domingo, 23 de setembro de 2012

A LOUCURA DA PREGAÇÃO..


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                                                               Pr. José Barbosa de Sena Neto


Perguntamos: será que a evangelização é um privilégio somente para pastores, evangelistas e missionários? Se não, por que e como devemos evangelizar? Ainda hoje, a evangelização é um grande desafio para todos nós, crentes em Jesus. Este tema não se constitui como dos mais interessantes sobre a vida cristã muito mais nos dias de hoje, caracterizado pelo descompromisso agravante da maioria da membresia das igrejas locais. Hoje a proclamação é caracterizada e comandada pela visão da prosperidade a qualquer custo...

Porém, ele é um dos principais valores da fé cristã juntamente com a adoração e a edificação dos santos. Segundo as Sagradas Escrituras, todos os regenerados constituem uma “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. (I Pedro 2.9) Todos os nascidos de novo foram chamados por Deus para propagar os louvores de Deus, ou seja, para dar testemunho.

De acordo com as Escrituras Sagradas, a evangelização é indispensável para a salvação dos perdidos. O apóstolo Paulo afirma: “aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação” (I Coríntios 1.21b) É por meio da pregação do Evangelho que os pecadores são salvos. Através da pregação do Evangelho, Deus comunica a fé salvadora aos homens perdidos.  “E assim, a fé vem pela pregação e a pregação da palavra de Cristo” (Romanos 10.17). Desta forma, a evangelização não é assunto para uns poucos vocacionados, mas para pessoas que foram transformadas pela loucura da pregação de nossa identificação com Cristo crucificado.

Evangelizar na sua definição mais simples é pregar o evangelho. O Evangelho é uma boa nova de Deus para o mundo. A implicação disso é que o evangelho tem, ao mesmo tempo, uma origem divina (ele vem de Deus) e uma relevância humana (ele fala pelo ser humano transformado). A grande tragédia do cristianismo nos dias de hoje não tem sido a falta de evangelização, mas sim, de uma evangelização centrada em Deus.

O que tem predominado é uma evangelização antropocêntrica, centrada no homem. O foco deixou se estar em Deus, e passou a estar no homem. O resultado disso é a grande dependência de métodos e estratégias humanos ao invés da dependência total da graça de Deus. A evangelização cedeu lugar para o proselitismo e o Evangelho transformador tem sido substituído por sistemas religiosos ou conceitos de autoajuda. Há muitos métodos ‘com propósitos’ e sem propósitos divinos, apenas estratégias de marketing. Por isso tantas igrejas superlotadas de pessoas vazias e sem vidas genuinamente transformadas pelo poder de Deus. Falta-lhes a ação do poder de Deus, poder transformador. 

Se realmente quisermos conhecer e participar da evangelização, devemos retornar à Bíblia Sagrada. A evangelização bíblica tem como ponto de partida Deus Pai e nunca o homem. Ela começa com Deus, é por meio de Deus e é para Deus, “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas” (Romanos 11.36).  Deus é o autor da evangelização.  As raízes da evangelização estão fincadas na eternidade. Foi o Deus Trino quem arquitetou o plano da salvação para ser executado em várias etapas, antes que o mundo existisse.

Neste plano, Deus Pai devia enviar seu Filho ao mundo para resgatá-lo do pecado, Deus Filho haveria de vir voluntariamente ao mundo para se tornar merecedor da salvação por meio de sua obediência até a morte, e Deus Espírito, aplicaria a salvação dos pecadores, derramando sobre eles a graça renovadora.         

A - Deus Pai, foi o grande mentor da salvação e da evangelização. Foi Ele quem concretizou no tempo o plano eterno da salvação, revelou sua execução no evangelho e estabeleceu o evangelho como o meio indispensável de salvação. Ainda na eternidade, ele comissionou o Filho para se tornar o redentor do mundo mediante sua morte vicária na cruz e mediante a sua obediência perfeita. Em favor dos pecadores, Deus planejou que o seu Filho nos resgatasse da maldição da lei, “fazendo ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).” (Gálatas 3.13). Foi Deus quem inspirou os antigos profetas a predizerem a vinda do Filho de Deus em carne para experimentar o sofrimento e depois a glória.

Nos dias da encarnação de Jesus, ele enviou sobre Ele o Espírito Santo para capacitá-lo a realizar suas obras. Deus Pai não poupou o Seu Filho Unigênito em favor dos pecadores. Foi ele quem ressuscitou Jesus dentre os mortos. Foi ele também quem exaltou seu Filho acima de todo o nome. (Filipenses 2.9-10).    

B – Jesus também é autor da evangelização. Jesus morto e ressuscitado constitui o tema central do evangelho. Ele se dispôs voluntariamente diante do Pai a se tornar o salvador dos homens. (Hebreus 10.7).  Foi Jesus, quem trouxe à luz a essência do evangelho (João 1.29). Nos dias de sua carne, ele proclamou o Evangelho do reino de Deus. Ele deu responsabilidade aos seus apóstolos e à sua igreja, após ter morrido e ressuscitado, inaugurando uma nova dispensação. “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19) Foi Ele quem deteve Saulo de Tarso, transformando-o, de perseguidor da igreja, no maior missionário e evangelista cristão de todos os tempos.

C – O Espírito Santo é o autor da evangelização. É pela graça regeneradora do Espirito Santo e pela eficaz aplicação do Evangelho feita pelo mesmo Espírito que o pecador chega ao arrependimento e à fé. Foi o Espirito Santo quem moveu os homens do Velho Testamento a falarem, “porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1.21). 

No Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre a igreja capacitando-a a conquistar o mundo para Cristo. O Espírito é poder capacitador para a igreja testemunhar de Cristo. Ele transformou Pedro de um covarde em um intrépido pregador do Evangelho. O Espírito Santo foi ele quem guiou Paulo para Roma. É a terceira Pessoa da Trindade quem preserva o Evangelho. Não fosse Ele, há muito tempo se teria perdido o Evangelho. A própria igreja o teria destruído. Ele é o Espírito da verdade. (João 14.16-17). Assim, não é a eloquência do pregador, nem a força de vontade da pessoa não regenerada a razão da regeneração, mas sim, a operação da graça do Espirito Santo.

Sim, a evangelização tem o seu princípio em Deus e este é o principal motivo porque temos que evangelizar. Sendo assim, precisamos entender que a evangelização é muito mais do que evangelismo e missões; é mais amplo e, evidentemente, abrange o trabalho de evangelismo e a obra de missões. Ela abrange tanto a dimensão externa como a interna da igreja. Somente o Evangelho é capaz de motivar e capacitar uma nova criatura a evangelizar. Somente uma pessoa que conhece o evangelho como experiência, poderá evangelizar. Mas a verdade é que o Evangelho pregado culto após culto dentro das igrejas é que nos fortalece e nos impulsiona a evangelizar. A evangelização interna da igreja é tão fundamental como a dos não crentes. Uma não acontece sem a outra.

Uma vez transformados pela mensagem da morte e ressurreição de Jesus e de nossa morte e ressureição com Ele, crescemos no conhecimento de Cristo pelo mesmo Evangelho. Quanto mais mergulhamos no mar, mais percebemos a sua dimensão. Assim se dá com o Evangelho. Cristo me atraiu, Cristo me crucificou, Cristo nos fez morrer, Cristo nos ressuscitou, Cristo é minha vida, são as forças motivadoras da verdadeira evangelização. Uma vez que isso se constitui na base de nossa experiência cotidiana, fica muito mais fácil compartilhar e proclamar o Evangelho.

Portando, se quisermos, podemos nos envolver em projetos de evangelização da igreja local ou ainda atuar como missionários em algum lugar distante. Não importa como pregamos o Evangelho “a tempo e fora de tempo”, “quer seja oportuno, quer não” (II Timóteo 4.2), o que não podemos é nos calar, porque é da vontade de Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. Que assim o Senhor Deus nos capacite. Amém!  

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