sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

COMO ERAM CONSIDERADOS OS PROFETAS?

* Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br


Na Igreja apostólica os profetas do Antigo Testamento eram tidos na mais alta conta. Por serem pessoas de tão alta importância na vida do povo de Deus, não faltavam aqueles que quiseram, mesmo sem o devido chamado, passar-se por profeta. O falso profeta sempre foi um grande perigo para o povo de Deus.

O apóstolo Paulo perguntou ao rei Agripa, quando discursava perante ele em sua defesa: “Crês tu nos profetas, ó rei Agripa?” (Atos 26.27). Acreditar nos profetas é uma afirmação de fé na Revelação de Deus. Nós, os crentes em Jesus Cristo, cremos nos profetas, como fiéis instrumentos de comunicação dos ensinos eternos. Para isto eles foram separados, alguns, antes do nascimento, como Jeremias (1.5), chamados e ungidos (I Reis 19.16), o que significava o especial cuidado de Deus para com seus enviados. Por esta razão, há na Bíblia a solene recomendação: “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal” (II Crônicas 16.22).

Quando o povo de Deus estava no deserto, três príncipes de Israel se ajuntaram contra Moisés e Arão e lhes disseram: “Basta-vos... por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?”(Números 16.3). Estes homens disseram coisas tremendas contra Moisés e Arão, os ungidos do Senhor. O castigo não se fez esperar, foram punidos com morte trágica.

Modernamente, muitos estudiosos da Bíblia têm desfigurado, em nome da ciência, a função dos profetas. Para eles os profetas foram instrumentos grosseiros que longe estiveram do ideal de Deus. Suas mensagens, dizem eles, tiveram erros éticos indesculpáveis, além de falhas em muitas figuras de linguagem que usaram. Nós não cremos assim. Eles foram homens sujeitos às mesmas fraquezas que nós, é fato, mas foram ungidos pelo Espírito Santo, nas verdades que transmitiram. Cremos que o Espírito de Deus atuou de modo sobrenatural sobre suas mentes, sem violentar, em qualquer sentido, suas faculdades mentais, assegurando a clara e indeturpável expressão da vontade de Deus. Ora, se a Palavra de Deus não merecer de nós essa confiança, ela perderá a sua autoridade, como expressão exata da vontade divina.

Moisés foi um profeta singular na história de Israel. Deus falou-lhe face a face como se fala a um amigo (Êxodo 33.11). Neste particular ninguém foi como ele. O chamado de Deus, claro e irresistível, marcou a vida de cada profeta. A Jeremias, Deus lhe falou claramente ( Jeremias 1.5). A Jonas da mesma forma (Jonas 1.2). A Amós, também, fala do seu chamado nestes termos: “Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômeros. Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel” (Amós 7.14-15). A Samuel, quando ainda era bem menino, Deus lhe falou em voz audível, a mensagem que deveria dar a Israel (I Samuel 3.1-21).

As mensagens dos profetas eram o selo do seu chamado divino. Mas, houve momentos em que eles realizaram coisas prodigiosas como fazer descer fogo do céu (I Reis 18.20-40) ou um machado flutuar sobre as águas (II Reis 6.1-7). Eliseu, com um pouco de sal num prato, tornou potáveis as águas de Jericó, que eram más (II Reis 2.19-22). São por demais conhecidos os prodígios feitos por meio de Moisés durante os quarenta anos durante os quais conduziu com firmeza o povo de Israel. Elias pediu que não chovesse e por três anos e seis meses não choveu; depois, pediu chuva e as águas voltaram a regar a terra (I Reis 17.1; 18.41-46). Ele multiplicou o azeite da viúva de Serepta e ressuscitou o seu filho (I Reis 17.8-24). Tais poderes extraordinários lhe foram concedidos como provas da autenticidade do seu chamado. Até os ossos de Eliseu tiveram poderes miraculosos para ressuscitar a um morto que foi colocado em sua sepultura (II Reis 13.20-21).

A mensagem era a coisa mais importante no profeta, pois ela fazia parte da revelação de Deus e era o meio de que o Senhor se servia para orientação espiritual do povo. Duas coisas indicavam a procedência da mensagem dos profetas: primeiro, era de Deus, todo o povo sentia o seu impacto, sua palavra ungida calava fundo nos corações. Quando havia pecado, o povo sentia e pranteava suas culpas; quando desanimado, sentia-se consolado. A própria mensagem mostrava, por si mesma, se procedia de Deus, ou não. Outra maneira de se saber se a mensagem profética procedia de Deus, era pelo cumprimento do que se dizia. Tudo que o menino Samuel falou, cumpriu-se in totum! Isaías, quando Jerusalém estava cercada por Senaqueribe, profetizou a vitória de modo miraculoso (II Reis 19.6-7) e tudo se cumpriu como foi dito (II Reis 19.35-37).


Em Samaria, quando sitiada pelos exércitos sírios e em grande miséria, o profeta Eliseu profetizou que no dia seguinte, às mesmas horas, tudo estaria completamente mudado (I Reis 7.1) e tudo se cumpriu em menos de vinte e quatro horas! (II Reis 7.16-20). Bem diferente da palavra dos ‘profetas’ de hoje, cuja suas ‘profetadas’ jamais se cumprem!

Outras profecias se cumpriram em período mais longo de tempo, mas muitas delas se concretizaram em fatos que os próprios ouvintes presenciaram, atestando a veracidade da mensagem profética. As mensagens dos profetas ainda falam de modo poderoso ao coração dos crentes de hoje, e todos temos presenciado o cumprimento de muitas delas nos dias que passam! Bendita Palavra!


* pastor batista, foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos, é autor do livro "Confissões Surpreendentes de um -ex-Padre", é conferncista, missionário na cidade do Crato-CE.

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