quarta-feira, 20 de abril de 2016

O trabalho do verdadeiro proclamador da Palavra.


II Coríntios 4.1-7

Meus amados companheiros:

Sempre é salutar examinar a Palavra de Deus para sabermos sobre o que ela nos diz, nos orienta, nos ensina.

O texto acima fala sobre o trabalho do evangelista, a utilização de métodos na evangelização e a necessidades da presença discreta do proclamador da mensagem. Leiamos, pois o texto acima.

Neste texto, entendo que Paulo está envolvido em uma descrição de sua pessoa e de sua obra, substanciando a sua autoridade apostólica e apresentando a sua metodologia. Fala-se muito hoje me ‘métodos de crescimento de igrejas’, mas será que estes métodos mirabolantes estão em total acordo com a Palavra de Deus ou apenas em métodos de homens e alicerçados em paradigmas desenfreados?

Neste texto acima mencionado, essa descrição é apresentada não como sendo uma faceta peculiar de sua personalidade, de caráter efêmero e temporal, mas como instrução mesmo. O desejo de Paulo é que os integrantes daquela igreja aprendessem com sua mensagem e método a definir as prioridades e a discernir o que deveria ou não ser aplicado. Senão vejamos.

Nesse sentido, ele inicia apresentando a primeira de duas realidades quer iria expor, e intercaladas por dois grupos de ações ou atitudes esperadas dos crentes, como consequência da reflexão sobre as realidades apresentadas.

A primeira realidade está no versículo 1. Ali lemos que o trabalho cristão não ocorre sem problemas. O ministério de Paulo era uma dádiva de Deus, segundo as suas misericórdias. Este ponto já substancia a origem do ministério e a situação do mensageiro: não vem em função das qualificações do pregador e muito menos de qualquer apelo à bondade ou justiça pessoal, mas unicamente pelas misericórdias de Deus. A execução desse ministério, de origem divina, não havia sido nem era fácil. Paulo diz que ele não desfaleceu. Isso é uma indicação que por vezes esteve prestes a passar por tal situação, talvez em função da grande rejeição de sua mensagem, como lemos nos versículos 3 e 4, mas, no conjunto final, foi sustentado pela graça de Deus.  

Com essa convicção, de que o ministério procede de Deus e que este mesmo Deus sustenta, Paulo passa a enumerar o primeiro grupo de atitudes que estavam presentes em sua vida e que devem estar presentes na vida do evangelista fiel. Essas atitudes estão todas contidas no versículo 2 e são, vejamos:

a)   A rejeição do mal explicito. Paulo as chama de “coisas vergonhosas”. São questões e situações tão evidentes que até no conceito dos descrentes são identificadas como questões erradas e pecaminosas. Tais coisas não têm lugar na vida do mensageiro de Deus, pois elas são incompatíveis com a mensagem e agem, na realidade, de forma prejudicial ao evangelho.
b)  A não utilização da astúcia. Paulo vai além e indica que o evangelista fiel não apenas rejeita as coisas claramente erradas, mas também evita aquelas situações sutis, que podem ser alvo de dupla interpretação, que não espelham transparência – isto é: as artimanhas, os truques, o enganar a alguém, ou o fazer qualquer obra com vistas a resultados sem considerar a correção das ações, não devem fazer parte da metodologia do servo fiel. Este é um ponto mais desrespeitados na cena contemporânea da transmissão da mensagem. E isso também acontece em nosso meio. Em função de uma falsa compreensão do que seja a conversão – ela não é considerada um milagre da parte de Deus, mas também apenas a eficaz aplicação de técnicas humanas de persuasão psicológica – procurar-se não se “perder tempo”, não se deixar “as oportunidades fugir”. Assim, muitos pensam a ter uma visão pragmática da pregação, onde o “vale tudo” tem toda a ênfase, desde que supostos resultados sejam alcançados. Por isso em nossas igrejas locais espalhadas por aí afora, estão cheias de pessoas vazias, incluindo pastores, que nunca “nasceram de novo”, nunca tiveram suas vidas transformadas milagrosamente e, em razão disso, pensam que estão salvas, mas que na realidade, podem estar caminhando recreativamente para o inferno. Esta é uma realidade triste, mas é uma realidade.
c)   O não adulterar a Palavra de Deus. A versão corrigidas de Almeida traz não falsificar, o que também é uma tradução veraz do texto original. Apesar de termos aqui uma situação paralela à anterior, o significado é expandido. O termo significa, na realidade, utilizar isca de peixe. É interessante que a Palavra de Deus compara o pregar e a conversão à uma pescaria, mas é a pesca com redes e não com anzol e iscas: os peixes são compelidos a vir ao pescador, não enganados com uma falsa refeição, que é o que ocorre no caso da isca e do anzol. Prestemos muito bem a devida atenção sobre este fato, esta estratégia pode ser muitas das vezes enganosa.
d)  O confiar que a consciência das pessoas será atingida pela manifestação da verdade. Para Paulo, o mal explícito era impensável e as artimanhas, as iscas, as astúcias, ou até mesmo o adulterar da Palavra, era inconcebível e desnecessário. Isso ocorria exatamente porque a sua confiança estava não nos métodos falíveis humanos, mas na certeza, dada por Deus, de que a manifestação da verdade atingiria os propósitos divinos. Daí o seu zelo e atenção dada ao conteúdo. A transmissão tinha de ser das verdades de Deus e nada mais que isso. Apernas isso. Nada de astúcias e de métodos humanos. Muitos falsos mestres de hoje afirmam que suas doutrinas são baseadas na Palavra de Deus, mas tais mestres usam a Palavra de maneira enganosa. Podemos provar qualquer coisa pela Bíblia, distorcendo as Escrituras fora do contexto e rejeitando o testemunho da própria consciência. A Bíblia é uma obra literária, sobre a qual devem ser aplicadas as regras fundamentais de interpretação. Se as pessoas tratassem outros livros da maneira como tratam a Bíblia, jamais aprenderiam coisa alguma.   

Por que os falsos mestres eram tão bem-sucedidos em granjear convertidos? Porque Satanás cega a mente do pecador, e o ser humano decaído tem mais facilidade em acreditar em mentiras do que crer na verdade. Vejam II Coríntios 4. 3-4 lendo o texto com bastante atenção. O mais triste é que Satanás usa mestres religiosos para enganar as pessoas. Muitos dos que hoje pertencem a seitas eram membros de igrejas cristãs, sabíamos disso?

Nos versículos 3 e 4 Paulo apresenta uma segunda realidade. Ela é: o evangelho sempre será encoberto aos que se perdem. Cabe ao evangelista a execução fiel de sua tarefa e a apresentação cuidadosa da mensagem, descansando os resultados nas mãos de Deus. Longe de ser uma razão de desespero ou de impotência, essa constatação nos leva a uma atitude de ação de graças, pois o posto é igualmente verdade: o evangelho é para todos, mas aos que há de ser salvos, o evangelho fará sentido e provocará resposta positiva. É muito importante, então, essa nossa compreensão: quando o Espírito Santo opera na vida do homem, a graça de Deus o atraia e ele vem para os braços do Senhor. Foi assim que aconteceu comigo!  

Finalmente, nos versículos 5 a 7, temos o segundo grupo de atitudes. O que fazemos, perante a realidade da constante rejeição do Evangelho? Desesperamos? Ficamos sentados, de braços cruzados, aguardando Deus realizar a obra? Ou será que vamos atrás de métodos pragmáticos, humanos? Ou procuramos nos autopromover? Não! Paulo nos aconselha a fazermos assim, mas ele nos instrui a:

a)   Tirarmos toda ênfase de nossas pessoas. No versículo 5 ele reafirma: “não pregamos a nós mesmos”. Contrariamente à autopromoção tão frequentemente observada hoje por aí afora, nos dias de hoje. Paulo coloca-se na retaguarda da mensagem, não canalizando as atenções para si.
b)  Ainda no versículo 5, Paulo admoesta que devemos pregar simplesmente a Cristo Jesus como Senhor. Não há necessidade de acrescemos nada à simples mensagem do Evangelho – se é que estamos pregando o Evangelho mesmo ou simplesmente apontamentos sociológicos e psicológicos. E o verdadeiro evangelho é a pregação da pessoa de Cristo Jesus e este crucificado.  
c)   Confiar em Deus fará resplandecer luz das trevas (v. 6). Reafirmando a confiança na manifestação da verdade, anteriormente já expressa.
d)  Estarmos consciente de nossa fragilidade. No versículo 7, Paulo classifica a si mesmo, e a nós outros, como “vasos de barro”. Somos "vasos de barro" para que Deus nos use. Somos "vasos de barro" para que possamos depender do poder de Deus, não das nossos forças pessoais. Paulo passa à humildade do "vaso de barro"; é o tesouro dentro do vaso que lhe dá seu valor! Assim sendo temos que atribuir o poder conversor de Deus e não na nossa inteligência, metodologia ou sistema.

Por fim, esta apresentação lúcida de Paulo deve nos levar à uma reflexão profunda sobre a forma de apresentação das verdades divinas.

Eu vos pergunto: como estamos manuseando a mensagem de Deus? Estamos direcionando as atenções dos homens a Cristo, ou a nossa própria pessoa? Estamos confiando no poder de Deus e de Sua Palavra, para a conversão das pessoas perdidas e para a construção do Seu Reino?

Só você e eu, pudemos dar estas respostas com bastante sinceridade diante do Senhor nosso Deus!

Que Ele nos abençoe, ricamente.

Pr. Barbosa Neto  


Fortaleza – CE.               

Um comentário:

Arthur Olinto disse...

Olá, pastor. Gostaria de saber sua opinião sobre este texto, de uma pessoa que fez uma jornada inversa a sua. http://documents.scribd.com.s3.amazonaws.com/docs/6yosunehhc3mn07f.pdf

Abraço.

Paz de Cristo.

Arthur