Pr. José Barbosa de Sena Neto
pastorbarbosaneto@yahoo.com.br
No decorrer de todos estes anos que assino esta coluna, meus leitores já devem ter percebido que dificilmente perco meu escasso tempo para preenchê-lo com assuntos que envolvem a assim-chamada “Igreja Católica Romana”. Esta coluna nunca se propôs a ser apologética. Nunca. Frustrados estão os que assim pensavam ou esperavam que ela assim o fosse, em se tratando ser o colunista um ex-padre católico romano. Lamento a frustração causada a muitos!
Desde quando saí do Romanismo movido por uma convicção inabalável, daquela organização me distanciei de forma diametralmente oposta, pouco me interessando por assuntos que não me dizem respeito. Foi um posicionamento tremendamente radical e nisso sou xiita com todas as letras e não procuro esconder a realidade deste meu posicionamento.
Inúmeros têm sido os e-mails recebidos vindos dos mais distantes pontos do território nacional, que me ‘cobram’ em favor de uma posição apologética enérgica e acirrada sobre assuntos romanistas. No entanto, tenho preferido muito mais ir à contramão, trazendo a lume artigos inspirativos sobre a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Porque falar dessa “igreja”, na qual servir por mais de 34 anos, 22 dos quais como sacerdote romano, é lhe fazer propaganda e, neste aspecto, confesso que não nutro nisso nenhum interesse por menor que seja...
Mas quando me vem ao conhecimento que um povo chamado ‘batista’, que se faz representar em nome da assim-chamada “Aliança Batista Mundial”, usando sua política apóstata para expor o povo Batista espalhado pelo mundo todo, sem dele receber para tal autorização, o meu silêncio precisa ser quebrado a fim de lançar de pronto meu repúdio e a minha indignação. E assim o faço sem pedir licença a quem quer que seja.
Não é de ontem que esta organização ostensivamente espúria e traidora vem realizando etapas de ‘diálogo’ com o Vaticano em plena luz do dia entre os anos de 1984 e 1988, respectivamente, e isso deve se estender anos a fio... Batistas fiéis têm se levantado contra a estas manobras apóstatas, e são rechaçados e maltratados e espezinhados abruptamente, até mesmo de reuniões oficiais, por queremos lançar o seu protesto digno e honroso.
E, pasmem meus amados, dentre estes apóstatas, se destaca a figura do seu então presidente, outrora titular de uma das maiores igrejas batistas do Grande Rio, acolitado por outro grande expoente da constelação dos notáveis, titular de uma das mais importantes igrejas batistas do estado do Rio de Janeiro. E o mais grave de tudo isso é que essa gente se arroga no direito recreativo de representar a TODOS os batistas que fazem parte integrante da Convenção Batista Brasileira, comprometendo assim o bom nome de igrejas batistas locais que ainda dela fazem parte, as quais são fiéis e respeitáveis, que lutam em prol da sua identidade histórica e bíblica, irmanada com a sua fidelidade à sã doutrina, principalmente. A estes Batistas que respeitamos e amamos, nos irmanamos à sua vergonha e lhes estendemos a nossa destra de solidariedade, com justiça. Doa a quem doer...
Enquanto isso, a Convenção Batista Brasileira, na pessoa de seus responsáveis e liderança maior, simplesmente silencia, com se nada houvesse acontecido! E o adágio popular, com muita propriedade, assim sentencia: “Quem se cala, consente...”. Consente, concorda, cala, assina em baixo...
Recebi recentemente um e-mail de certo pastor batista, no qual me afirmava: “Pr. Barbosa, não o conheço pessoalmente, mas o respeito muito. Todavia, creio que o diálogo (entre católicos e batistas) deve existir, não só entre os cristãos, mas devemos dialogar com todos. Jesus assim (o) fez. Ele chegou (a) dizer para os discípulos que aqueles que não são contra nós é por nós...” (sic). Diálogo, segundo o bom vernáculo, é fala entre duas ou mais pessoas. É conversação. É troca de opiniões dentre as contrárias. Mas aos pés e sob o báculo do Papa Joseph Ratzinger não houve isso! O que aconteceu na chocante e vergonhosa audiência pontifícia do dia 06 de dezembro de 2007, na Cidade do Vaticano, a que a delegação da Aliança Batista Mundial se submeteu, em nome do ‘diálogo’, foi simplesmente subserviente a uma mensagem ‘evangelística’ do atual papa, para a ‘conversão’ das ‘ovelhas desgarradas batistas’, ali solenemente representadas e, ao mesmo tempo, representando um povo que não os autorizou assim e assim fazê-lo, como ‘vaquinhas de presépio diante do todo-poderoso que se auto-intitula “vigário de Cristo” na terra.
O que nos causa espanto e repúdio, é que homens que deveriam defender e zelar pela sã doutrina, se deixam ‘evangelizar’ pelo chefe do Catolicismo Romano, o qual defende um evangelho falsificado. A Igreja de Roma sempre afirmou às claras, que “Cristo constituiu sobre a terra uma única Igreja e instituiu-a como grupo visível e comunidade espiritual, que desde a sua origem e no curso da história sempre “Existe e existirá”, e que “Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica (Romana), governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele”, a qual é detentora dos sacramentos que se dizem conduzir seus fiéis à salvação e jamais ela dividirá esta afirmação canônica com outros demais grupos.
Roma nunca modificou seus dogmas ao longo de sua história, no decorrer dos séculos de sua existência, como instituição surgida no ano de 1054, por ocasião do histórico Grande Cisma. E aí está o Concílio Vaticano II a declarar solenemente que seus ensinos são “irreformáveis”.
O Papa Joseph Ratzinger não escondeu a sua face ao afirmar aos ‘batistas ali presentes, o suposto ‘vigário de Cristo’, que o tema ali evocado –“A Palavra de Deus na vida da Igreja: Escrituras, Tradição e Koinonia” – “oferece um contexto promissor para examinar estas questões historicamente controvertidas, como a relação entre Escritura e Tradição, a compreensão do Batismo e dos sacramentos, o lugar de Maria na comunhão da Igreja e a natureza do primado na estrutura ministerial da Igreja”, como sendo uma diferença dos ‘batistas’ que precisaria ali ser “tratada”.
É muito provável que a Aliança Batista Mundial esteja ardentemente desejosa em se unir com os católicos, em “prol do bem comum”. Certamente, isso explicaria inclusive as pressões vindas de cima para baixo, dentro da Convenção Batista Brasileira, contra a doutrina da Igreja local e contra a independência das igrejas locais.
Esperamos que na próxima 88ª Assembléia da Convenção Batista Brasileiro, a realizar-se nos dias 18 a 22 de janeiro de 2008, em São Luís - MA, os delegados consigam abrir um espaço para comentar este fato e que a liderança possa se posicionar oficialmente diante deste “avanço” ecumênico vergonhoso e apóstata, atendendo ao clamor dos batistas fiéis que dela ainda fazem parte. Por hoje, sem mais nenhum comentário, pois o que foi dito acima, já chega para o nosso espanto e a nossa decepção, e aqui ficamos no aguardo do desenrolar dos fatos. Voltaremos ao assunto, se Jesus antes não voltar, diante dos “sinais dos tempos”.
pastor batista, ex-sacerdote católico romano, autor do livro "Confissões Surpreendentes de um ex-Padre", conferencista.
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