Deus lhe falou por Jeremias “que mudarei a sorte do meu povo de Israel e de Judá...fá-lo-eis voltar para a terra que dei a seus pais, e a possuirão”. (30.3). Quanto a nós, os cristãos, o Senhor Jesus deixou-nos profecias de Sua Segunda Vinda, para que a Igreja estivesse sempre vigilante, olhando para cima, pensando e participando ativamente dos atos de Deus. Maranata!
* pastor abtista, foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre", conferencista, missionário na cidade do Crato-CE.

COMO ERAM CONSIDERADOS OS PROFETAS?

* Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br


Na Igreja apostólica os profetas do Antigo Testamento eram tidos na mais alta conta. Por serem pessoas de tão alta importância na vida do povo de Deus, não faltavam aqueles que quiseram, mesmo sem o devido chamado, passar-se por profeta. O falso profeta sempre foi um grande perigo para o povo de Deus.

O apóstolo Paulo perguntou ao rei Agripa, quando discursava perante ele em sua defesa: “Crês tu nos profetas, ó rei Agripa?” (Atos 26.27). Acreditar nos profetas é uma afirmação de fé na Revelação de Deus. Nós, os crentes em Jesus Cristo, cremos nos profetas, como fiéis instrumentos de comunicação dos ensinos eternos. Para isto eles foram separados, alguns, antes do nascimento, como Jeremias (1.5), chamados e ungidos (I Reis 19.16), o que significava o especial cuidado de Deus para com seus enviados. Por esta razão, há na Bíblia a solene recomendação: “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal” (II Crônicas 16.22).

Quando o povo de Deus estava no deserto, três príncipes de Israel se ajuntaram contra Moisés e Arão e lhes disseram: “Basta-vos... por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?”(Números 16.3). Estes homens disseram coisas tremendas contra Moisés e Arão, os ungidos do Senhor. O castigo não se fez esperar, foram punidos com morte trágica.

Modernamente, muitos estudiosos da Bíblia têm desfigurado, em nome da ciência, a função dos profetas. Para eles os profetas foram instrumentos grosseiros que longe estiveram do ideal de Deus. Suas mensagens, dizem eles, tiveram erros éticos indesculpáveis, além de falhas em muitas figuras de linguagem que usaram. Nós não cremos assim. Eles foram homens sujeitos às mesmas fraquezas que nós, é fato, mas foram ungidos pelo Espírito Santo, nas verdades que transmitiram. Cremos que o Espírito de Deus atuou de modo sobrenatural sobre suas mentes, sem violentar, em qualquer sentido, suas faculdades mentais, assegurando a clara e indeturpável expressão da vontade de Deus. Ora, se a Palavra de Deus não merecer de nós essa confiança, ela perderá a sua autoridade, como expressão exata da vontade divina.

Moisés foi um profeta singular na história de Israel. Deus falou-lhe face a face como se fala a um amigo (Êxodo 33.11). Neste particular ninguém foi como ele. O chamado de Deus, claro e irresistível, marcou a vida de cada profeta. A Jeremias, Deus lhe falou claramente ( Jeremias 1.5). A Jonas da mesma forma (Jonas 1.2). A Amós, também, fala do seu chamado nestes termos: “Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômeros. Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel” (Amós 7.14-15). A Samuel, quando ainda era bem menino, Deus lhe falou em voz audível, a mensagem que deveria dar a Israel (I Samuel 3.1-21).

As mensagens dos profetas eram o selo do seu chamado divino. Mas, houve momentos em que eles realizaram coisas prodigiosas como fazer descer fogo do céu (I Reis 18.20-40) ou um machado flutuar sobre as águas (II Reis 6.1-7). Eliseu, com um pouco de sal num prato, tornou potáveis as águas de Jericó, que eram más (II Reis 2.19-22). São por demais conhecidos os prodígios feitos por meio de Moisés durante os quarenta anos durante os quais conduziu com firmeza o povo de Israel. Elias pediu que não chovesse e por três anos e seis meses não choveu; depois, pediu chuva e as águas voltaram a regar a terra (I Reis 17.1; 18.41-46). Ele multiplicou o azeite da viúva de Serepta e ressuscitou o seu filho (I Reis 17.8-24). Tais poderes extraordinários lhe foram concedidos como provas da autenticidade do seu chamado. Até os ossos de Eliseu tiveram poderes miraculosos para ressuscitar a um morto que foi colocado em sua sepultura (II Reis 13.20-21).

A mensagem era a coisa mais importante no profeta, pois ela fazia parte da revelação de Deus e era o meio de que o Senhor se servia para orientação espiritual do povo. Duas coisas indicavam a procedência da mensagem dos profetas: primeiro, era de Deus, todo o povo sentia o seu impacto, sua palavra ungida calava fundo nos corações. Quando havia pecado, o povo sentia e pranteava suas culpas; quando desanimado, sentia-se consolado. A própria mensagem mostrava, por si mesma, se procedia de Deus, ou não. Outra maneira de se saber se a mensagem profética procedia de Deus, era pelo cumprimento do que se dizia. Tudo que o menino Samuel falou, cumpriu-se in totum! Isaías, quando Jerusalém estava cercada por Senaqueribe, profetizou a vitória de modo miraculoso (II Reis 19.6-7) e tudo se cumpriu como foi dito (II Reis 19.35-37).


Em Samaria, quando sitiada pelos exércitos sírios e em grande miséria, o profeta Eliseu profetizou que no dia seguinte, às mesmas horas, tudo estaria completamente mudado (I Reis 7.1) e tudo se cumpriu em menos de vinte e quatro horas! (II Reis 7.16-20). Bem diferente da palavra dos ‘profetas’ de hoje, cuja suas ‘profetadas’ jamais se cumprem!

Outras profecias se cumpriram em período mais longo de tempo, mas muitas delas se concretizaram em fatos que os próprios ouvintes presenciaram, atestando a veracidade da mensagem profética. As mensagens dos profetas ainda falam de modo poderoso ao coração dos crentes de hoje, e todos temos presenciado o cumprimento de muitas delas nos dias que passam! Bendita Palavra!


* pastor batista, foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos, é autor do livro "Confissões Surpreendentes de um -ex-Padre", é conferncista, missionário na cidade do Crato-CE.

A IGREJA QUE O SENHOR DEUS USA...

Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br


Há, por todo o mundo, igrejas que Deus não está abençoando e nossas cidades, grandes e pequenas, estão repletas de igrejas mortas, sem vida, frias e indiferentes, embora possuam uma declaração de fé ortodoxa. Que tipo de igreja deseja o Senhor e qual a igreja que Ele quer abençoar? Não há outra fonte a que possamos ir a fim de responder a esta pergunta, a não ser a Palavra de Deus, pois é nela que encontramos o plano divino para igrejas locais sólidas e bem sucedidas. Outras de há muito já se afastaram da verdadeira fé cristã, envolvidas e mergulhadas num pragmatismo religioso sem precedentes, “igrejas com propósitos” que não são os do Senhor.

Na igreja de Tessalônica, observamos inúmeras características apresentadas com a finalidade de serem alcançadas por todas as igrejas que querem, realmente, servirem ao Senhor. E uma das características encontradas naquela igreja, é que ela era uma igreja operante (I Ts. 1.2-4). O texto revela que essa igreja estava empenhada em uma “operosidade de fé (e) da abnegação do vosso amor” (v.3). Encontramos aqui duas palavras gregas distintas. A primeira, traduzida por “operosidade” contém o pensamento da tarefa na qual está empenhado, enquanto que a segunda, traduzida por “abnegação”, refere-se à fadiga e ao esgotamento produzido pela tarefa. Por operosidade entendemos ser produtividade. Por abnegação entendemos renúncia, desprendimento, sacrificar-se em benefício de outrem, devotamento. O motivo pelo qual muito pouco é realizado para o Senhor Jesus é que muitos crentes não são operantes e nem abnegados. Mas os crentes de Tessalônica eram abnegados ao ponto de chegarem ao esgotamento pela causa do seu Mestre, Salvador e Senhor absoluto.

O trabalho eficaz para Deus é produzido, não apenas pela fé pessoal, mas por um coração que ama. As palavras do Senhor Jesus a Pedro nos faz lembrar-se de tudo isso: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? ... Apascenta os meus cordeiros” (João 21.16). Os crentes que não servem ao Senhor com produtividade e sacrificando-se em benefício de outrem, são deficientes em amor, frios de coração, apáticos, desinteressados e precisam ter seu vigor espiritual estimulado novamente. Precisam voltar ao primeiro amor.

A outra característica que encontramos naquela igreja, é que era receptiva à Palavra de Deus e aos líderes de Deus (I Ts. 1.5-6). Observemos o contraste entre as palavras: “... nosso evangelho não chegou...” e as palavras: “... vos tornastes imitadores nosso e do Senhor”. Estas frases indicam que aqueles crentes daquela igreja do primeiro século haviam recebido a mensagem de Paulo com um coração aberto, quando ele foi lá pela primeira vez.

Observemos também esta frase: “... tendo recebido a Palavra...”. Denota que eles acolheram entusiasticamente a Palavra. Há uma idéia de recepção calorosa, franca. Algumas pessoas recebem a Palavra de Deus domingo após domingo, mas não lhes dão a menor atenção, e voltam para casa vazias apáticas e rebeldes. Mas não foi assim com os eleitos de Deus daquela igreja!

Uma das coisas que impressionaram Paulo quanto à autenticidade da conversão dos crentes tessalonicenses foi o fato de que eles se tornaram “imitadores” do apóstolo “e do Senhor”. Isto quer dizer que eles procuravam viver como os apóstolos viviam – em completa renúncia, desprendimento e em completa consagração a Deus. Nossos pastores estão vivendo assim, para que os membros de suas igrejas possam “imitá-los”, para que haja produtividade na Obra do Senhor? Que tenhamos resposta positiva para esta pergunta...

Os crentes tessalonicenses recém-convertidos tiveram, imediatamente, o desejo de viver vidas agradáveis ao Senhor e, por isso, começaram a moldar seu viver diário de acordo com os únicos crentes que conheciam - os apóstolos - que os haviam levado a Cristo. Quanta responsabilidade recai sobre todos nós, pastores e obreiros, ministros do Evangelho!

Outra característica que encontramos naquela igreja, é que ela era paciente (I Ts. 1.6). Aqueles crentes tessalonicenses foram duramente perseguidos por causa de sua fé e Atos 17.1-9 descreve a natureza daquela perseguição. Uma das principais causas da perseguição foi o fato de que o evangelho penetrou na comunidade judaica e “alguns deles foram persuadidos” (At. 17.4). Pelo fato de os judeus terem aceitado a Cristo como Salvador perturbou os líderes judeus, os quais ficaram enfurecidos.

A figura que Paulo usa para descrever “em meio de muita tribulação”, diz respeito à pressão e provação que seriam experimentadas por alguém triturado entre duas pedras enormes. Muitas vezes os recém-convertidos podem experimentar pressões tremendas, especialmente por parte de parentes e familiares não salvos. Esses crentes devem ser sustentados com oração e ser objeto da grande fraternidade cristã diante dessas provações difíceis. Sob pressões dessa espécie alguns crentes ficam deprimidos, derrotados e amargurados. Mas não foi isso que aconteceu com os crentes tessalonicenses. Eles experimentavam, vivenciavam esta “muita tribulação, com alegria do Espírito Santo”. (v.6) Que contraste maravilhoso! Seríamos, hoje, capazes de vivenciar as mesmas coisas por que passaram aqueles crentes do primeiro século?

O NT está repleto de referências de alegria no Senhor demonstrada naqueles primeiros crentes: “...regozijando-me por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (Atos 5.41); “E houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8.8); “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria...” (Atos 13.52); “...narrando a conversão dos gentios, causaram grande alegria a todos os irmãos” (Atos 15.3). Maravilha! A vida vitoriosa, em meio a pressões e perseguições, só pode ser conseguida com o poder do Espírito Santo.

Observamos, também, que a igreja de Tessalônica era uma igreja exemplar (I Ts 1.7). Paulo declara claramente que aquela igreja se tornara “o modelo para TODOS os crentes...”. A cidade de Tessalônica estava situada em uma encruzilhada e era um importante centro. A igreja de lá era muito conhecida e o relatório de seu vibrante testemunho foi espelhado por todo o mundo romano. Outras igrejas foram moldadas por ela. A nossa igreja local tem sido assim?

Lamentavelmente, a grande maioria de nossas igrejas locais não compartilham da reputação da igreja de Tessalônica. A espiritualidade de algumas de nossas igrejas deixa muito a desejar, desceram a um nível muito baixo e, em conseqüência disso, em vez de darem um bom testemunho às igrejas co-irmãs, são conhecidas como “igrejas-problemas”, onde os seus pastores não dão sinais de profunda intimidade com Deus, por muitos não serem homens de oração, e que ainda não aprenderam a se alimentar da Palavra, para alimentar bem as suas ovelhas! É triste a situação, mas é uma realidade!

E por que muitos se têm tornado homens vazios, pelo falto do hábito de não buscarem o Senhor pelas madrugadas, não tendo por comportamento ouvirem constantemente o Senhor na sua inerrante Palavra, muito têm se alimentando do pragmatismo desenfreado reinante por aí afora, permitindo que em seus arraiais o ambiente se transforme em tudo menos em santuário do Senhor, e aí está o resultado, igrejas cheias de “propósitos” e superlotadas de pessoas sem as marcas do “nascer de novo” sem o qual ninguém “pode ver o reino de Deus” (João 3.3). São igrejas transbordantes de pessoas ansiosas pelas “bênçãos do Senhor”, mas que não querem nenhum compromisso com o Senhor das bênçãos, igrejas transbordando de crentes mal-alimentados, subnutridos da Palavra, com semblante espiritual anêmico, nada operoso, nada abnegado! Determinadas igrejas nossas são conhecidas principalmente por seu mundanismo e falta de dedicação total ao Senhor Jesus, o qual deveria ser Senhor absoluto de suas vidas. Que privilégio ser membro de uma igreja como a de Tessalônica!

Ela era, também, uma igreja missionária (I Ts 1.8). E Paulo é enfático: “... porque de vós repercutiu a Palavra do Senhor não somente na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus...”. Ali estava uma igreja local, cuja luz não se escondia debaixo do alqueire, mas brilhava constantemente para Cristo. A palavra traduzida por “repercutiu” significa o toque agudo e sonoro de uma trombeta e assim era o testemunho vivo daquela igreja!

Aquela igreja não influenciou sua responsabilidade apenas em casa. Ela compartilhava a sua “fé para com Deus” na sua própria região. Isso é essencial para o cumprimento da Grande Comissão em nossa geração. Muitas das nossas igrejas pensam que a evangelização deve estar centralizada principalmente em ‘grandes concentrações’, realizadas uma ou duas vezes por ano, em momentos especiais. Entretanto, o verdadeiro evangelismo praticado naquela igreja constava de um programa efetuado, dia após dia, semana após semana. Ela tinha por hábito a vivência constante de fazer repercutir a sua fé em Deus por toda a parte! Aqueles crentes evangelizavam dia após dia!

A cidade de Tessalônica estava localizada na província da Macedônia, e Acaia era a província vizinha. Além disso, seu testemunho fora para o exterior, “por toda a parte”, isto é, espalharam-se grandemente e sua visão ia muito além da localidade imediata onde se encontrava.

A igreja que não possui visão dos milhares e milhões que perecem em lugares distantes é uma igreja fria, sem entusiasmo, sem operosidade, sem abnegação, é muito pobre, embora algumas sejam ricas em bens materiais... Mês após mês, milhares de pessoas afluíam a cidade de Tessalônica e algumas delas iam sendo despertadas pelo evangelho, convertiam-se a Cristo Jesus e movimentavam-se por todo Império Romano, dando testemunho a respeito do Salvador.

Era também uma igreja separada. (I Ts 1.9-10). Paulo emprega uma palavra muito adequada para descrever o impacto do evangelho sobre esses crentes, afirmando que os tessalonicenses haviam se convertido: “.... deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”. Era separada do pecado, dos ídolos, da sua velha maneira de ser. Separada. Santa.

Conversão significa uma transformação completa e visível da vida e essa mudança sempre acompanha o novo nascimento. Ah, quanta falta nos faz ouvirmos sempre e sempre mensagens sobre o “nascer de novo”!... É uma mensagem antiga, mas que se renova a cada dia! Os ‘modismos’ a tem afastado de nossos púlpitos. Quanta saudade elas nos faz!

Não se tratava simplesmente de fazer uma “promessa” ou “compromisso”, assinar um cartão, orar ou aceitar mecanicamente a verdade do João 3.16. Era uma completa e evidente mudança radical de coração e vida, operada pelo poder do Espírito Santo! Nesta época em que vivemos, de tentativas superficiais de aproximação impregnadas de novos paradigmas às coisas espirituais, quando o marketing e a psicologia são confundidos com a proclamação do Evangelho da Graça, é preciso sempre lembrar que Jesus afirma que o novo nascimento é condição sine qua non para que tenhamos o nosso nome inscrito no Livro da Vida do Cordeiro, e que este novo nascimento consiste em “nascer do Espírito”, e que isto é infinitamente mais do que uma “decisão” emocional, embora esteja incluído o ato da vontade, e que o “nascer de novo” é obra inteiramente de Deus, e não o resultado de uma persuasão humana hábil e persistente. É uma transformação radical realizada pelo poder do Espírito Santo, e que resulta em uma vida completamente nova e diferente.

Paulo menciona, então, a expectativa que se apoderou dos tessalonicenses, que os levara a esperar ansiosamente “dos céus o Seu Filho”. Conquanto a palavra “converterdes”, no verso 9, descreva uma ação que era feita uma vez por todas, as palavras “servirdes” e “aguardardes” nos versos 9 e 10 indicam uma ação presente e representam uma atitude constante e contínua. A cada dia aqueles crentes esperavam que Jesus voltasse! E nós, temos estado também, ansiosos pela volta de Jesus!

Embora tenha sido curto o tempo de ministério que Paulo teve entre aqueles crentes, ele os instruiu na maravilhosa doutrina da volta do Senhor Jesus, a qual era muito mais que um simples parágrafo em uma declaração doutrinária. Era uma viva esperança motivadora em suas vidas. “Maranata! Vem, Senhor Jesus!”

Eis a descrição divina de uma igreja espiritual, ganhadora de almas, e que honrava ao Senhor Jesus. As características por ela apresentada, poderiam servir de prova para cada uma de nossas igrejas locais verificar até que ponto seu ministério e testemunho estando agradando ao Senhor.



* pastor batista, foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos, autor do livro “Confissões Surpreendentes de um ex-Padre”, conferencista.

PERSEGU, DE MANEIRA IMPLACÁVEL, A UM SERVO DO SENHOR...

*Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br


Continuo sempre recebendo convites para realizar eventos evangelísticos em diversas localidades brasileiras. Um destes convites que muito me honrou, foi o recebido do jovem e dinâmico Pr. Mauro Régis da Silva, pastor titular da Igreja Batista Independente de Batatais, interior de São Paulo, para ser o preletor oficial das séries de conferências evangelísticas por ocasião das festivas comemorações do 39.º aniversário de organização eclesiástica daquela amada Igreja. Fomos muito bem recepcionado pela sua diretoria, de maneira especial pelo Dr. Antônio José Cintra, um dos mais conceituados advogados daquela região da Alta Mogiana.

Um dos alvos após aquele honroso compromisso, era o de ir até a vizinha cidade de Orlândia, último paroquiato do saudoso, ex-Padre Dr. Aníbal Pereira Reis, de tão saudosa memória, exatamente para conhecer de perto a assim-chamada “Paróquia São José” que ele a administrou entre junho de 1963 a maio de 1965, antes de entregar a sua vida totalmente ao Senhor Jesus, como seu único e suficiente Salvador.

Havia uma como ‘dívida’ particular que tínhamos para com o Pr. Aníbal Pereira Reis, pois, sem ter tido o alto privilégio de conhecê-lo pessoalmente, quando de sua visita à cidade de Bauru, também interior de São Paulo, para um evento evangelístico. Naquele tempo, estávamos servindo à diocese daquela cidade, como vigário de uma de suas paróquias, e nos lançamos de maneira ferrenha e deselegante, como um perfeito pascácio, a fim de beneficiar-me de interesses tão escusos, contra àquele servo do Senhor. Deu-me na veneta a arrogância inconseqüente de perseguí-lo e injuriá-lo a qualquer preço com todas as armas possíveis como é do vezo romanista.

Por isso aquela visita à antiga paróquia daquele “homo Dei”, tinha um sentido todo especial para mim, como um ato de desagravo pela infeliz atitude tresloucada que há mais de 26 anos tive para com o Dr. Aníbal Pereira Reius, com objetivo de escusos interesses pessoais. Para ir até Orlândia, solicitei a ajuda do Pr. Carlos Alberto Moraes, o qual, solícito, se fez pacientemente meu cicerone, de cuja companhia tão agradável me senti imerecidamente honrado, para que eu pudesse chegar à sede daquela paróquia.

Meu objetivo era o de conferir in loco se a fotografia do ex-Padre Aníbal Pereira Reis, então pa´roco daquele paróquia, ainda fazia parte da galeria de honra concedida aos ex-párocos que trabalharam naquela paróquia, como assim preceitua normas inseridas no Código de Direito Canônico, e quando tais fotos são colocada em destaque no frontispício das sacristias, tais fatos são lavradas por escrito a mão livre no livro tombo (onde são registradas todas as ocorrências eclesiásticas e canônicas de uma paróquia). Viajei com o Pr. Carlos Alberto Moraes a Orlândia, e na primeira tentativa, chegamos um pouco atrasados, quase na hora do encerramento do expediente da secretaria daquela paróquia, mas mesmo assim, fomos atendidos gentilmente pela auxiliar da secretária, D.ª Judite, a qual nos informou que todo e qualquer assunto especial deveria ser tratado somente com D.ª Vitória, a titular daquela secretaria.

No dia seguinte, retornamos e fomos novamente recepcionados por D. Judite, a qual nos informou que D. Vitória não havia vindo dar expediente, mas que ela teria um livrinho contendo toda a história da “Paróquia São José”, a qual hoje pertence a Diocese de Franca, contendo todos os dados que queríamos. Aproveitando o ensejo, perguntei àquela senhora se eu não poderia conhecer o templo e a sua sacristia. Dando-me o consentimento positivo, ela mesmo foi comigo a fim de apresentar-me todas as dependências daquela sede paroquial.

Quando adentramos à nave central do templo, algo estranho tomou conta de mim, pois a luz tênue de final de tarde deixava-me transparecer uma sensação lúgubre e mais estranha ainda.

Quando chegamos às dependências da imensa sacristia, deparei-me com um verdadeiro e rico museu de peças sacras. Ali estavam as alfaiais, algumas já amareladas pelo desgaste do tempo, os paramentos (casulas) que já não são mais de uso corriqueiro pelos curas de nossos dias, muitos de fino acabamento, uma infinidade de estolas pastorais de todas as cores litúrgicas, insígnias de uso obrigatório pelo sacerdote e ali estavam, também, muitos castiçais de prata, com talhos ornamentais de fina espécie, turíbulos, cálice e patenas diversos, jogos de galhetas, cibórios de todos os tamanhos, sacrários com finíssima decoração de metal de boa qualidade, cravejados de pedras semi-preciosas, enfim, um sem número de utensílios guardados em gôndolas especiais de vidro, fechadas a chave.

Mas, o fato que mais me surpreendeu, foi o de não ter encontrado a galeria de fotos oficiais dos ex-párocos que já haviam passado por aquela paróquia. Incontinenti, perguntei a D.ª Judite o porquê de ali não estar as fotografias, alvo da minha visita, já que é uma norma canônica. Ela me disse, quase sem muita argumentação convincente, que a sede da paróquia havia passado por uma reforma, mormente a sacristia, e em razão disso, as fotos haviam sido retiradas, pois “muitas delas estavam avariadas pelo ataque dos cupins”. Perguntei-lhe onde estavam as fotos danificadas – já que elas não podem sair do recinto - ao que ela me afirmou que as “mesmas haviam sido recolhidas pela Cúria Diocesana, para serem restauradas”. Lá não estava, portanto, a foto do Pe. Aníbal Pereira Reis! Será para ‘apagar’ definitivamente a história da sua passagem por aquela paróquia? Não sabemos. Mas deixou-nos transparecer uma estranha coincidência... Ao terminar aquela visita, D.ª Judite me assegurou que D.ª Vitória, a secretária, havia se esquecido de deixar o livrinho da história daquela paróquia, que me fora prometido, mas que no dia seguinte, caso eu ali comparecesse, com certeza ele ser-me-ia entregue, para que eu pudesse pesquisá-lo à vontade.

Durante todo este demorado desenrolar, o Pr. Carlos Alberto Moraes me esperava pacientemente, não achamos conveniente ele aparecer juntamente comigo, em razão de ele ser muito conhecido na cidade e, por este fato, despertar ‘suspeitas’! Mais uma tentativa em vão. Um tanto quanto frustrados, mas mesmo assim, para registrar a visita, meu cicerone resolveu bateu algumas fotos, fazendo-me realçar em destaque diante daquele histórico templo.

Dias após, ciceroniado desta vez pelo Pr. Almir Nunes, de Morro Agudo, cidade na qual eu estava pregando, realizando conferências, retornei àquela paróquia e das mãos da própria D.ª Vitória, a secretária paroquial, recebi o tão almejado livrinho de pouco mais de vinte páginas. Perguntei a D.ª Vitória, se eu poderia ter acesso ao Livro Tombo n.º 2, para verificar um certo documento histórico que fora lavrado nas folhas 59 a 61, de livre punho, pelo Padre Aníbal Pereira Reis, no dia 12 de maio de l965, data de sua renúncia oficial ao seu paroquiato. Ela ficou visivelmente desconcertada e titubeando me disse que, aquele meu pedido fugia da sua autonomia e que somente o pároco atual, em cujo poder o livro solicitado está, é quem poderia satisfazer este meu desejo. Perguntei-lhe se o livro não fora também recolhido pela cúria e ela apenas me respondeu: “Esta pergunta somente o nosso atual pároco lhe pode responder...”.

Na página de número quatro do referido livrinho lá está um pouco da história daquela paróquia, o qual nos afirma que antes ela tinha como padroeira “Santa Genoveva” (a qual não é muito conhecida e nem de ‘devoção popular’), a qual foi erigida em 31.03.1911 por Dom Alberto José Gonçalves, então bispo de Ribeirão Preto, mas que havia sido instalada oficialmente apenas em 30.04 daquele mesmo ano, tendo como seu primeiro pároco o Pe. Messias de Mello Tavares. Narra-se ali que, em 1949, o Pe. Sebastião Ortiz Gomes, seu décimo pároco, achou por bem colocar o “São José” no padroado daquela paróquia, por ser mais popular entre os fiéis daquela cidade, concretizando-se este seu desejo no dia 19 de janeiro de 1951através de decreto episcopal, assinado pelo então bispo Dom Manuel. Na lista dos padres que já trabalharam em Orlândia, no décimo segundo lugar estava o Padre Aníbal Pereira Reis, o qual foi empossado festivamente pelo seu futuro algoz e torturador, Dom Agnelo Rossi, então arcebispo de Ribeirão Preto, cuja jurisdiçào eclesiástica pertencia outrora aquela referida paróquia. Também estava registrado que o Padre Aníbal deixara aquele paroquiato no dia 12 de maio de 1965, cujo ato fora lavrado no Livro Tombo n.º 2, nas folhas 59 a 61, de livre punho, cujo este documento oficial de sua renúncia, fora endereçado ao Monsenhor Dr. João Lauriano, então Vigário Capitular da Arquidiocese de Ribeirão Preto, já que aquela região episcopal estava vacante, em razão do Dom Agnelo Rossi, a esta altura já cardeal, ter sido transferido para Roma.

Depois de inúmeras decepções sofridas e intensiva leitura das Sagradas Escrituras, Padre Aníbal Pereira Reis resolve corajosamente entregar a sua vida inteiramente ao Senhor Jesus, às 02h30m da madrugada do dia de 8 de novembro de 1961, ainda quando pároco em Guaratinguetá-SP, o qual saindo de Recife-PE, foi transferido para aquela localidade pelo seu amigo, Dom Antônio de Almeida Moraes Júnior, em março de 1960, sendo em ato contínuo incardinado pelo bispo Dom Antônio Ferreira de Macêdo, então arcebispo de Aparecida do Norte, e pelo qual também fora empossado na “Paróquia Nossa Senhora da Glória”, recém criada em Guaratinguetá, no Bairro do Pedrugulho. Quando em janeiro de 1963 de lá foi transferido, a seu pedido, para Orlândia – a 365 km de São Paulo – deixou para o uso de seus fiéis um grande templo construído, com capacidade de acolher mais de duas mil pessoas. A data de sua partida aconteceu no dia 17 de maio de 1963. Passou quatro anos ainda como sacerdote romano, após a sua decisão por Cristo, pois não é fácil um padre deixar de vez a sua vida sacerdotal, sem um planejamento mais amadurecido, a fim de sobreviver aqui fora! Eu quem o diga!

Após ser empossado na “Paróquia São José” de Orlândia, ele mesmo nos declara em sua autobiografia – “Este Padre Escapou das Garras do Papa!!” na pág. 183: “Toda Orlândia ouviu a verdade do Evangelho!”. Não demorou muito para que os seus paroquianos comentassem, à boca pequena, “que o padre pendia para o protestantismo”. Orlândia “seria um paraíso na terra se não fosse o grupelho dos sacos-rotos e papa-hóstias a transformá-la em ‘caldeirão do inferno’, como a classifica a esposa de um benemérito local” – deixa-nos registrado o nosso homenageado. Suas palavras denotam sintomas das perseguições, da falta de sindérese por parte dos sacripantas assíduos da roda dos escarnecedores, fazendo vir à tona as mais ínfimas calúnias não lhe faltaram!

No dia 7 de novembro de 1964, havendo planejado com delicado cuidado, sob orientação divina, resolve vir a Santos-SP, onde já houvera antecipadamente localizado o templo da Primeira Igreja Batista daquela cidade e, no dia 11, avista-se com o seu futuro Pastor, Dr. Eliseu Ximenes, o qual o coloca em contato com diversos pastores batistas, dentre eles, o Pr. Dr. Antônio Gonçalves Pires, também ex-padre católico romano, os quais lhe dão a destra da fraternidade e o apôio tão necessários naquele momento difícil e decisivo em sua vida. Era necessário toda aquela cautela e todo aquele amparo, para nada lhe sair precipitado. Retorna a Orlândia, e antes de sua saída, ainda recebe a visita protocolar de seu então bispo, o Dom Agnelo Rossi, o qual publicamente o cognomina de “zeloso e dedicado pároco” acrescentando outros inúmeros elogios que, durante a sua administração paroquial, aquela “era a paróquia modelo da Arquidiocese”, cujas estas palavras se encontram registradas no Livro Tombo n.º 2, fls 54 a 57.

O Padre Aníbal Pereira Reis no dia 30 de maio de 1965, na presença de toda a Primeira Igreja Batista de Santos-SP, e de uma grandiosa multidão que se acotovelava e superlotava aquele templo naquela oportunidade para ouví-lo, fez sua pública e formal confissão e decisão de fé em Cristo Jesus, e incontinenti, tira à vista de todos, a sua batina negra, símbolo da sua escravidão que o amortalhou por longos anos! Ato de coragem e bravura, para aquela época! Naquela oportunidade veio de Bauru-SP, especialmente para abraçá-lo, o seu antigo professor do Liceu Municipal de Orlândia, tido por ele como ‘herege’, o Pastor Professor Henrique Cyrillo Corrêa, o qual há anos lançara “a semente do Evangelho no coração de um adolescente que germinou e produziu o inefável fruto da conversão de um padre”! (Ecl. 11.1) Maravilha!

Quase um mês após, exatamente no dia 13 de junho do mesmo ano, foi batizado nas águas, pelo Pastor Eliseu Ximenes, no templo da Primeira Igreja Batista de Santos, diante de uma comitiva de irmãos queridos de Guaratinguetá que testemunharam in loco seu exercício sacerdotal naquela cidade do Vale do Parnaíba e de diversas outras cidades. O ex-Padre Aníbal Pereira Resis foi sempre um vocacionado por Deus e, para fazer jús a este chamado divino, foi ordenado ao Santo Ministério da Palavra, por um concílio de pastores batistas, o qual foi presidido pelo também ex-padre católico romano, Pastor Dr. Antônio Gonçalves Pires, no dia 16 de abril de 1966.

Quando escreveu e publicou “A Bíblia Traída” e “O Ecumenismo e os Batistas”, seus pares da mesma “Fé e Ordem” o ultrajaram e o desprezaram movidos por interesses sabe-se lá quais... Mas ele seguiu altaneiro o curso da sua vida em fidelidade plena ao seu Senhor absoluto! Eis aí um homem de valor que não se deixou abater, mesmo diante das adversidades e as incompreensões sofridas.

No dia 30 de maio de 1991 o Brasil ficou mais desfalcado de reais valores, ficou desfalcado de um homem de valor, pois nesse dia “caiu em Israel um príncipe e um grande" (II Sm 3.38). Sim, naquele dia inesquecível foi recolhido aos tabernáculos eternos o "HOMO DEI" e a voz tênue mas firme de um ardoroso defensor da sã doutrina. Aquela voz cala-se definitivamente em nosso meio! Coincidentemente no mesmo dia e mês que ele aceitou a Jesus de maneira formal e pública, há 26 anos! Que em tudo o Nome do Senhor seja glorificado!

Por tudo aquilo que eu tenho passado e experimentado na carne, como fruto colhido e resultado de minha vida pregressa, quando do tempo da minha ignorância na incredulidade (I Tm 1.13) sendo hoje, assim como ele, ultrajado, mal-entendido, pouco compreendido, caluniado, defenestrado e desprezado por alguns, até mesmo por colegas da mesma Fé e Ordem, eu que a tantas mãos infectas e indignas beijei, se vivo ele fosse hoje, pelo que eu lhe fiz no passado, com bastante honra imerecida, beijar-lhe-ia as suas mãos santas e operosas que tantas boas obras fez, como “efeito da sua salvação”! Este é meu pleito de dívida para com um homem a quem eu tanto persegui... Misericórdia, meu Senhor!...

*pastor batista, foi sacerdote católico romano duante 22 anos consecutivos, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre", conferncista.

CELIBATO: a calvário vergonhoso da Igreja de Roma.

Pr. José Barbosa de Sena Neto *
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br



Há bem pouco tempo o mundo inteiro tomou conhecimento dos últimos fatos ocorridos nas entranhas da assim-chamada ‘Igreja Católica Romana’, com a notícia estampada nos principais jornais e revistas do mundo sobre o escândalo dos padres pedófilos. O homossexualismo sempre se fez presente no meio do clero regular (religiosos) e no clero secular(diocesano), mas sempre abafado pela alta hierarquia da Igreja de Roma, também não tão ‘santa’ assim.

Não é de agora que a ‘Igreja Católica Romana’ é alvo das mais severas denúncias de desvios sexuais entre os componentes de seu clero. O silêncio das ‘conveniências’ tem falado mais alto em determinados momentos. Há séculos e séculos a Igreja de Roma vem mantendo ‘segredo’ sobre os casos de contínuos abusos sexuais entre padres, bispos, cardeais e, até mesmo papas, envolvendo garotos, rapazes crescidos e adolescentes. É o homossexualismo correndo solto nas clausuras, corredores das sacristias e, até mesmo, em confortáveis motéis.

O homem é um ser-no-mundo. À medida em que se ausenta do mundo torna-se infiel a si mesmo e ao Evangelho. Se estiver ausente do esforço dos outros homens na construção de sua cidade terrena, será inexistente e marginal para eles. E se quiser construir para si uma cidade diferente da deles torna-se nocivo e rejeitado. Se o homem quiser ser aceito, se quiser ser útil, se quiser existir, deve sair de si mesmo, integrar-se no mundo, no concreto, no real, no dia-a-dia. Na medida em que seu suor se misturar ao dos homens, estes o reconhecerão, lhe darão direito à vida e crerão na sua mensagem. Ora, é justamente este quadro que torna o padre católico romano um marginalizado. A formação que recebeu não lhe possibilita uma inserção real no mundo. Encontra-se fora dele. O mundo da técnica o exclui. Ignora a sua existência. É um homem à parte, indefinido, sem nome e sem profissão e também não tem família. Fora das categorias válidas e existentes. Uma espécie de parasita, que não produz e não constrói na linha da eficiência material e humana. Não tem um ‘status’ reconhecido. Seu serviço não é requerido por nenhum quadro social. Sua inserção no mesmo é mais tolerada do que aceita ou pedida. Esta é a situação de todo membro do clero romano – quer regular, quer secular.

O costume do celibato teve um desenvolvimento lento, gradual. Uma olhada nas páginas das Sagradas Escrituras seria o bastante para se verificar que o ascetismo anormal já se manifestava no tempo do apóstolo Paulo, o qual foi condenado por ele: “...alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentira e têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento, e ordenam a abstinência de alimentos...” (I Tm 4.1-3), e novamente
Paulo afirma: “Têm, na verdade, aparência de sabedoria, em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum contra a satisfação da carne.” (Col. 2.23). Tais práticas já existiam no Oriente, e eram especialmente desenvolvidas no Budismo que já possuía monges e freiras muito antes da era cristã.

Do século quatro em diante o ascetismo tomou forma e vulto e, dentro de algum tempo, apesar do vigoroso protesto, veio a se tornar regra geral no clero romano. No Concílio de Nicéia, em 325, decidiu-se que os ministros da Igreja não poderiam casar depois de ordenados. Isto, porém, não impedia a ordenação de homens que já fôssem casados. O Concílio espanhol de Elvira (ano 304) criou decretos contra o casamento do clero. Estes decretos, entretanto, foram de extensão limitada e quase nenhum esforço mais sério foi feito para pô-los em vigor. Inocêncio I, ano 417, (Albano), decretou o celibato do sacerdotes, mas não teve aceitação geral. Patrício da Irlanda, que morreu em 461, considerado ‘santo’ pela Igreja de Roma, declarou que o seu avô era padre. Mas a assim- chamada ‘Igreja Católica Romana’ foi persistente na exigência de um sacerdócio celibatário, tanto que, no ano de 1079, sob a mão forte de Gregório VII – Ildebrando di Bonizio – o celibato foi novamente decretado e foi razoavelmente posto em vigor, embora aquele papa não pudesse controlar todos os abusos existentes. Os papas Urbano II (1088-1099) – Odon de Logery – e Calixto II (1119-1124) – Guide Borgonha, arcebispo de Viena – lutaram com determinação contra o concubinato do clero. O decreto do Primeiro Concílio de Latrão (1123), decretou inválido o casamento de todos aqueles que estavam nas ordens sacras, e o Concílio de Trento (1545) fez sérios pronunciamentos sobre o celibato do clero. Conforme aqueles decretos, um sacerdote romano que se casasse incorria na excomunhão e ficava impedido de todas as funções espirituais. Um homem casado que desejasse vir a ser um sacerdote, tinha que abandonar a sua esposa, e esta também tinha de assumir o voto de castidade ou ele não poderia ser ordenado padre.

De acordo com a Lei Canônica, o voto do celibato é quebrado quando o padre se casa, mas não necessariamente quando este tem relações sexuais. A Igreja de Roma proíbe seus sacerdotes de casarem-se, mas não interfere na vida particular deles! Daí existirem tantos padres homossexuais declarados, exercendo o sacerdócio, normalmente. O celibato, como se pode verificar, na prática, nada tem a ver com a castidade. E o perdão para as relações sexuais – heterossexuais ou homossexuais – praticadas pelos elementos do clero, pode ser facilmente obtido a qualquer hora através da confissão auricular a qualquer outro padre seu igual, quem sabe, não muito ‘casto’ tanto quanto o penitente!

É fácil perceber por que os papas são tão insistentes no reforço da lei do celibato para os componentes do clero católico romano. Não sendo casados e nem tendo família, poderiam ser facilmente transferidos de uma paróquia para outra ou a diferentes partes do mundo. A propriedade dos clérigos, que em alguns casos é bem considerável, e que se fossem casados passariam para a família, cái automaticamente nas mãos da “santa madre igreja” ou é herdada por ela no todo ou em parte. Portanto, os motivos do celibato obrigatório adotado pela Igreja de Roma são tanto eclesiásticos como econômicos.

A lei do celibato da Igreja de Roma (latina ocidental) é, indubitavelmente, apenas eclesiástica e não de direito divino. Havendo colisão entre o direito divino da comunidade e o dever eclesiástico do padre, a solução do conflito deveria ser a seguinte: a obrigação eclesiástica deveria ceder ao direito divino. As chamadas ‘razões teológicas’ da Igreja de Roma para submeter o seu clero à absurda lei eclesiástica do dever do celibato, devem ser buscadas, de preferência, nas contradições íntimas dessa lei, que a fazem parecer questionável em si mesma, uma vez que contraria o direito divino.



A Igreja de Roma usa como base teológica de suas argumentações Mt. 19.10-12. Mas, numa exegese mais acurada, o texto mostra que não se pode exigir o celibato por lei. Na verdade o que Jesus exprime aqui é muito menos um conselho do que os pressupostos para que alguém possa escolher o celibato; “Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido” (v.11) . Os resultados da discussão sobre esta palavra do Senhor podem ser resumidos da seguinte maneira: na redação final de Mateus, a palavra do Senhor está associada a um alto e restrito padrão para o casamento que teria sido o responsável pelo desencanto dos discípulos – “não convém casar” (v.10). Daí o Senhor Jesus lhes dizer: “Nem todos podem receber esta palavra” isto é, a declaração dos discípulos. Ainda que, às vezes, o casamento possa não ser o ideal nem todos os homens são constituídos de forma a poderem se abster.

Os vv. 11 e12 querem dizer que há alguns que são capazes de se conformar com a idéia dos discípulos, não se casando. E o Senhor Jesus prossegue: “ Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus”. A má compreensão destas palavras, que foram tomadas literalmente nos tempos de ascetismo, motivou tragédias, de quando em quando, no decurso da história cristã. As palavras referem-se a abstenção do casamento por causa do evangelho. O NT ensina o valor do celibato. João Batista, Paulo e o próprio Senhor Jesus podem ser citados como exemplos de celibatários. Tanto Paulo (I Cor. 7.7) quanto o Senhor Jesus (Mt. 19.12) indicam que semelhante celibato é um dom de Deus, não dado a todas as pessoas.

Os que recebem o dom devem abrir mão do casamento, visando maior liberdade e menor envolvimento mundano para servir a Deus. Isto não significa que casar-se é pecado, conforme Paulo indica em I Cor. 7.9, 28, 36, 38. Aliás, Paulo diz que proibir o casamento é considerado diabólico (I Tm 4.1-3). A expectativa normal é de que os líderes da igreja sejam casados e tenham uma família exemplar (I Tm 3.1-3; Tt 1.6). “Quem pode receber isto, receba-o”, disse o Senhor Jesus. Parece que o Senhor se refere à observação dos discípulos, no v. 10, e não à indissolubilidade do casamento. Este verso não glorifica a vida celibatária, mas implica que somente os que são verdadeiramente eunucos podem aceitar o pensamento dos discípulos. Aqueles que podem abandonar todo o desejo de casamento por causa do reino dos céus podem ser chamados a uma vida celibatária. Caso não possa fazer isso, o homem deve casar-se normalmente. Em Mt. 19.12 não se exorta ao pedido do dom do celibato, admoesta-se, pelo contrário, a não abraçá-lo sem o dom correspondente. O que pode estar em jogo aqui é somente reconhecer e aceitar o dom (“castraram a si mesmo”), concordar com o dom e colaborar com ele, mas não obtê-lo à força de oração, conforme declaram os asseclas papistas.

O desejo de Paulo (I Cor.7.7) de que todos pudessem ser celibatários frustra-se na maneira como Deus diversifica seus dons aos crentes (I Cor. 12.4). E com efeito esta doação sobrenatural é apresentada aqui também como feita de antemão: “cada um tem (presente) de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra”. Se nesta situação se pudesse mudar alguma coisa por meio da oração – como assim prega a Igreja de Roma – o desejo de Paulo seria realizável e ele não teria escrito o grande “mas”, teria, pelo contrário, exigido a oração, como o fez em I Cor. 12.31, ao falar da concessão de outros dons: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons”. Se não o faz aqui é porque o dom (carisma) do celibato é dado de antemão, cabendo apenas reconhecê-lo e não, evidentemente, tentar conseguí-lo pela oração e atos de penitência – conforme ensina a Igreja de Roma, por lei eclesiástica. Por certo que a continência como fruto do Espírito (Gl. 5.22) pode ser pedida segundo Gl 5.23, mas ela é também necessária temporariamente às pessoas casadas ( I Cor. 7.5; Tt. 1.8) e não pode ser colocada no mesmo nível do celibato vocacional em vista do reino dos céus, o qual implica até a renúncia aos valores espirituais do casamento e da família. Das passagens de Mt 19.11 ss e I Cor 7.7 conclui-se, portanto, que o celibato, por causa do reino dos céus, não depende da livre vontade do crente e, em conseqüência, não pode ser ordenado por lei eclesiástica, mas é um dom de Deus que não é concedido a todos.

As primeiras justificações dadas no século IV para a proibição de ainda gerar filho no casamento válido de padres são marcadas, evidentemente, de ojeriza ao corpo e ao casamento. Supondo-se que o cân. 33 do Concílio de Elvira (por volta do ano 304 ou 306) não deva ser interpretado como o inverso de uma proibição da abstinência, foi este Concílio (caso contrário, o de Ancyra, ano 314) que proibiu pela primeira vez a continuação do casamento após a ordenação: “Aprouve totalmente... proibir os padres: (eles devem) conter-se e não gerar filhos” - “Placuit in totum prohibere episcopis, presbyteris et diaconibus abstinere se a coniugibus et non generare filios”. O texto é em si contraditório. Mesmo que não tenha sido indicada nenhuma fundamentação, a proibição cai sob o veredito de I Tm 4.2-3.

Na carta do Papa Siríaco a Himério de Tarragona (10.02.385), há, no entanto, uma clara fundamentação da proibição: É um “crime” ainda gerar filho muito tempo depois da ordenação, mesmo “da própria esposa”; “estejam todos os padres e levitas obrigados, por uma lei indissolúvel, a consagrar-se à castidade de coração e de corpo desde o dia da ordenação”... pelo que o ato da geração é tido como impuro; sejam os transgressores “afastados do estado sacerdotal e nunca mais possam celebrar os sagrados mistérios dos quais eles mesmos se privaram, ao satisfazerem apetites obscenos”. Numa visão hodierna tal lei já não pode reclamar nenhuma validade, pois além de contestável em sua fundamentação, atinge a essência do casamento, garantido por direito divino, ao querer retirar dos sacerdotes católicos romanos “o direito ao corpo em ordem àqueles atos que são próprios da geração de filhos”( C.I.C.- Codicem Iuris Canonici), cân. 1013, $ 2). Baseado nesta premissa, direito eclesiástico não pode invalidar direito divino!

É igualmente contestável a singular fundamentação que o II Concílio de Latrão (ano 1139) deu, ao estabelecer o casamento como impedimento para a ordenação sacerdotal, o que constitui a formulação decisiva e até hoje válida da lei do celibato: até hoje o celibato não é, sob o ponto de vista legal, um princípio de escolha e sim um impedimento absoluto para o casamento. O tal Concílio considera nulos casamentos de padres, os já feitos e os que se celebrem no futuro, “a fim de que a lei do celibato e a pureza agradável a Deus se difundam entre os eclesiásticos...”. Se a pureza agradável a Deus é para ser alcançada apenas fora do casamento, o Concílio está dizendo com isso, indiretamente, que é impura a doação matrimonial, o que corresponde, aliás, à doutrina teológica da Idade Média. Mas assim o Concílio contradisse sua própria doutrina sobre a ‘sacramentalidade’ de seus ‘sacramentos’, quando diz: “...aqueles que, sob a aparência de piedade, condenam o sacramento da Eucaristia, do Batismo das crianças, da ordenação sacerdotal e do matrimônio legítimos, nós os repelimos como herejes”. Portanto a lei de 1139 conflita com o dogma católico romano e ao mesmo tempo com o direito divino, ao separar casamentos tidos como válidos até então, contrariando o que diz Mt. 19.6: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”, vedando, além disso, aos padres, de maneira completa, o direito divino ao casamento. Uma “ecclesiastica regula” (lei eclesiástica) - e como tal se caracteriza a lei do celibato de 1139 – não pode jamais revogar um direito divino, conforma C.I.C., cân. 6, $ 6 – “Nullum ius humanum contra ius divinum praevalet”. Em assim sendo, deve ser considerada nula!

É bom ressaltar que o Concílio de Trento (1545) não decretou nenhuma lei nova sobre o celibato, apenas confirmou o que já estava em vigor até os dias de hoje. O C.I.C. leva em conta que para o celibato é necessário um “dom e carisma particular de Deus”, o qual, segundo Mt 19.11 “nem todos têm”, mas ao contrário determina que os clérigos de ordens maiores “estão impedidos de casar-se” (cân. 1072). É a antiga proibição do casamento de 1139, umas das “obrigações” impostas por lei ao estado sacerdotal, e não um princípio de escolha somente para aqueles que receberam o dom do celibato. A Igreja de Roma reafirmou, no Concílio Vaticano II e repetidamente no sucessivo assim chamado “Magistério Pontifício”, a “firme vontade de manter a lei que exige o celibato livremente (???) escolhido e perpétuo para os candidatos à ordenação sacerdotal no rito latino” (João Pau1o II, Exort. Ap. post-sinodal Pastores dabo vobis, 29: l.c 704; cf. Conc. Ecum. Vat.II, Decr. Presbyterorum Ordinis, 16; Paulo VI, carta enc. Sacerdotalis coelibatus (24 de junho de 1967),14; C.I.C. cân. 277, $ 1).

Há uma palavra da Escritura Sagrada que é de suma importância para a crítica da lei eclesiástica do celibato. Está em I Cor. 9.5: “Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?”. Neste versículo, que pouco ou quase nada incomoda a Igreja de Roma, Paulo fala de seu direito de apóstolo, do direito que lhe compete como aos demais apóstolos, mesmo que a ele renuncie. E na verdade trata-se aqui não somente do direito ao imposto eclesiástico (I Cor. 9.4), como o Senhor tinha dito: “... comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário... em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que vos for oferecido” (Lc. 10.7-8), mas Paulo está pensando também no direito de levar consigo uma esposa. Este direito, igualmente ao anterior, remonta ao Senhor, é, portanto jus divinum, pois nenhuma outra autoridade além do Senhor poderia atribuir aos apóstolos qualquer direito apostólico. Isso ressalta também do contexto. Em I Cor. 9.1 Paulo diz: “Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi a Jesus Cristo Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?” e conclui, resumindo: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (I Cor. 9.14)

O conteúdo do direito do Cap. 9.5 é de ser o apóstolo acompanhado de uma esposa. Disto há uma prova de fato, uma prova de tradição e uma prova lingüística. A prova de fato: Pedro-Cefas era casado, segundo o testemunho de Mc. 1.30. Nesta passagem cita-se a sogra de Pedro que estava doente e que Jesus a curou. O irmão de Jesus, Judas Tadeu, era casado, segundo Eusébio – História da Igreja III, 20, 1-5 – pois tinha dois netos. Segundo o mesmo livro – III, 31, 2-3 – era também casado o apóstolo Filipe, pois tinha três filhas. Sabemos por I Cor. 9.5 que eles, mais tarde, “levaram” novamente consigo suas esposas, embora durante a vida de Jesus “tenham deixado tudo para segui-Lo” (Mt. 19.27). Uma outra que não a esposa não pode ter estado a acompanhar o apóstolo, pois um fato destes, ontem como hoje, só teria suscitado suspeitas! Ademais, uma outra mulher não constituiria objeto de um direito do apóstolo: só o casamento dá a um homem o direito a uma mulher; não há direito a uma servidora, nem mesmo para um apóstolo, pois o Senhor disse: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc. 10.45) e “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor” (Mt. 10.24). Entre os direitos especiais dos apóstolos conta-se aqui o direito ao casamento, porque as mulheres não somente lhes prestavam ajuda na pregação do Evangelho, mas também eles podiam utilizar os bons ofícios de suas esposas na manutenção das comunidades, o “beber e o comer” do v. 4. Em si, porém, o direito ao casamento é um direito bíblico natural e universal (Gn. 2.18-24; Mt 19.4-6). É deste direito que Paulo falara expressamente há poucos capítulos antes: “...por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (I Cor. 7.2). Estando pois estabelecido o direito fundamental, não precisava Paulo tecer maiores considerações a respeito no cap. 9.

A prova da tradição: Os mais antigos Pais da Igreja traduziram, sem exceção esposas por uxores. Só mais tarde é que se manifestam opiniões diferentes. Escrevendo por volta de 204, diz Tertuliano em De exh. Cast. 8: “Era permitido, até aos apóstolos, casar-se e levar consigo esposas”. Mais tarde, por influência do Montanismo, ele mudou de opinião. Clemente fala no Paedagogos II, 1,9 “do acompanhamento das esposas”, como de um “uso” da criação moralmente indiferente, permitido portanto, tal como o “comer e o beber” de I Cor. 9.4. Hilário de Poitiers (falecido em 367), em seu Comentário dos Salmos, interpreta o versículo da mesma maneira que Tertuliano no sentido de que está expresso aqui “o direito de os apóstolos se casarem” (portanto, não é apenas o direito de continuarem casados, se já o eram antes do chamado): “ao louvar a continência, o apóstolo não põe obstáculo ao direito de casar-se... não temos nós o direito de levar esposas?” É bom ressaltar que Hilário, além de padre é ‘doutor da Igreja’ (Católica) , e sua palavra tem, por conseguinte, um grande peso! Enfim, Jerônimo, escrevendo contra Helvídio em 383 (Adv. Helvidium, 11), ainda traduz, como seu adversário, por: “uxores circumducere”, “levar esposas” mas 10 anos mais tarde (393) já está sob a influência da legislação latina sobre o celibato, e em Adv. Jovinianum 1,16 a tradução “uxores” é substituída por “mulieres”, isto é, mulheres “que ficavam a serviço dos apóstolos, com a permissão deles, da mesma maneira que... teriam servido ao Senhor (Lc. 8.2-3). Neste “subterfúgio” encalhou a exegese posterior...

Por último, vale como prova a seguinte regra lingüistica: quando, numa construção gramatical, uma mulher está em referência de posse a um homem, significa sempre no NT a mulher casada, como entre nós, “minha mulher” é a mulher casada (por exemplo I Cor. 7.2 – “sua própria mulher”. Desta maneira, as mulheres acompanhantes de I Cor 9.5 são, no uso lingüistico do NT, eram as esposas dos apóstolos. Se, portanto, a Bíblia assegura ao apóstolo o direito de se fazer acompanhar de uma esposa, direito a que pode renunciar mas não está obrigado, a proibição eclesiástica de os padres se casarem repousa em pés de barro...

Sobre a proibição do casamento recai a sentença de I Tm 4.3: não é inspirada pelo Espírito Santo mas por demônios! O juramento de estar agindo livre e espontaneamente, conforme o atual Código de Direito Canônico, também em nada alterou a lei de 1139, porque também aqui a preocupação não é com o carisma (dom), mas em “manter a lei”. Uma lei injustificável em si mesma não pode, no entanto, ser legitimada por obediência voluntária. O Concílio Vaticano II acentuou a necessidade do carisma, mas reforçou ao mesmo tempo em “manter a lei” que “exige o celibato” a todos os clérigos ordenados. O Concílio, ou está forçando todos os clérigos católicos romanos a cumprir a lei, mesmo sem carisma, o que não é possível segundo Mt 19.11 e I Cor 7.7 ou então, contrariando afirmações do Novo Testamento de que Deus vocaciona também ao ministério pessoas casadas, quer forçar a Deus, por meio de uma lei injustificável, a dar o dom ou carisma do celibato a todos os vocacionados. Mas a Deus, que “repartindo particularmente a cada um como quer” (I Cor 12.11), ninguém pode forçar, nem mesmo por oração, a fazer aquilo a que exorto o Concílio Vaticano II.

A assim chamada ‘Sagrada Congregação para o Clero’, ao lançar para o mundo inteiro o “Diretório para o Ministério e a Vida do Presbítero” , assinado pelo Prefeito daquele Dicastério, Cardeal José T. Sanchez, na Quinta-Feira Santa de 1994, assim se expressou sobre a “motivação teológica e espiritual da disciplina eclesiástica sobre o celibato”: “Este, como dom e carisma particular de Deus, requer a observância da castidade perfeita e perpétua por amor do Reino dos céus, para que os ministros sagrados possam aderir mais facilmente a Cristo com coração indiviso e dedicar-se mais livremente ao serviço de Deus e dos homens”.

Infelizmente, não é esta a prática que recentemente veio inserida nas manchetes, em letras garrafais, das nossas revistas semanais! Hoje, o grande problema e vergonha da Igreja de Roma, o seu calvário, é, sem sombra de quaisquer dúvidas, o seu próprio clero - regular ou secular! De nade vai adiantar o Papa João Paulo II ter chamado recentemente cerca de 12 cardeais para decretar tolerância zero em suas entranhas, contra a pedofilia e homossexualismo de seus ministros, mesmo que venha adotar severas normais contra estas práticas e crimes sexuais, se a causa maior não for extirpada do seu meio: o celibato obrigatório por lei eclesiástica. Por causa destes escândalos que agora têm se tornado rotineiro nos arraiais romanistas, a decadência da Igreja de Roma é visivelmente notória, pois o censo de 2000 recentemente divulgado pelo IBGE e amplamente divulgado pela imprensa nacional, veio demonstrar o decréscimo do número de católicos no Brasil – considerado até então o maior país católico do mundo! Não dá mais para esconder ou encobrir a vergonhosa homossexualidade entre religiosos católicos com os filhos de seus paroquianos. Quanto a fatos não há contra-argumentos, diante da face oculta dos que um dia ousaram manipular os desígnios da Igreja de Cristo em usufruto próprio.



* pastor batista, foi sacerdote católico romano duarnete 22 anos consecutivos, é autor do livro "Confissões Surpreentes de um ex-Padre", conferencista.