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Pr. José Barbosa de Sena Neto
Perguntamos: será que a
evangelização é um privilégio somente para pastores, evangelistas e
missionários? Se não, por que e como devemos evangelizar? Ainda hoje, a
evangelização é um grande desafio para todos nós, crentes em Jesus. Este tema
não se constitui como dos mais interessantes sobre a vida cristã muito mais nos
dias de hoje, caracterizado pelo descompromisso agravante da maioria da
membresia das igrejas locais. Hoje a proclamação é caracterizada e comandada
pela visão da prosperidade a qualquer custo...
Porém, ele é um dos principais
valores da fé cristã juntamente com a adoração e a edificação dos santos.
Segundo as Sagradas Escrituras, todos os regenerados constituem uma “raça eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. (I Pedro
2.9) Todos os nascidos de novo foram chamados por Deus para propagar os
louvores de Deus, ou seja, para dar testemunho.
De acordo com as Escrituras
Sagradas, a evangelização é indispensável para a salvação dos perdidos. O
apóstolo Paulo afirma: “aprouve a Deus
salvar os que creem pela loucura da pregação” (I Coríntios 1.21b) É por
meio da pregação do Evangelho que os pecadores são salvos. Através da pregação
do Evangelho, Deus comunica a fé salvadora aos homens perdidos. “E
assim, a fé vem pela pregação e a pregação da palavra de Cristo” (Romanos
10.17). Desta forma, a evangelização não é assunto para uns poucos
vocacionados, mas para pessoas que foram transformadas pela loucura da pregação
de nossa identificação com Cristo crucificado.
Evangelizar na sua definição
mais simples é pregar o evangelho. O Evangelho é uma boa nova de Deus para o
mundo. A implicação disso é que o evangelho tem, ao mesmo tempo, uma origem
divina (ele vem de Deus) e uma relevância humana (ele fala pelo ser humano
transformado). A grande tragédia do cristianismo nos dias de hoje não tem sido
a falta de evangelização, mas sim, de uma evangelização centrada em Deus.
O que tem predominado é uma
evangelização antropocêntrica, centrada no homem. O foco deixou se estar em
Deus, e passou a estar no homem. O resultado disso é a grande dependência de métodos e estratégias humanos ao invés da dependência total da graça de Deus.
A evangelização cedeu lugar para o proselitismo e o Evangelho transformador tem
sido substituído por sistemas religiosos ou conceitos de autoajuda. Há muitos
métodos ‘com propósitos’ e sem propósitos divinos, apenas
estratégias de marketing. Por isso tantas igrejas superlotadas de pessoas
vazias e sem vidas genuinamente transformadas pelo poder de Deus. Falta-lhes a
ação do poder de Deus, poder transformador.
Se realmente quisermos
conhecer e participar da evangelização, devemos retornar à Bíblia Sagrada. A evangelização
bíblica tem como ponto de partida Deus Pai e nunca o homem. Ela começa com
Deus, é por meio de Deus e é para Deus, “porque
dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas” (Romanos
11.36). Deus é o autor da
evangelização. As raízes da
evangelização estão fincadas na eternidade. Foi o Deus Trino quem arquitetou o
plano da salvação para ser executado em várias etapas, antes que o mundo
existisse.
Neste plano, Deus Pai devia
enviar seu Filho ao mundo para resgatá-lo do pecado, Deus Filho haveria de vir
voluntariamente ao mundo para se tornar merecedor da salvação por meio de sua
obediência até a morte, e Deus Espírito, aplicaria a salvação dos pecadores,
derramando sobre eles a graça renovadora.
A - Deus Pai, foi o grande
mentor da salvação e da evangelização. Foi Ele quem concretizou no tempo o
plano eterno da salvação, revelou sua execução no evangelho e estabeleceu o
evangelho como o meio indispensável de salvação. Ainda na eternidade, ele
comissionou o Filho para se tornar o redentor do mundo mediante sua morte
vicária na cruz e mediante a sua obediência perfeita. Em favor dos pecadores,
Deus planejou que o seu Filho nos resgatasse da maldição da lei, “fazendo ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).”
(Gálatas 3.13). Foi Deus quem inspirou os antigos profetas a predizerem a vinda
do Filho de Deus em carne para experimentar o sofrimento e depois a glória.
Nos dias da encarnação de
Jesus, ele enviou sobre Ele o Espírito Santo para capacitá-lo a realizar suas
obras. Deus Pai não poupou o Seu Filho Unigênito em favor dos pecadores. Foi
ele quem ressuscitou Jesus dentre os mortos. Foi ele também quem exaltou seu
Filho acima de todo o nome. (Filipenses 2.9-10).
B – Jesus também é autor da
evangelização. Jesus morto e ressuscitado constitui o tema central do
evangelho. Ele se dispôs voluntariamente diante do Pai a se tornar o salvador
dos homens. (Hebreus 10.7). Foi Jesus,
quem trouxe à luz a essência do evangelho (João 1.29). Nos dias de sua carne,
ele proclamou o Evangelho do reino de Deus. Ele deu responsabilidade aos seus
apóstolos e à sua igreja, após ter morrido e ressuscitado, inaugurando uma nova
dispensação. “Toda a autoridade me foi
dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”
(Mateus 28.19) Foi Ele quem deteve Saulo de Tarso, transformando-o, de
perseguidor da igreja, no maior missionário e evangelista cristão de todos os
tempos.
C – O Espírito Santo é o autor
da evangelização. É pela graça regeneradora do Espirito Santo e pela eficaz
aplicação do Evangelho feita pelo mesmo Espírito que o pecador chega ao
arrependimento e à fé. Foi o Espirito Santo quem moveu os homens do Velho
Testamento a falarem, “porque nunca
jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens
(santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro
1.21).
No Pentecostes, o Espírito
Santo veio sobre a igreja capacitando-a a conquistar o mundo para Cristo. O
Espírito é poder capacitador para a igreja testemunhar de Cristo. Ele
transformou Pedro de um covarde em um intrépido pregador do Evangelho. O
Espírito Santo foi ele quem guiou Paulo para Roma. É a terceira Pessoa da
Trindade quem preserva o Evangelho. Não fosse Ele, há muito tempo se teria perdido
o Evangelho. A própria igreja o teria destruído. Ele é o Espírito da verdade.
(João 14.16-17). Assim, não é a eloquência do pregador, nem a força de vontade
da pessoa não regenerada a razão da regeneração, mas sim, a operação da graça
do Espirito Santo.
Sim, a evangelização tem o seu
princípio em Deus e este é o principal motivo porque temos que evangelizar.
Sendo assim, precisamos entender que a evangelização é muito mais do que
evangelismo e missões; é mais amplo e, evidentemente, abrange o trabalho de evangelismo
e a obra de missões. Ela abrange tanto a dimensão externa como a interna da
igreja. Somente o Evangelho é capaz de motivar e capacitar uma nova criatura a
evangelizar. Somente uma pessoa que conhece o evangelho como experiência,
poderá evangelizar. Mas a verdade é que o Evangelho pregado culto após culto
dentro das igrejas é que nos fortalece e nos impulsiona a evangelizar. A
evangelização interna da igreja é tão fundamental como a dos não crentes. Uma
não acontece sem a outra.
Uma vez transformados pela
mensagem da morte e ressurreição de Jesus e de nossa morte e ressureição com
Ele, crescemos no conhecimento de Cristo pelo mesmo Evangelho. Quanto mais
mergulhamos no mar, mais percebemos a sua dimensão. Assim se dá com o
Evangelho. Cristo me atraiu, Cristo me crucificou, Cristo nos fez morrer,
Cristo nos ressuscitou, Cristo é minha vida, são as forças motivadoras da
verdadeira evangelização. Uma vez que isso se constitui na base de nossa
experiência cotidiana, fica muito mais fácil compartilhar e proclamar o
Evangelho.
Portando, se quisermos,
podemos nos envolver em projetos de evangelização da igreja local ou ainda
atuar como missionários em algum lugar distante. Não importa como pregamos o
Evangelho “a tempo e fora de tempo”, “quer seja oportuno, quer não” (II Timóteo
4.2), o que não podemos é nos calar, porque é da vontade de Deus salvar os que
creem pela loucura da pregação. Que assim o Senhor Deus nos capacite.
Amém!
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