Neste
início de novo ano, precisamos discernir bem o tempo presente. Quando se
fala em discernir o tempo presente, grande parcela do assim-chamado mundo
evangélico entende que o assunto é de cunho profético, envolto numa
interpretação de profecias bíblicas para os nossos dias.
Há
várias palavras no hebraico e grego bíblico que são traduzidas pelo verbo discernir
ou por seu substantivo – discernimento. Dentre elas podemos
destacar os sinônimos: entender, discriminar, considerar,
perceber, observar, fazer distinção, examinar, ser
inteligente, ter prudência. (Salmo 19.12; Jonas 4.11; I Pedro
3.7; Efésios 3.4; I Coríntios 12.10; Hebreus 5.14; Mateus 16.3; Lucas
12.56; Hebreus 4.12; Salmo 36.3).
Discernir
significa balizar a maneira de pensar, a fé e a prática de vida a partir
da Palavra de Deus, confrontando com o que está acontecendo no mundo, a nossa
volta e conosco. Significa também distinguir o quanto temos sido influenciados
por conceitos antibíblicos e voltarmos (arrependimento) para o centro da
soberana vontade de Deus. Paulo nos orienta: “Rogo-vos, pois, irmãos... não
sede conformados com este mundo, mas sede transformados (voz passiva, modo
imperativo) pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.1,2).
Em
tempos atuais com o surgimento de tantos absurdos teológicos, práticas
eclesiásticas cada dia mais extravagantes (recentemente foi publicado um
convite para uma “balada tropical gospel, para que jovens venham dançar
e se divertir, a caráter) deturpações de textos bíblicos e
inversões dos valores cristão e éticos, é cada vez mais importante discernir os
ataques e ações contrárias à vida cristã. Muitas armadilhas aparecem em
nossos dias, tentando nos desviar da centralidade de Cristo e da vontade
soberana de Deus. Por isso há grande perigo em deixarmos aberta a porta
de nossa mente. É necessário termos critérios claros e convicção firme para
rejeitar o que não é saudável e tomarmos decisões sábias. Esses critérios e
convicções, somente adquirimos no relacionamento íntimo com Deus, buscando nas
Sagradas Escrituras e na comunhão através da oração, compreender qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Com
a atual confusão teológica emergente no meio evangélico brasileiro, tem sido
cada vez mais difícil com um explicação simples, se dizer o que é um
verdadeiro cristão. Por esse motivo não se distingue com facilidade as bases
bíblico teológicas; não é possível saber exatamente o que os evangélicos
atuais creem em relação a vários pontos fundamentais da fé cristã como: o
sacrifício de Jesus, regeneração, justificação, pecado, santificação,
soberania, adoração, etc. o sacrifício de Jesus, regeneração,
justificação, pecado, santificação, soberania, adoração, etc, pois os temas
mais proeminente de hoje estão centrados no homem e suas demandas.
A
superficialidade no estudo das Escrituras Sagradas causada pela extrema
ocupação do tempo com outras coisas, em geral tem feito com que a interpretação
bíblica seja delegada a líderes religiosos da teologia liberal, de uma
hermenêutica moldada pela mente relativista, baseada em conceitos mundanos, ou
ainda por linha doutrinária legalista. Algumas causas podem ser apontadas:
abandono do exame das Escrituras (Atos 17.11); ausência de reflexão bíblica (I
Timóteo 4.15); conformismo (Romanos 12.2); passividade e medo.
Em
meio a essa confusão teológica instalada em grande parte nos movimentos
neopentecostais, cujo ranço tem invadido também e se feito sentir em muitos
denominações tradicionais, podemos observar um declínio da fé em função da
ascensão da descentralização de Cristo e da centralização do homem como
motor de todas as coisas. Se de um lado a assim-chamada “teologia da
prosperidade” coloca o homem e suas ambições no centro, fazendo de Deus um
serviçal, de outro perfil o misticismo medieval (ausência de fé bíblica e
ênfase exagerada na experiência) busca na experiência sensorial, sentir Deus.
(Colossenses 2.23-3.1-3).
Onde
as Escrituras não são cridas como infalível Palavra de Deus inerrante,
conceitos liberais e antibíblicos surgirão para nortear as convicções, somado a
tudo isso o materialismo gerando a secularização da vida. Pensemos nisso com
profundo e sério discernimento neste tempo presente.
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