sábado, 14 de dezembro de 2013

NATAL: A VERDADEIRA FINALIDADE DO NASCIMENTO DE JESUS

 
 
 
 
O Natal não foi em dezembro. A história e os fatos dizem que não... A lenda diz que sim... Como nós o conhecemos é uma cristianização do paganismo babilônico, na tentativa de acomodar a sua idolatria mística, do solstício invernal, no hemisfério norte, com o nascimento do Sol da justiça, profetizado por Malaquias. Historicamente, uma das ‘cristianizações’ da Igreja de Roma.
 
Quando da primeira comemoração do Natal, por volta dos anos 325 a 340, até agora, muita cosia estranha foi introduzida na celebração desta festa. Árvores, luzes, guirlandas, ceias com várias iguarias, presentes e o abestalhado bom velhinho papai Noel. Esta figura sem qualquer sentido na história do cristianismo foi implantada através das tradições pagãs. Outros acham que o personagem foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira, na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar, a forma anônima, a quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Posteriormente, foi declarado ‘santo’, depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Estes são alguns episódios do bom velhinho.
 
Sua transformação em símbolo natalino ocorreu no século XVI, na Alemanha e daí, a tradição correu mundo inteiro. Antes ele se vestia com uma veste sóbria de cor escura, própria do inverso rigoroso, mas no final do século XIX, deram-lhe um trajo vermelho.
 
Este Natal , que se comemora por aí, é tão falso quanto uma nota de três reais. Mas houve um dia em o Cristo se encarnou no Jesus histórico e, nasceu neste mundo de ilusões e mentiras, para salvar as pessoas de serem enganadas consigo mesmas! Que Ele nasceu, não há o que contestar! Diz a Palavra que “o Verbo (Ele) se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14)
 
No meio da farsa, há um nascimento de verdade. O Natal é a história do Deus encarnado, revelando a grandeza do amor incomensurável de um Deus grandioso. O nascimento do Messias visava duas coisas muito importantes. Primeiramente, dar glória a Deus nas alturas a quem ele quer bem. Sem a glória nas alturas, não haverá paz aqui na terra. Por causa do pecado, a raça adâmica foi deposta da comunhão com Deus. Sendo destituído desta glória tornou-se uma espécie de ser desprovido da comunhão com Deus.
 
Em segundo lugar, a vinda do Messias ao mundo, em carne, tinha como um dos objetivos principais destronar da pompa aquele que viera crer na pessoa e obra de Cristo crucificado, fazendo-o apear da sua própria arrogância pessoal de querer ser Deus e, substituindo a glória do ser humano na terra, pela glória de Deus nas alturas. O pecado nos tornou membros honorários de uma plêiades de estrelas cadentes que as piram ao auge da entronização, como se fossem constelações permanentes e absolutas no zênite do aglomerado das plêiades nos céus.
 
Somos uma casta em rebeldia contra Deus, destituída da Sua glória, embora promovendo sempre a nossa glória pessoal a qualquer custo. O pecado nos fez aspirantes do pódio da glória humana. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – nos diz o apóstolo Paulo (Romanos 3.23). Logo que todos foram destituídos da glória de Deus, todos passaram a buscar a sua própria glorificação na terra, como um troféu de honra particular. Nossa história é uma narrativa de feitos notáveis e descrenças em Deus. “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus  único?” (João 5.44).  
 
Para que haja paz entre os homens é preciso  que Deus seja glorificado, acima de tudo e de todos. Só poderemos dar glória a Deus de fato, quando formos demolidos de nosso delírio de príncipes e princesas. Muitas autoridades e religiosos importantes, no tempo de Jesus, creram Nele, mas não o confessaram publicamente, “porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (João 12.43). Para que possamos dar glória a Deus nas alturas, com liberdade e contentamento, é imperioso que sejamos abatidos, pela obra de Cristo crucificado, da nossa necessidade de autoglorificação, bem como da nossa dependência da glorificação alheia. Sem, essa demolição, não existirá o verdadeiro louvor no altar.  
 
O verdadeiro Natal aponta para a glória de Deus nas alturas e a paz na terra, entre os homens amados com o seu amor furioso. Para que Deus seja glorificado, nós precisamos morrer para a presunção de ter glória pessoal e vivermos apenas investindo na glória de Deus, aqui na terra. Desde que a glória pertença tão somente a Deus, não me importo pra quem o crédito. Bem-aventurado seja neste Natal. Jesus nasceu! Feliz Natal a todos!   

 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

DISCERNINDO BEM O TEMPO PRESENTE...


Neste início de novo ano, precisamos discernir bem o tempo presente. Quando se fala  em discernir o tempo presente, grande parcela do assim-chamado mundo evangélico entende que o assunto é de cunho profético, envolto numa interpretação de profecias bíblicas para os nossos dias.
 
Há várias palavras no hebraico e grego bíblico que são traduzidas pelo verbo discernir ou por seu  substantivo – discernimento. Dentre elas podemos destacar  os sinônimos: entender, discriminar, considerar, perceber, observar, fazer distinção, examinar, ser inteligente, ter prudência. (Salmo 19.12; Jonas 4.11; I Pedro  3.7; Efésios 3.4; I Coríntios 12.10; Hebreus 5.14; Mateus  16.3; Lucas 12.56; Hebreus 4.12; Salmo 36.3). 
 
Discernir significa balizar a maneira de pensar, a fé e a prática de vida a partir  da Palavra de Deus, confrontando com o que está acontecendo no mundo, a nossa volta e conosco. Significa também distinguir o quanto temos sido influenciados por conceitos antibíblicos e voltarmos (arrependimento) para o centro da soberana vontade de Deus. Paulo nos orienta: “Rogo-vos, pois, irmãos... não sede conformados com este mundo, mas sede transformados (voz passiva, modo imperativo) pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.1,2).
 
Em tempos atuais com o surgimento de tantos absurdos teológicos, práticas eclesiásticas cada dia mais extravagantes (recentemente foi publicado um convite para uma “balada tropical gospel, para que jovens venham dançar e se divertir, a caráter) deturpações de textos bíblicos e inversões dos valores cristão e éticos, é cada vez mais importante discernir os ataques e ações contrárias à  vida cristã. Muitas armadilhas aparecem em nossos dias,  tentando nos desviar da centralidade de Cristo e da vontade soberana de Deus. Por isso há grande perigo em deixarmos  aberta a porta de nossa mente. É necessário termos critérios claros e convicção firme para rejeitar o que não é saudável e tomarmos decisões sábias. Esses critérios e convicções, somente adquirimos no relacionamento íntimo com Deus, buscando nas Sagradas Escrituras e na comunhão através da oração, compreender qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. 
 
Com a atual confusão teológica emergente no meio evangélico brasileiro, tem sido cada vez mais difícil  com um explicação simples, se dizer o que é um verdadeiro cristão. Por esse motivo não se distingue com facilidade as bases bíblico teológicas; não é possível saber exatamente  o que os evangélicos atuais creem em relação a vários  pontos fundamentais da fé cristã como: o sacrifício de Jesus, regeneração, justificação, pecado, santificação, soberania, adoração, etc.  o sacrifício de Jesus, regeneração, justificação, pecado, santificação, soberania, adoração, etc, pois os temas mais proeminente de hoje estão centrados no homem e suas demandas.
 
A superficialidade no estudo das Escrituras Sagradas causada pela extrema ocupação do tempo com outras coisas, em geral tem feito com que a interpretação bíblica seja delegada a líderes religiosos da teologia liberal, de uma hermenêutica moldada pela mente relativista, baseada em conceitos mundanos, ou ainda por linha doutrinária legalista. Algumas causas podem ser apontadas: abandono do exame das Escrituras (Atos 17.11); ausência de reflexão bíblica (I Timóteo  4.15); conformismo  (Romanos 12.2); passividade e medo.
 
Em meio a essa confusão teológica instalada  em grande parte nos movimentos neopentecostais, cujo ranço tem invadido também e se feito sentir em muitos denominações tradicionais, podemos observar um declínio da fé em função da ascensão da descentralização de Cristo e da centralização do homem  como motor de todas as coisas. Se de um lado a assim-chamada “teologia da prosperidade” coloca o homem e suas ambições no centro, fazendo de Deus um serviçal, de outro perfil o misticismo medieval (ausência de fé bíblica e ênfase exagerada na experiência) busca na experiência sensorial, sentir Deus. (Colossenses 2.23-3.1-3).
 
Onde as Escrituras não são cridas como infalível Palavra de Deus inerrante, conceitos liberais e antibíblicos surgirão para nortear as convicções, somado a tudo isso o materialismo gerando a secularização da vida. Pensemos nisso com profundo e sério discernimento neste tempo presente.      
 
    

O ENGANO DA ASSIM-CHAMADA ‘TEOLOGIA DA RESTITUIÇÃO’...

 
 
Restitui! Eu quero de volta o que é meu!” Esta frase extraída de uma canção tida como “evangélica” me faz lembrar a petulante atitude do Filho Pródigo quando disse: “Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe”. E quão diferente não foi à atitude deste mesmo filho, que, anos mais tarde, arrependido, apresenta-se diante do pai com o coração quebrantado, humilde, e nada reivindica, pois, agora, está consciente de não possuir direito algum diante do pai! Observem que ele nem mesmo se sente digno de ser tratado como filho! Ele confessa o seu pecado e passa a contar apenas com a  misericórdia do pai!
 
Nem o Filho Pródigo e nem Jó em seus momentos de angústia cantaram ou clamaram algo parecido com: “restitui, eu quero de volta o que é meu” Quando Jó perdeu tudo, ele exclamou: “O Senhor deu, o Senhor levou, bendito seja o nome do Senhor” ( Jó 1.21).  Jó, mesmo sendo considerado uma pessoa justa, sabia que tudo na vida era uma dádiva e que nada era dele por direito. Não considerava nada como sendo realmente seu, pois sabia que tudo pertencia ao Senhor. Pensando bem, se o salário do pecado é a morte, então, o que os pecadores teriam de fato por “direito” seria a morte. Por isto, o profeta Jeremias diz que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” (Lamentações 3.22). E diz mais ainda em 3.39: “Por que, pois, se queixa, o homem vivente?  Queixe-se cada um dos seus próprios pecados”.
 
Clamar a Deus: “Restitui! Eu quero de volta o que é meu!” soa tão arrogante quanto a oração do fariseu que se sentia cheio de direitos diante de Deus. Jesus diz que tal prece foi ignorada por Deus, enquanto a humilde oração de arrependimento do publicano pecador achou graça aos olhos de Deus (Lucas 18.14). Pois sabemos que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tiago 4.6). É neste sentido que as crianças nos servem como modelo, não por sua inocência, mas por sua incompetência. As crianças estão de mãos vazias, não têm passado e não possuem uma folha de serviços prestados para apresentar como base de suas pretensões e reivindicações de direitos. Elas são “ os pobres de espírito, porque deles (as) é o reino dos céus”! (Mateus 5.3).
 
Como crianças se tornaram o profeta Isaías que, consciente de não poder subsistir diante de Deus na base de seus próprios méritos, clamou por misericórdia, dizendo: “Aí de Mim…” (Isaías 6.5 ); João Batista que disse não ser digno de desatar as sandálias de Cristo (João 1.27); o centurião, que disse não ser digno de que Cristo entrasse em sua casa (Mateus 8.8); o publicano que quando orava, “não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lucas 18:13); o Filho Pródigo, que disse não ser digno de ser chamado de filho (Lucas 15.19); o cego de Jericó, que mendigava e clamava por misericórdia (Lucas 18.35s); a mulher sírio fenícia, que não se sentia digna de comer à mesa dos filhos, mas que se satisfaria com as migalhas que caíssem da mesa do Senhor (Mateus 7.26s); Pedro, que prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lucas 5:8); Paulo que disse ser o maior dos pecadores e indigno de ser chamado Apóstolo (I Coríntios 15.9); e tantos quantos reconhecerem sua indignidade, sua incompetência, sua inadequação, e, pobres de espírito e desprovidos de qualquer pretensão e noção de direito, se apresentaram de mãos vazias diante de Deus esperando por sua misericórdia e graça! Isso sim, é bíblico!
 
Jesus disse aos líderes religiosos dos judeus que estavam confiantes em sua noção de direito decorrente do fato de serem descendentes de Abraão: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Lucas 3:8). Não devemos, portanto, nos apresentar diante de Deus reivindicando o que quer que seja na base de um pretenso direito. Tal ideia é um atentado ao Evangelho da Graça!
 
Graça é dádiva imerecida, não nos esqueçamos disso, jamais! Portanto, não temos direito a nada, pois tudo o que recebemos das mãos de Deus é resultado de Sua amorosa graça! Aprendamos, portanto, a orar com o profeta Daniel: “não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias” (Daniel 9.18). Vemos nessa canção herética também um outro vento novo de falsa  doutrina, que está sendo denominada - a teologia da restituição’. Baseado em Joel 2.25, está sendo ensinado no meio do povo de Deus que tudo o que nos foi roubado pelo diabo, estará sendo restituído por Deus: “Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros.” Mas o próprio versículo deixa claro que este exército de gafanhotos não foi enviado pelo Diabo, mas, sim, por Deus, com intuito de disciplinar, corrigir e ensinar seu povo! Verifiquemos isso!...
 
Outro problema também é atribuirmos ao diabo os nossos infortúnios e nos esquivarmos de nossa responsabilidade pessoal. É interessante notar que, diante deste quadro, o profeta Joel não conclama o povo a um clamor de restituição, mas, sim, a um clamor de arrependimento (2.12-15). Corações quebrantados, contritos e humildes nunca são rejeitados por Deus: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Salmo 51.17; Ver também: Isaías 57.15 e II Crônicas 7.14).
 
Quando Deus promete restituir, isto se deve a Sua misericórdia e graça e não a qualquer espécie de obrigação, pois Deus nada deve ao ser humano, mas somos nós quem Lhe devemos tudo! Pois “quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.35,36).
 
Parem de cantar essa canção herética em suas igrejas! Parem, parem... Saiba, examine que tipo de canção você está cantando...
 
Esta canção está repreendida em Nome de Jesus!
 
Pr. Barbosa Neto  

MARCAS DE UM SALVO SEGUNDO A PALAVRA DE DEUS


Texto Chave:

"Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus”.  ( I João 5.13)

 
INTRODUÇÃO:
Caríssimos e amados irmãos
 
A palavra-chave de I João 5.6-12 é testemunho. Deus nos deu testemunho de Seu Filho, mas também deu testemunho de seus filhos – cada um dos cristãos. Sabemos que temos a vida eterna! Além do testemunho do Espírito dentro de nós, também temos o testemunho da Palavra de Deus: “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus!” (I João 5.13).
 
A vida eterna é uma dádiva; não é algo conquistado por esforços próprios (João 10.27-29; Efésios 2.8-9). Essa dádiva é uma Pessoa: Jesus Cristo. A vida eterna é recebida não apenas de Cristo, mas também em Cristo. “Aquele que tem o Filho  tem a vida”. (I João 5.12). Não é apenas “vida”, mas “a vida” – a “verdadeira vida”. (I Timóteo 6.19). Essa dádiva é recebida pela fé. Deus registrou oficialmente em sua Palavra que oferece vida eterna aos que creem em Jesus Cristo. Milhões de cristãos provaram que o registro de Deus é verdadeiro. Não crer é  fazer Deus mentiroso e, se Deus é mentiroso, nada é certo. Deus deseja que Seus filhos saibam  que pertencem a Ele. João foi inspirado pelo Espírito a escrever e a garantir  que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus” (João 20.31). Escreveu esta epístola para que tenhamos certeza de que nós somos filhos de Deus (I João 5.13).  Escreveu esta epístola  para que tenhamos certeza de que nós somos filhos de Deus. (I João 5.13).   
     
Poderíamos citar várias características ou marcas que identificam um salvo, e a Bíblia nos aponta muitas, todavia,  vamos nos limitar as que estão mencionadas no Livro de I João.
 
João depois de fazer uma exposição esclarecedora nos capítulos anteriores, diz que todas "Estas coisas” foram escritas e direcionadas aos que creem "no nome do Filho de Deus", com o objetivo de que possam avaliar a sua vida à luz das mesmas, para que possam avaliar à luz das verdades contidas em toda carta, se de fato o seu estilo de vida é a de um salvo.
 
Quais são "Estas coisas" que nos identificam como um salvo à luz das Sagradas Escrituras?
 
1. Um salvo anda na luz, assim como Deus na luz está.
 
"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”.  (I João 1.5-7).
 
Ser transparente, é ter um estilo de vida contínuo que mostre através das ações e reações sua identificação com Deus. Lembremos que Mateus no seu evangelho (5.13) diz que somos luz e que ninguém esconde a luz, pelo contrário, coloca em lugar alto para que possa iluminar toda casa. A nossa luz deve brilhar de tal forma, ao ponto dos homens que não conhecem a Cristo, possam ser conduzidos até Ele por meio de nossa luz. João diz: “Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade”. Só andará na luz os que de fato são salvos, a fé professada verbalmente tem de ter concordância com o estilo de vida vivido. O Senhor Jesus disse: "Nem todo o que me diz Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu pai, que está nos céus”. (Mateus 7.21). Ele ainda diz que os que de fato vão ao céu são aqueles que praticam a verdade da Palavra.
 
Eu lhe pergunto: você tem essa marca? É um praticante da Palavra ou um mero religioso? Seu estilo de vida é coerente com aquilo que você diz ser? Pregação e prática andam juntos, e se dizemos ser um salvo, então devemos dar testemunho como um salvo. Se tivermos essas “marcas de nascença”, poderemos dizer com toda certeza que somos filhos de Deus.  
 
Ilustração: Diz a história que no exército de Alexandre, o Grande,  existia um soldado tipo nó cego, sem caráter, e que tinha o mesmo nome do general. Ele se chamava Alexandre. O general Alexandre soube da conduta desse seu soldado e o chamou a sua presença e lhe disse: "OU VOCÊ MUDA DE CONDUTA OU TROCA DE NOME".
 
2. Um salvo é sensível ao pecado

Se dissermos que não temos pecado, enganam-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não este em nós”.  (I João 1.8-10).
 
João deseja mostrar que nós temos uma natureza pecaminosa e aquele que nega essa verdade engana-se a si mesmo e não vive a verdade. "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”. Todavia, João nos dá uma boa notícia, existe purificação e perdão para os nossos pecados, por meio da confissão dos mesmos. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. 
 
João está querendo dizer o seguinte: não há o que negar, temos uma natureza pecaminosa que gosta de praticar coisas erradas que ofendem a santidade de Deus, e negar este fato é loucura. É necessário, todavia, que tenhamos uma sensibilidade para detectar o pecado em nossas vidas, e confessá-lo ao Senhor, e, em fazendo assim,  teremos a purificação das nossas vidas e o perdão dos pecados. Não tem como um salvo viver de braços dados com o pecado, tratando-o como se fosse um pecado de estimação. O nosso relacionamento com o pecado nos afasta da presença do Senhor. O profeta Isaías nos diz: "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido agravado,  para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça." (Isaías 59.1-2).
 
João diz que Cristo se manifestou para tirar os nossos pecados e que todo aquele que está Nele ou permanece nele não vive tendo prazer numa vida pecaminosa. "Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade. E bem sabeis que Ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e Nele não há pecado. Qualquer que permanece nele não peca (aoristo: “não vive continuamente pecando”); qualquer que peca não O viu nem O conheceu”. (I João 3.4-6).
 
O pecado não faz mas parte da natureza do salvo, a sua natureza agora é santa, por essa razão não pode se envolver com a lama do pecado. "Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”. (I João 3.8-9).
 
3. O salvo ama os seus irmãos.
 
"Aquele que diz que está na luz, e aborrece a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos." (I João 2. 9-10).
 
João gasta quase três capítulos (2.3.4) inteiros para centralizar essa verdade na mente dos que se dizem salvos, com o fim de avaliar a que nível está a vida de cada um e para que não corram o risco de estar enganados. João mostra no capítulo 3 que o amor aos irmãos é uma marca inquestionável de um salvo. "Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não prática a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus. Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas. Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte. Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanente nele." (I João 3. 10-15) 
 
Lamentável quando vemos em nosso meio, e nos choca mais ainda,  quando vemos no meio de nós, pastores, atitudes de ódio, inveja e rivalidade entre os colegas de ministério! Como um representante da verdade e exemplo do rebanho, um ministro da Palavra pode viver com malquerença e rivalidade com os seus colegas e ter a coragem de subir no púlpito para pregar a Palavra da verdade do Evangelho e, ainda por cima, pregar sobre amor e ter a coragem olhar nos olhos das pessoas que o ouvem? Será que não queima ou incomoda a nossa consciência? O que achamos disso?... Muitos de nós, pastores, precisamos nos converter, verdadeiramente falando!... 
 
Jesus disse que não recebe a oferta de alguém que estar de malquerença com o seu irmão. "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra a ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta". (Mateus 5.23-24). Oferta no contexto é a entrega das finanças, mas que pode ser aplicado a todo o serviço que nós, os pastores, realizamos. Antes de fazer as coisas para o Senhor precisamos verificar se existe alguma pendência entre mim e o meu colega, entre mim e as ovelhas, etc.
 
João diz que o homicida, o assassino, não tem parte no reino de Deus. “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (I João 3.36). Matar um colega de ministério no nosso coração, por exemplo, acontece quando por orgulho, dureza do coração, e decidimos nos afastar dele, exclui-lo do nosso convívio, e isso caracteriza um homicídio. Porque à semelhança de Cristo, devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos. "Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos." (I João 3.16). O meu amor para com o meu irmão deve ser vivido na prática, e não somente nas palavras. "Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade." (I João 3.18). Dizer que ama o irmão e não querer ter comunhão com ele é certo? O que os amados acham disso? Foi esse o tipo de amor bíblico ensinado por Jesus? Não!...
 
Jesus nos ensinou a amar nossos inimigos e orar pelos que nos persegue, ora, se eu devo amar os meus inimigos quanto mais os meus irmãos! Deus é a essência do amor, quem tem o amor de Deus ama seus irmãos. "Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros." (I João 4.7-8;11).
 
Quero lhe fazer uma pergunta em direção ao seu coração: Você ama a Deus? O seu amor a Deus é manifesto através de seu amor pelos irmãos. "Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor. Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito."(I João 4. 12-13). Quem de fato ama a Deus também ama aos seus irmãos.  Se você diz conhecer a Deus, e diz andar com Ele, mas odeia a seu irmão, você é um mentiroso, um perdido. "Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão." (I João 4.20-21).
Ilustração: No terceiro século Roma era implacável com os crentes, eles eram mortos, presos e muitos levados como escravos para trabalhar nas pedreiras. Quando um deles era preso, os demais iam até a cadeia para levar alimento e água e quando chegavam na cadeia eram presos, sob a alegação de serem iguais. O que fazia eles tomarem uma decisão dessas, de demonstrar tamanho amor? Era a verdade de Deus imprimidas em suas mentes e corações e que era vivida em sua essência! Eles entendiam que visitar os presos, os doentes e ser um igual aos demais, era o mesmo que estar servindo a Cristo. "E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. (Mateus 25.31-40)
 Seu amor pelos irmãos está nesse nível, meu querido? Lembre-se, para ser um discípulo de Cristo existe uma condição: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." (João 13.35) Você se enquadra neste versículo? Você é um discípulo de Cristo?
 
4. O salvo não tem prazer nas coisas do mundo.
 
João mostra uma outra marca essencial para que possamos identificar um salvo. "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.(I João 2.15-17).
 
Nesse texto encontramos três razões por que não devemos amar o mundo:
 
1) Porque é uma ordem de Deus: "não ameis o mundo..." se não tivesse nenhuma outra razão essa já era suficiente. Pois demonstramos o nosso amor a Deus obedecendo seus mandamentos. "Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama”.(João 14.15,21a). A grande recompensa para quem obedece ao Senhor é ter o amor do Pai e a manifestação de Sua presença. "e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele." (João 14.21b). Quem ama o mundo não tem o amor do Pai, pois está em desobediência ao Senhor.  
 
2) Porque as coisas do mundo é de procedência maligna. O mundo é conduzido pelo diabo, ele é o príncipe da potestade do ar, é ele quem dar as cartas, dita as regras do mundo. A Bíblia diz que o salvo antes de ter sido alcançado pela graça salvadora, vivia sobre as orientações do diabo, mas, agora salvo, vive sob as orientações do Senhor. "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”. (Efésios 2.1-5). O mundo não faz mais parte da nossa nova natureza.
 
3) Porque as coisas do mundo são passageiras. "E o mundo passa.." A ideia é de que Deus está empurrando o mundo para implantar o seu reino. Os prazeres que o mundo oferece são transitórios, passageiros. Não vale apenas desfrutá-los, são de pouca duração. Mas o que faz a vontade de Deus, este permanece para sempre!
 
Somos alertados a não nos conformarmos com esse mundo ou século, mas antes, devemos transformar as nossas mentes por meio da Palavra, para que possamos desfrutar “da boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.1-2).
 
CONCLUSÃO:
 
Ao examinarmos estas marcas, pode você dizer que todas elas fazem parte de seu viver? Você tem manifestado essas características em seu viver diário? Só você sabe responder... Se não as tem, você tem um sério problema a resolver, você é apenas um mero religioso, perdido, necessitado de salvação, da graça e Deus!  Portanto, arrepende-te agora e já de seus pecados e clama pela misericórdia de Deus, para que Ele possa te atende em tempo oportuno.
Se você vive essas características em sua vida, parabéns meu amado e minha amada, e busque mais e mais do Senhor,  para que Ele possa lhe dar graça sobre graça para que através de Sua vida, muitos possam se achegar a Ele.
 
Levante-se e venha aqui a frente, no altar do Senhor, que eu quero orar agora com você e por você. E, depois, louvemos ao Senhor!...

 

JEJUM É BÍBLICO, É UMA PRÁTICA CRISTÃ?

Pr. José Barbosa de Sena Neto
 
 
É válido Jejuar, hoje? Não seria uma prática tipicamente judaica? Como e por que jejuar, hoje? Que frutos obteremos com o jejum?
 
Embora vivendo num mundo envolvido num grande conflito, Deus tem colocado à nossa disposição, meios poderosos com os quais podemos ser mais do que vencedores. Um destes meios é o jejum. Esta prática nos coloca em íntimo contato com o Deus onipotente, a ponto de ligar nossa mão finita à mão infinita, nos tornando durante esta ligação, tão onipotentes quanto o próprio Deus.
 
A mais fascinante experiência concedida a um mortal, é a de ser um instrumento nas mãos de um Deus Todo Poderoso, e executar os atos da Divindade. Através desta experiência, homens abriram o mar; fizeram que da rocha brotasse água; que do céu caísse fogo; curaram os enfermos com o toque de sua mão ou até mesmo com sua sombra; expulsaram demônios; ressuscitaram mortos; multiplicaram alimentos; detiveram o sol, bem como o fizeram retroceder. Como meros mortais puderam realizar obras tão grandiosas? Como puderam ter em suas mãos o controle dos elementos da natureza e da própria vida? Através da sua ligação com um poder infinito, através de uma comunhão de fé que abriu as comportas “dos celeiros do céu, onde se acham armazenados todos os recursos da onipotência”.
 
Há quem seja contrário ao jejum.  Mas, quando buscamos a Deus com jejum e oração, não mudamos a mente de Deus, mas a nossa. O jejum nos faz mais aptos para receber, do que faz Deus mais pronto a conceder.
 
Temos exemplos vívidos do poder que advém do jejum, na vida de homens como Moisés que jejuou 40 dias (Êxodos 34.28); Esdras – 3 dias (Esdras 10.6); Elias – 40 dias (I Reis 19.8); Daniel – 21 dias (Daniel 10.3), Ana jejuou quando queria ter um filho, e o pediu a Deus (I Samuel 1.7); Davi jejuou também, em diversas ocasiões (II Samuel 1.12; 12.22); toda a nação israelita jejuava no Dia da Expiação (Levíticos 23.27 ss). Mas o jejum não está registrado apenas no Velho Testamento, mas também no Novo Testamento: Jesus quando se encontrava no deserto jejuou 40 dias e quarenta noites (Mateus 4.2; Lucas 4.2); João Batista ensinou seus discípulos a jejuarem com frequência (Marcos 2.18; Lucas 5.33); E houve quem criticasse os discípulos  de Jesus por não jejuarem com frequência (Mateus 9.14-15; Marcos 2.18-19; Lucas 5.33-35); Ana servia ao Senhor no templo, com jejuns (Lucas 2.37); Paulo jejuou nos dias que se seguiram à sua conversão na estrada de Damasco (Atos 9.9); Cornélio jejuou, antes de ter aquela visão em Cesaréia (Atos 10.30). A Igreja de Antioquia jejuou antes de comissionar a Paulo e Barnabé para a primeira viagem missionária (Atos 13.3). Mais tarde, durante a viagem de Paulo para Roma, ele e outras pessoas que estavam naquele navio jejuaram quatorze dias (Atos 27.33).  Quando estas pessoas passavam dias sem se alimentarem, ou noites gastas em oração conjunta, voltavam desses períodos mais fortalecidos do que antes, mais dispostos do que se tivessem gasto estas horas dormindo. Eles foram verdadeiramente sustentados pela companhia do Senhor. Isso está escrito na Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Por que descremos disso?
 
Por toda a História, grandes homens de Deus buscaram seu poder e bênção através de Jejum e oração. Lutero, Calvino e João Knox foram homens que jejuaram. Desconhecemos disso? Jonathan Edwards jejuou vinte e duas horas antes de pregar seu famoso sermão: “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado”. A influência espiritual daquela mensagem não ficou restrita apenas à chama do avivamento que se alastrou pelas colônias da Nova Inglaterra, mas ainda hoje continua a acender centelha do avivamento na vida de muitos cristãos.
 
Algumas pessoas afirmam que não devemos pregar sobre o jejum. Citam textos em que Jesus ensina que não devemos nos gabar de nosso jejum: “Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade digo que já receberam a recompensa” (Mateus 6.16). Entretanto, Jesus não estava condenando o jejum, mas, sim, aqueles que alardeavam seu jejum. Está claro que tal atitude não glorificava a Deus, nem era prova de que eram sinceros em suas orações. Mas Ele não se opôs a uma conclamação pública para o jejum.
 
Acredite que é perfeitamente bíblico conclamar os cristãos para um jejum, sim. Isso constitui um ato de fé; é um desafio a que se privem de uma necessidade vital, a fim que que possam orar com mais eficácia. Ester pediu ao seu povo que jejuassem (Ester 4.16); o Rei Josafá também convocou um jejum (II Crônicas 20.3) e Esdras também fez o mesmo (Esdras 8.21).
 
Deus criou o homem com a necessidade inerente de ingerir alimentos para poder viver. Essa necessidade diária forçou o homem, a criatura, a confiar em Deus, o Criador, para fornecer-lhe alimento. Se não tivesse essa necessidade, facilmente se esqueceria de Deus. Comer é muito agradável. Quem não gosta de comer? Todos nós gostamos e às vezes, exageramos. É um dos prazeres  que Deus nos concedeu. Deus disse a Adão que ele poderia comer de quase todos os frutos do jardim. Eles tinham sido criados para servir-lhes de alimento. Comer era uma aprte natural da vida. Ele só não poderia comer do fruto da árvore do conhecimento.
 
Quando o Senhor Jesus iniciou seu ministério seu primeiro ato público foi participar de uma festa de casamento em Caná da Galiléia (João 2.1-22). Certa ocasião, quando uma multidão de cinco mil homens estava faminta, Jesus poderia tê-los exortado a jejuar, falando dos benefícios espirituais que adviriam disso. Mas não o fez. Pelo contrário, providenciou  alimento para eles, ilustrando, na prática, a provisão divina.
 
E como todo alimento que comemos é um presente que nos vem da graça de Deus, a nossa atitude, ao iniciarmos as refeições, deve ser de gratidão para com Deus. Jesus deu o exemplo disso, quando deu graças antes de comer (João 6.11). Na Bíblia, o jejum se acha muito associado à oração, senão vejamos: Salmo 35.13; Mateus 6.5-18; I Coríntios 7.5). Quando uma pessoa jejua, está-se abstendo da alimentação, que é tanto uma necessidade quanto um  prazer. Essa abundância constitui, pois, uma expressão contínua de sua oração interior. O  Jejum revela que nossa oração é profundamente sincera. O jejum é um recurso pelo qual o espírito protege o corpo de  ir-se excedendo nos alimentos. Quando uma pessoa jejua, ela tem o corpo sob controle, e assim  pode realizar melhor a obra do Mestre.
 
Ultimamente tem surgido muita confusão em torno do jejum. Há quem advogue a abstinência de alimentos como uma forma de regime. Outros apresentam o jejum como um modo de se obterem benefícios para o corpo. E algumas pessoas chegam ao fanatismo, nessa questão. Precisamos ser cautelosos e evitar sensacionalismos. Nenhum dessas maneira de encarar o jejum se encaixa dentro do ensino bíblico acerca dele.
 
Por outro lado, muitos de nós, falamos bem pouco sobre o jejum, quando não silenciamos de todo, achando que não é prática cristã e muitos de nós o ignoramos por completo. Queremos a todo custo alijá-lo do nosso meio. Em consequência disso, estamos ficando sem as bênçãos que poderíamos receber melhor, se praticássemos o jejum e a oração corretamente. Há muito falta de poder em nossos públicos, pouca mensagem, mas muito discurso vazio, até mesmo eloquentes, mas por falta de jejum e oração,  nos tornamos pregoeiros incrédulos e de corações endurecidos e não transmitimos a Palavra de Deus com poder e unção.                     
 
Contudo, há vários pontos sobre o jejum que devemos considerar, para que tenhamos uma visão completa e coerente sobre esta importante prática do viver cristão.
 
Primeiramente, devemos compreender quais são os objetivos do jejum. De acordo com a orientação e exemplos conhecidos da Palavra de Deus, descobrimos os seguintes objetivos:
 
1º Ter a mente desimpedida da sobrecarga que o processo digestivo exige, para facilitar a comunhão, a meditação e a reflexão com Deus.
 
2º Mostrar a Deus e provar para nós mesmos, que aquilo que pedimos, ou as vitórias que almejamos, são realmente de suma importância para nós. Muitas vezes não sabemos exatamente o que queremos, e num período de jejum e oração, nossa mente se abre, ouvimos o nosso próprio coração e a voz de Deus, que nos convence da necessidade ou não, daquilo que desejamos.
 
3º Separar um momento especial que nos desligue do trivial e secular, e nos coloque numa atmosfera mais intensamente espiritual.
 
4º Adquirir mais disciplina e controle sobre nossos desejos e nossa vontade. Quando dominamos nosso apetite, assumimos um domínio saudável sobre nossa vontade, colocando-a em submissão à vontade divina.
 
5º Conceder ao sistema digestivo uma pausa para descanso. Muitas enfermidades podem ser evitadas e até curadas, com um período saudável de abstenção de alimentos.
 
6º Acima de tudo, nos colocar num íntimo e intensivo contato com Deus. Quando perturbado pela tentação, quando em necessidade de vencer um pecado acariciado, ou um hábito por anos arraigado, quando diante de uma grande provação, ou uma importante decisão, nada poderá ser mais efetivo em nossa vida do que estar bem perto de Jesus através do jejum e oração. Experimente isso e verá.
 
Agora, quanto à duração do jejum, não podemos estabelecer o mesmo tempo para todas as pessoas, pois o mesmo depende da constituição e do estado físico de cada um. Existem então alguns fatores que devemos levar em consideração, antes de estabelecermos um período de jejum que seja mais adequado com a nossa realidade.
 
1º O estado de saúde. Para que o jejum tenha o efeito desejado, a pessoa tem que estar bem fisicamente, pois caso contrário vai debilitar tanto a pessoa, que ela não terá disposição para comungar com Deus.
 
2º A constituição física. Nem todos podem suportar um jejum de 24 horas, devido sua estrutura física. Uma pessoa muito magra, desnutrida, ou mal desenvolvida não pode passar por um período longo sem se alimentar. Ninguém deve fazer um jejum total, com abstinência de alimentos e de água porque pode até lhe trazer perigo, sem antes conversar com um médico antes de fazer um jejum completo.   
 
3º A atividade física. Uma pessoa que exerce um trabalho braçal, tem necessidade alimentícia diferente de uma pessoa de vida sedentária.
 
Levando tudo isto em consideração, podemos então estabelecer os motivos e a duração do jejum, obedecendo os critérios acima mencionados. Sendo assim, a duração do jejum pode ser de 24, 12, ou até de 6 horas, e pode ser também de total abstenção de alimentos sólidos ou líquidos, como pode também ser de abstenção parcial tanto de líquidos quanto de sólidos. A Bíblia ensina que o jejum normal consiste em abster-se totalmente de alimento sólido. O jejum normal não implicava em abstinência de líquidos. Na ocasião em que Jesus jejuou quarenta dias e quarenta  noites no deserto, lemos o seguinte: “E, depois de jejuar quarenta dias e quarentas noites, teve fome” (Mateus 4.2). A Bíblia não menciona que Ele teve sede. Seria fisicamente impossível jejuar quarenta dias e quarenta noites sem ingerir líquidos. A maioria dos biblistas, acredita quer Jesus bebeu água no deserto, mas não ingeriu alimento sólido.  
 
Certas pessoas podem ficar em total abstenção e mesmo assim não perder sua disposição mental e física. Outros já não conseguem ter a concentração e disposição necessárias, devido o despreparo do seu corpo ou a fraqueza que o jejum total pode provocar nelas. Neste caso, ela pode tanto diminuir o tempo do jejum, como pode se alimentar com algo bem leve como, frutas, sucos ou algum tipo de alimento que não sobrecarregue o organismo e ao mesmo tempo alimente, ainda que levemente.
 
Pode não ser requerida a completa abstinência de alimento, mas devem comer parcamente, do alimento mais simples”. (CSRA 188-9)
 
Outro ponto a considerar é o costume da pessoa em relação ao jejum. Se a pessoa nunca jejuou, ela pode começar com um jejum de tempo reduzido, ou de abstenção parcial, e paulatinamente ir estendendo a duração e a abstenção de alimentos, de acordo com a sua realidade, até chegar à compreensão do seu limite.
 
Devemos sempre nos lembrar que a forma e a duração do jejum, só podem ser estabelecidos pela própria pessoa, sem jamais ser legislado e imposto por outros. Também não é preciso que seja anunciado publicamente por palavras, nem por um rosto abatido e triste, pois esta é uma experiência particular entre Deus e o adorador. Sendo assim, o jejum deve trazer alegria, confiança e entusiasmo na vida daquele que participa desta experiência maravilhosa com seu Criador (Mateus 6:16-18).
 
Outra grande complicação é com relação se o jejum inclui também a abstinência das relações sexuais entre marido e mulher. Isso é muito complicado, mormente em se tratando de um ou outro não ser cristão. E tem gente por aí afora ensinando quando do jejum, devem ser suprimidas as relações sexuais. Correto? Sim e não. Quando o casal é crente, é cristão, tudo bem,  porque há o “mútuo consentimento”. Mas quando um não é cristão, é terrivelmente complicado. Cuidado com os ‘ensinadores’ de coisas absurdas. Vejamos o que Paulo ensina: “Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência” (I Coríntios 7.5). Assim como algumas pessoas se abstêm do prazer da alimentação, assim também, num jejum parcial, o casal pode se abster das alegrias do casamento ou relações sexuais, sendo crentes, “por algum tempo”. Cuidado com o longo tempo. Como em todas as coisas, o espiritual deve governar o físico, pois nosso corpo é templo de Deus. O marido e a esposa crentes ou havendo “mútuo consentimento”, podem até abster-se das relações sexuais a fim de dedicar toda a sua atenção à oração e jejum, mas não devem fazer disso uma desculpa para longos períodos de abstinência “para que Satanás não vos tente por causa da incontinência”. Nunca ouvi falar que um crente e um incrédulo oram juntos... Aqui todo cuidado é pouco e o Senhor Deus nos deu perfeita sabedoria e bom senso. Há muita gente ensinando as irmãs que tem maridos incrédulos ou vice versa incrédulos a utilizar da abstinência das relações sexuais... No meu ponto de vista, isso é tremendamente incorreto, porque Paulo ensina: “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher”). I Cor. 7.4) Paulo ensina e incentiva os cônjuges a estar em sintonia um com o outro tanto nas questões espirituais quanto físicas. Não nos esqueçamos jamais do “algum tempo”.
 
Finalmente, se a pessoa não está disposta a entregar-se à oração por longos períodos durante o jejum, não deve jejuar. A mera privação de alimentos não tem nenhum valor, se não for acompanhada por um exercício espiritual nas mesmas proporções. Por outro lado, a abstinência de alimentos às vezes é associada com a ideia de se fazer ‘boas obras’, para agradar a Deus. Isso é ranço de catolicismo... Quando uma pessoa se priva de alimentos, está fazendo um ato que demonstra a sinceridade de sua fé. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida; justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).  
 
Se uma pessoa jejuar confiando em que isso lhe trará a salvação, esse jejum é obra da carne. A Bíblia ensina que não é “por obras de justiça praticadas por nós” (Tito 4.5), mas “ao que não trabalha, porém crê” (Romanos 4.5). Não podemos ser salvos por meio de obras. A credulidade do jejum não está na abstenção pura e simples, mas na sinceridade da pessoa que manifesta sua fé. O fato de algumas pessoas o praticarem apenas por legalismo, não invalida o jejum. Quando alguém crê que Deus será louvado pela consagração de seu corpo, pelo tempo passado em oração e pela abstinência de alimentos, seu jejum se torna um ato de fé.
 
Alguns querem que os outros jejuem, exatamente como eles o fazem. Na verdade, a Bíblia não nos diz quanto tempo devemos jejuar, nem quantas vezes e nem nos obriga a jejuar. O que é bênção para um, pode prejudicar a espiritualidade de outro, se se tornar uma imposição. Quem quiser jejuar, deve fazê-lo com a motivação correta, de modo bíblico, mas não deve forçar ninguém a fazer o mesmo. É o que eu penso. É o que faço. E sinto-me bem diante do Senhor Deus em assim e assim fazê-lo.
 
Gostaria de desafiá-lo a “alimentar-se” de Jesus Cristo durante o dia do jejum, quando assim e assim desejar fazê-lo. No dia em que Jesus se sentou  à beira do poço de Jacó, em Siquém, os discípulos tinham saído em busca de alimento. Quando os discípulos chegaram, disseram-lhe que comesse, ao que Ele respondeu: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis” (João 4.23). Ninguém lhe dera comida. O alimento que satisfizera Jesus fora fazer a vontade de Deus (João 34). Por isso é que creio que jejuar não implica apenas em abstermo-nos de alimento, mas também em nos consagrarmos à oração, buscando assim a face do Senhor!
 
Minha oração é que o Senhor Deus o ajude a reconhecer, de uma vez por todas, os benefícios que o jejum e a oração pode lhes trazer.
Experimente.